terça-feira, 15 de setembro de 2009

Novo Jornalismo - Gay Talese

A história mais conhecida é que o Jornalismo Literário, ou Novo Jornalismo, sugiu nos anos 60 com o manifesto escrito por Tom Wolfe. Entretanto, muitos são seus precursores, seja com Trumam Capote com A sangue frio, quer com Os sertões de Euclides da Cunha, ou John Reed em Os dez dias que abalaram o mundo. A verdade é que Literatura e Jornalismo sempre se relacionaram, mesmo que indiretamente, a exemplo dos folhetins. O estilo surgiu como uma alternativa à imposição do lead e às regras de objetividade do texto jornalístico e tem como principais líderes Gay Talese e John McPhee.


Para saber mais, confira Gay Talese em conversa com o jornalista Mario Sérgio Conti na FLIP 2009:

http://www.youtube.com/watch?v=B9pFkydLBUw

Claudio Tognolli

Jornalista e professor doutor da ECA-USP e do Unifiam-Faam, Claudio Tognolli é uma das principais referências brasileira da Vertente Gonzo, também conhecida como Jornalismo Infiltrado. Tognolli já realizou diversos trabalhos nesse sentido, muitos para a Folha de São Paulo, sendo que em uma de suas "façanhas" fez-se passar por segurança de Michael Jackson no Brasil e pode sentar do seu lado no carro. O jornalista tem uma definição paritcular para esse estilo: Jornalismo Quântico. “Essa teoria se aplica assim ao jornalismo: não se identifique como repórter. Interaja como ator do fenômeno que você reporta. Alguém já chamou a isso de jornalismo gonzo. Eu chamo de jornalismo quântico”, define Tognolli. Os artigos do jornalista

Claudio Tognolli também são publicados todas as quintas-feiras no portal da América On Line – http://noticias.aol.com.br/colunistas/claudio_tognolli/


Confira uma entrevista concedida a Jô Soares, em duas partes:


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Crônica Esportiva

Função específica do Jornalismo Esportivo, a crônica esportiva traz o relato de um jogo ou competição, com seus lances, histórias de bastidores, declarações e prognósticos escritos pelo jornalista num tom mais leve e literário.
A crônica esportiva trabalha com as paixões despertadas pelas atividades esportivas, com decisões, frases e outros aspectos comuns a jogos e competições, além de criticar as posturas de atletas, técnicos, presidentes de clubes e entidades esportivas, após fazer uma análise dos fatos abordados em seu texto.
No Brasil, esse gênero é mais frequente no futebol, com descrições dos jogos de forma mais poética, lírica; mesmo assim, trazendo uma certa impessoalidade para que o produto final da crônica não se torne um conto.
Os blogs que priorizam tal conteúdo estão espalhados pela Internet. Um deles é o de Lédio Carmona, que trabalhou no "Jornal do Brasil", "O Globo" e "Diário Lance". Foi repórter, editor e colaborador da Revista Placar e chefe de reportagem da TV Globo. Atualmente é comentarista do SporTV e blogueiro do GloboEsporte.com. Faz análises sobre futebol.

Endereço: http://colunas.sportv.globo.com/lediocarmona

Aproveitem!

Crônica Política

A crônica política é a forma limite do jornalismo político - que trabalha com a investigação do poder, suas implicações em outras áreas e os escândalos constantes nas instituições governamentais. Ela procura antecipar fatos, revelar tendências e analisa a situação de forma mais detalhada, precisa, mas produzindo um texto com caráter mais livre, leve, por vezes flertando com a literatura. O cronista, entrando em contato com algum aspecto da política, trata de captar todos os elementos contraditórios e as várias versões desse acontecimento, buscando trazer uma visão sobre o fato político em voga.
Além das colunas publicadas em jornais e o espaço dado a comentaristas políticos na televisão e na rádio, outro espaço onde a crônica política está presente é na blogosfera. Um exemplo de blog com conteúdo político é o de Josias de Souza, colunista da "Folha de São Paulo".
Ele trabalha há 20 anos como jornalista da "Folha", publicou o livro "História Real" em co-autoria com Gilberto Dimenstein, cujo tema são os bastidores da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência; e ganhou o prêmio Esso de Jornalismo em 2001 (Regional Sudeste) pela série de reportagens "Os Papéis Secretos do Exército".

