sábado, 11 de abril de 2009

Sobre Perfis

O perfil não tem obrigação de se portar como biografia. É um texto curto que revela alguns momentos da vida do personagem. Os perfis podem ser feitos sem contato com o próprio personagem, no caso do mesmo já estar morto ou quanto é inacessível ou intolerante a entrevistas. Vejam este exemplo de um curto perfil do diretor Alfred Hitchcock, publicado na revista Carta Capital, em agosto de 2008 :

O Humor Trágico de Hitchcock, por José Onofre

Alfred Hitchcock era um humorista com um sentido trágico da vida e isso ficou marcado nos 50 filmes que realizou em 54 anos de trabalho. Boa parte da crítica sempre negligenciou essa obra, considerando um simples entertainer malicioso, especializado em aterrorizar platéias com um estilo de filme tortuoso. Hitchcock ampliou seu trabalho e seu carisma criando em torno de si a imagem de um meticuloso e generoso criador de diversões. Quem ia ver Hitchcock ia para sentir sensações novas.
Ele dizia que as pessoas iam ao cinema ver a vida refletida na tela. E perguntava: "Mas que tipo de vida? O tipo de vida que não é nossa, é claro. Ou a nossa vida, mas com uma diferença: e a diferença consiste nas alterações emocionais que, por conveniência, chamamos de thrills. Nossa natureza é de tal ordem que precisamos dessas sacudidelas ou, do contrário, ficamos moles." Ele conclui que o sistema de proteção de nossa civilização "nos resguarda tanto que é impraticável experimentarmos emoções suficientes em nossa própria pele. Assim sendo, temos de vivenciá-las artificialmente. E o cinema é o melhor meio para isso."
Firmado esse ponto, Hitchcock se coloca a questão imediata: que tipo de história tem essa emoção que o cinema deve oferecer ao seu espectador? E avança: "Uma história de amor. Um homem encontra a sua garota, eles se apaixonam, ela desaparece e ele precisa encontrá-la."
Com esse ponto fixado, ele vai buscar as variações, E descobre um ponto em comum, entre elas, seja num filme policial, de guerra, num western ou num filme de terror. Há sempre um perseguidor, um perseguido e a palavra que unifica situações tão diferentes é "caçada". Enquanto um enredo tiver fuga ou perseguição, pode ser considerado uma forma de caçada. Ele acha que, em suas várias formas, a caçada corresponde a 61% da construção de todos os enredos do cinema.

Para ver outro tipo de perfil sem consulta com o próprio personagem central, leia o texto A prática da reportagem, de Ricardo Kotscho, disponível na xérox. Lá se encontra um trecho do perfil de Elis Regina, posterior à sua morte.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Algusn pontos sobre a pauta

Considerada por muitos autores como um recurso organizacional estratégico das redações dos maiores jornais do país, a pauta é o elemento base para analise do processo de produção da notícia. Trata-se da sua reflexão prévia, do planejamento que irá nortear o jornalista durante as demais etapas do processo de produção do jornalismo do qual também fazem parte a captação e apuração da notícia.

Entre as vantagens do planejamento da edição pode-se citar a garantia de uma interpretação menos imediata dos fatos e a diminuição dos gastos e esforços durante a captação da notícia. Entretanto, deve-se tomar cuidado para que o excesso de rigidez na fase de planejamento não acarrete em distorções dos fatos em prol da manutenção e divulgação de idéias prontas, impedindo o jornalista de atuar espontaneamente, de acordo com seus impulsos e “intuições”.

No texto "Pauta", o professor Pedro Celso Campos faz uma síntese do assunto, abordando o conceito, histórico e probelmatizando a questão da liberdade do jornalista mediante o planejamento detalhado que a pauta lhe impõe. Vale a pena dar uma olhada e relembrar um pouco do que foi abordado em classe.


http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/Pauta.htm

quarta-feira, 8 de abril de 2009

E os perfís humanistas, cadê?

Sergio Vilas Boas no texto, Perfis e Como Escrevê-los, faz um comentário muito interessante sobre como as revistas de hoje fazem pouco uso dos perfis humanistas, sem os recursos literários de antigamente e com poucas observações do autor sobre a personalidade dos personagens, e comenta os perfis de hoje, na maioria das vezes, mais interessados em celebridades e intrigas.
Saudosismo ou não, os perfis literários e com lados humanistas, para mim, são mais envolventes e enriquecedores que os perfis mais objetivos. Basta escolhermos agora qual caminho iremos seguir e qual deles tem mais a cada da Lupa.