Endereço: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

Aproveitem!

domingo, 13 de setembro de 2009

Vertente Gonzo


O Jornalismo Gonzo, surgido na segunda metade dos anos sessenta, é uma versão mais radical do Novo Jornalismo criada e popularizada por Hunter S.Thompson, um excêntrico e brilhante repórter da revista Rolling Stone. Segundo Hunter, era preciso provocar o entrevistado para que a reportagem rendesse, sem medir as consequências, por mais perigosas que fossem. Para ele, é preciso viver as reportagens para poder retratá-las. Sob essa perspectiva, Hunter imortalizou-se em sua obra : Fear and loathing in Las Vegas (Medo e delírio em Las Vegas), tornando-se ícone da contracultura norte - americana. E o Jornalismo Gonzo espalhou-se por inúmeras revistas: Playboy, Rolling Stone, Vanity Fair etc. De modo acadêmico, Felipe Pena, autor de Jornalismo Literário, define a vertente Gonzo como um envolvimento profundo e pessoal do autor no processo da elaboração da matéria, em que a marca principal é escarnear a questão da impossível insenção jornalística tanto cobrada, elogiada e sonhada pelos manuais de redação. O autor é o próprio personagem, onde a irreverência, o sarcasmo, exageros e opiniões são caracteres visíveis. No Brasil, o estilo tem alguns adeptos como o repórter Arthur Veríssimo da revista Trip (acesse http://revistatrip.uol.com.br/revista/arthur-verissimo ). E porque não colocar o CQC, programa exibido pela tv Bandeirantes às segundas a partir da 22h15 e aos sábados a partir das 23h45, nessa categoria? Esse programa é jornalístico?

Assista a um vídeo produzido pelos alunos de comunicação da Universidade Federal do Amazona referente ao Jornalismo Gonzo:
Fear and Loathing in Ufam


Leia também uma entrevista de Arthur Veríssimo ao Diretório Acadêmico: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=398DAC006

sábado, 12 de setembro de 2009

O Jornalismo Investigativo e seus riscos

No seminário sobre reportagem nós falaremos sobre jornalismo investigativo, talvez o mais cobiçado e arriscado ramo do jornalismo. Para introduzir o tema, eu estou postando esse vídeo. É uma entrevista com a Diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Ivana Moreira, e o Coordenador do Curso de Jornalismo da UNI-BH, Murilo Marques. Eles falam dos riscos desse ramo e citam como exemplo o caso "Tim Lopes". Quem entrevista os dois é José Eduardo Gonçalves. Enfim, ASSISTAM!!!



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Slides do Seminário Perfil Jornalístico

Para todos os que assistiram - e também para os que não assistiram - à apresentação do seminário Perfil Jornalístico segue os slides utilizados pela equipe composta por Vitor Andrade, Marília Moreira, Tayana Alves, Camila Camilo, Henrique Mendes, Thaís Caribé e Fernanda Aragão.


terça-feira, 8 de setembro de 2009

E a piauí?



Citada em muitas das nossas pesquisas como um dos veículos que se destacam na produção de perfis jornalísticos, a revista piauí também é relacionada - por críticos e leitores - ao Jornalismo Literário. Mas qual a opinião de João Moreira Salles (um dos idealizadores e editores) a respeito dessas associações e do cenário atual do jornalismo?


**Vale a pena conferir o vídeo da postagem anterior - de Humberto Werneck - e tentar estabelecer um diálogo entre as duas visões.

Como a Literatura pode contribuir para o Jornalismo?

A relação do Jornalismo com a Literatura apesar de fértil, é conflituosa. No vídeo abaixo, o jornalista e escritor Humberto Werneck revela opiniões sobre o cenário atual do jornalismo, das pautas pouco criativas e das amarras provocadas pela agenda.

A discussão exposta não está relacionada somente ao seminário sobre o perfil - gênero que mais manifesta a relação -, mas à toda escritura jornalística.

Perfis de pessoas comuns

Não só as celebridades são alvo para os perfis. Como diz Ricardo Kotscho em seu livro "A prática da reportagem", publicado em 2005, "há personagens incríveis por aí, que também dão belos perfis, porque afinal não se pode viver só das Sônias Bragas" (p.45). Perfis de pessoas comuns são destaque no portifólio do jornalista baiano Pablo Reis. Confira alguns perfis escritos por ele em seu site.
http://correlatos.zip.net/

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Perfil da Rita Lee



O perfil é um gênero jornalístico que possui muitas influências das técnicas literárias. Sua relação com o New Journalism norte-americano pôde ser explicitada em revistas como a Esquire, Vanity Fair, The New Yorker e Life.

O perfil exige o suporte revista para ser veiculado; enquanto o leitor de jornais firma um "contrato" que visa à rapidez e à notícia (hard-news), a natureza do "contrato" assinado pelo leitor de revistas está relacionada ao interesse por uma leitura mais descontraída e prazerosa.

A revista Rolling Stones brasileira começou a ser publicada em Outubro de 2006 e é uma das poucas que preservam o gênero e que conseguem conferir a natureza autoral que lhe é intrínseca.

Abaixo, segue o link de um perfil da Rita Lee feito pelo jornalista Marcus Preto e veiculado na Edição 15 (Dezembro/2007). Observe a dificuldade e a delicadeza exigida na escritura de um perfil...

http://www.rollingstone.com.br/edicoes/15/textos/nao-nasci-para-casar-e-lavar-cuecas-revela-rita-lee/

Perfil de Roberto Carlos

O perfil de Roberto Carlos, escrito pelo jornalista Roberto Freire, e publicado na Revista Realidade em novembro de 1968, foi citado por Sergio Vilas Boas no texto "Perfis e como escrevê-los". Encontramos o texto completo no site Portal do Rei! Pra dar uma olhadinha nele é só clicar no link abaixo!

www.clubedorei.com.br/Articles/detail.asp?iData=68&iCat=746&iChannel=2&nChannel=Articles

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

entrevista despreparada

exemplo de boa entrevista

ENTREVISTA COM O JORNALISTA, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, POETA E ESCRITOR, RUY ESPINHEIRA FILHO.


EM TEMPOS DE FIM DO CADERNO2 DO JORNAL A TARDE, A ENTREVISTA SEGUINTE, FEITA PELOS REPÓRTERES PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES, PROCURA SABER: O QUE É CULTURA NESSA LOUCA MODERNIDADE TARDIA? PARA QUE SERVE A CULTURA? O LIVRO E A LITERATURA MORRERAM, OU APENAS SE TRANSFORMARAM NA CONTEMPORANIEDADE? DENTRES OUTRAS QUESTÕES...

ENTREVISTA COM RUY ESPINHEIRA FILHO.
Por: PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES


Ruy Espinheira Filho (foto ao lado) é Jornalista, mestre em Ciências Sociais, doutor em Letras, professor de Literatura Brasileira do Departamento de Letras Vernáculas do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.Ruy Espinheira nasceu em Salvador, Bahia, em 1942.

Publicou 11 livros de poemas: Heléboro (1974), Julgado do Vento (1979), As Sombras Luminosas (1981 — Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Sousa), Morte Secreta e Poesia Anterior (1984), A Guerra do Gato ( infantil — 1987), A Canção de Beatriz e outros poemas (1990), Antologia Breve (1995), Antologia Poética (1996), Memória da Chuva (1996 — Prêmio Ribeiro Couto, da União Brasileira de Escritores), Livro de Sonetos (1998), Poesia Reunida e Inéditos (1998). Tem ainda publicados vários livros em prosa: Sob o Último Sol de Fevereiro (crônicas, 1975), O Vento no Tamarindeiro (contos, 1981); as novelas O Rei Artur Vai à Guerra (1987), O Fantasma da Delegacia (1988), Os Quatro Mosqueteiros Eram Três (1989); os romances Ângelo Sobral Desce aos Infernos (1986 — Prêmio Rio de Literatura, 1985), Últimos Tempos Heróicos em Manacá da Serra (1991), e o ensaio O Nordeste e o Negro na Poesia de Jorge de Lima (1990).


Tema: A permanência da poesia na contemporaneidade.



PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES. Em termos estéticos, o senhor considera a sua obra poética filiada ao modernismo brasileiro da primeira metade do século XX?

É, exatamente.A vertente é esta. Claro que, aí, vem a influência do passado remoto, de toda essa herança grega que a gente tem ao longo dos milênios, mas diretamente minha poesia está vinculada a esse movimento que veio a dar em poetas como Manoel Bandeira, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Jorge de Lima. Então, está vinculado a isso na verdade.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor acredita ainda haver espaço na contemporaneidade para a poesia ou já não há mais pessoas interessadas nos segredos que podem ser abertos ou revelados pela “Máquina do Mundo”, para utilizarmos uma metáfora drummondiana?

Não. A poesia continua. Agora, como em toda época tem gente que não tem necessidade, ou melhor dizendo, não tem... não merece... tem gente que se consola com coisas inferiores e para elas são suficientes. E tem gente que não. Tem gente que tem uma necessidade lírica maior. João Cabral de Melo Neto, que disse muita coisa que não deveria ter dito, entre outras, disse que a poesia hoje não fazia mais sentido porque a música popular tinha tomado o lugar. A música sempre existiu. A música e a poesia nasceram juntas. Não sabemos quando, mas desde a origem do homem praticamente. Uma coisa não substitui a outra. Assim como a pintura não substitui a dança, como a dança não substitui o teatro, como o teatro não substitui a poesia lírica, nem a poesia lírica substitui o romance. Então, isso aí... a poesia continua sendo necessária para aqueles que chegam até ela, que precisam dela. Eu acho que todos nós precisamos.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES. O que o senhor acha da alcunha de “poeta da memória” que já lhe foi dada? O senhor acha possível a busca do “tempo perdido”?

Olha, na verdade essa coisa que disseram e repetiram, o “poeta da memória”, eu sempre pergunto o seguinte: qual não é da memória? Se você for ler Bandeira, Jorge de Lima, Drummond, Camões, todos são “poetas da memória”. Porque há uma coisa muito curiosa que as pessoas não costumam ver: é a única coisa que a gente tem, é o passado. Nós só temos o passado. É a única coisa que nos pertence, é o passado. O que nós somos? Nós somos o nosso passado. Se alguém lhe pergunta quem é você, você responde com aquilo que você viveu até agora. Não pode responder de outra forma. E tudo que nós possuímos de fato, sendo o passado, é memória. Então, o escritor, qualquer escritor, escreve principalmente com a memória. Qualquer tipo de literatura que ele faça, ele vai para memória para vê como é: se não, ele está perdido. Você ver, mesmo quando você projeta ao futuro longínquo você utiliza a memória, aquilo que você conhece. Se você vê um filme como “Guerra na Estrelas”, por exemplo, o quê que é aquilo? Aquilo é um “cowboy” espacial. Quer dizer, na verdade, não há diferença, porque só podemos escrever, produzir com a nossa experiência, nossa experiência pessoal. Cada artista tem a sua. Então, a memória é a fonte. Não há outra. Tem um poeta inglês romântico chamado William Wordsworth, que ele dizia o seguinte: que a criação é, como é que dizia, que a lembrança é emoção recolhida em tranqüilidade. É... “emotions is recollected in tranquility", ou seja, depois da emoção é que você recolhe aquela emoção e trabalha com ela. Então, tudo é memória.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor é pouco adepto a uma teorização excessiva da literatura. O senhor acha que tal teorização feita nos meios acadêmicos, notadamente se pensarmos em alguns campos dos estudos literários como a teoria da literatura, acabam por estandardizar e distanciar ainda mais a literatura do público?

É verdade. Foi Nietzsche que disse certa vez que tudo aquilo que precisa de grande explicação não vale grande coisa. Então ninguém precisa de teoria literária para ler literatura. A teoria é uma coisa que veio depois da literatura. Assim, como a gramática veio depois da língua. É a posteriori. Então, ninguém precisa ler a critica literária, que se equivoca tanto, para poder ler literatura. Literatura é um contato direto. É um contato de sensibilidade. A literatura como qualquer arte é algo que está além de inteligência, está acima da inteligência, é maior do que a inteligência. É muito mais intuição e emoção, do que inteligência. Se você vai estudar literatura intelectualmente, você já reduziu, porque ela é maior do que isso. Então, é por isso que eu acho que... não que eu seja contra a teoria, nem contra a crítica. Essas coisas existem. Eu já li muita teoria, muita crítica e escrevi inclusive. Mas o contato com a literatura não exige isso. Há uma famosa carta de Mário de Andrade. O Ney da Alvarenga fez uma carta para ele perguntando se para fruir alguma arte a pessoa tinha que ter algum conhecimento técnico dessa arte. Ele responde que não. Mas ele responde que não, numa carta de sessenta e quatro páginas. Em que ele vai refletindo sobre isso. A gente não precisa conhecer música para ouvir música, para ouvir um Beethoven ou quem quer que seja. Não precisa ser um erudito musical. Nem precisa conhecer teoria da poesia para ler poesia coisa nenhuma. Então, a teoria existe, mas ela não é essencial para que a gente chegue à arte. A gente chega à arte antes de chegar à teoria.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.Entretanto, o senhor exerce a dupla atividade de crítico literário e poeta/ escritor. O senhor acha que isso se reflete diretamente na temática de suas obras poéticas?

Não. Eu não sou propriamente crítico literário. Eu escrevi ensaios sobre literatura. São coisas muito mais da minha intuição do que da minha proposição crítica. Eu evitei isso. Inclusive, até escrevendo para jornais etc., eu tive oportunidade de escrever críticas neles. Às vezes, quando eu gosto de uma obra, então eu faço uma resenha. Mas, aí, é porque eu gostei. Não para ficar discutindo questões críticas. E em sala de aula, eu ponho os estudantes em contato direto com a literatura. Eles mesmos às vezes me pedem “professor, mas eu queria uma bibliografia crítica”. Eu digo: “Não vou dar. Vocês não precisam disso. Você tem sensibilidade suficiente para poder ler. Não precisa. Agora, se depois você quiser, você procura e vai ler. Para que você precisa ler uma bibliografia para ler Machado de Assis, para ler Guimarães Rosa, para ler esse povo todo? Não precisa. Basta sentar e ler".

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor considera possuir algumas influencias literárias facilmente identificáveis em sua obra poética?

Isso é curioso. É claro que eu tenho. Eu tenho centenas de influências. Quanto mais você ler mais influencia você tem. O que é absolutamente normal. Manuel Bandeira, uma vez me perguntaram, a Manuel Bandeira quais eram as influencias dele, ele disse que eram tantas que ele não poderia citar. E, é isso que acontece. Curioso, às vezes a crítica me aproximar de Drummond, às vezes me aproxima de Manuel Bandeira. E, há pouco tempo de um poeta que me deixou meio espantado. Agora eu não me recordo quem era. Eu fiquei até espantado, porque eu acho que não tem quase nada a ver. É um poeta nacional. É um poeta, inclusive, neo-parnasiano. E eu que sou um inimigo extremo dos parnasianos. Não do parnasianismo. Eu sou admirador de um Olavo Bilac. Mas os que vieram depois: concretismo,"geração de quarenta e cinco”, poesia práxis, todos neo-parnasianos. Isso aí eu acho um atraso de vida.


PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.A literatura, assim como a arte em geral, nos proporciona percepções e conhecimentos únicos que não nos podem fornecer a ciência, por exemplo. O senhor acha que no mundo atual, mecanizado e automatizado como está, ainda há espaço para as pessoas se dedicarem a tal tipo de percepção de conhecimento?

É. Há sim. Se um dia, isso não for possível vai ser muito difícil viver. Eu não sei se vai valer a pena. Porque através das eras, os homens criaram as artes porque precisam dela. Ninguém criou isso porque é bonitinho, engraçadinho. É porque você não passa sem ela. Ninguém vive sem arte. Não há nenhuma cultura, por mais primitiva que seja (e, aí, esse termo primitivo é preconceituoso na verdade) que não tenha a arte. É arte, seja ela qual for, canto, dança (e, aí, a poesia já está presente), pintura e vem o resto todo. Então, nós criamos isso porque precisamos disso. Nós não podemos viver sem isso. Criamos na verdade o que nós chamamos de cultura, que é toda a somatória. Toda essa coisa de ética, estética, lógica, política, metafísica, para pensarmos essas coisas inclusive. Agora a arte é espontânea do ser humano. Qualquer civilização que você cheque, qualquer ajuntamento humano que você veja tem arte lá dentro. Não pode-se viver sem arte.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.Então, o senhor considera que a função da arte no mundo contemporâneo seria a de desautomatização e desmecanização dos indivíduos nas sociedades tecnológicas e logocêntricas?

Não, eu não acredito que a arte tenha uma função. Na verdade, a arte é inútil. Ela não tem função. Ela é. Ela existe. Nós precisamos dela. Ela não deve jamais ser posta a serviço de qualquer coisa. Ela deve ser inteiramente livre. Sempre que houve uma ditadura como na União Soviética, que criou o tal realismo socialista, uma literatura dirigida, pode observar que essa literatura dirigida não vale nada, não tem qualidade nenhuma, porque é dirigida pelo raciocínio, pela ideologia e a arte não se cria assim. A arte é epifania, é inspiração. Por isso que existem os artistas e aqueles que não são artistas porque algumas pessoas são capazes disso.Agora todos os seres humanos são capazes de fruir a arte.Todos têm os mesmos sentimentos.Um poeta não é diferente, nem superior às outras pessoas Ele é apenas uma pessoa que (ele nem sabe o porquê) é capaz de colocar no papel, de colocar em versos, os sentimentos que são de todo mundo. Só que ele diz de certa forma. E como ele diz de certa forma serve para todo mundo.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor já falou que foi comparado a Drummond e Manuel Bandeira.Qual seria a relação da sua obra poética com a dos modernistas brasileiros como Mario de Andrade e Manuel Bandeira, de cujas obras o senhor é crítico?

Olha, Mário de Andrade é, principalmente para mim, o pensador da literatura e da arte. Então, Mário de Andrade foi fundamental na minha vida. Eu aprendi muito com Mário de Andrade. Não só nas obras explícitas de críticas, de ensaios, “Aspectos da Literatura Brasileira”, “Empalhador de Passarinhos” e outros livros. Mais na correspondência do Mário, assim como também na correspondência de Bandeira e de Drummond. Na correspondência, a gente discutia as idéias dele. Então, Mário me ensinou. Mário já tinha ensinado a Drummond. Drummond é filho de Mário de Andrade e filho de Manuel Bandeira. Mas a relação com Mário não é na poesia, é na poética, é no que ele pensou sobre isso. Com Bandeira é na poesia, com Drummond é na poesia, mas com Mário é mais na poética, quer dizer, a reflexão dele sobre poesia é sobre arte de um modo geral, é sobre cultura de um modo geral.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.E quem predominaria nos poemas do senhor, Dionísio ou Apolo?

Eu acho que os dois têm de estar misturados, eu acho que têm que formar um corpo só. Porque a técnica e a inspiração, a técnica e a intuição, ou seja como se queira chamar, têm que estar juntas. Não existe arte se uma delas faltar, porque arte é artesanato também. Mas não é só artesanato, é mais do que artesanato, é onde entra o mundo da sensibilidade. Se não houver artesanato, é impossível haver a arte, mas se só houver artesanato, não há arte. Há artesanato só. Não se faz arte sem artesanato. O artista tem que ser antes de tudo, um grande artesão, e tão bom que você não perceba o artesanato nele. Quando você percebe muito o artesanato, isso não é virtude, é defeito... é defeito. Aquela coisa que o João Cabral dizia, que ficava o tempo todo falando na arte de escrever, como escrever... Aquilo ali não é virtude, não é grandeza não. Grandeza é você ler um autor, fruir, participar dessa emoção e achar que ele escreveu com simplicidade. Simplicidade é a coisa mais difícil que existe. Só escreve com simplicidade, quem é muito bom. Ele é tão bom que você não percebe que aquele trabalho custou um determinado esforço. Parece que ele fluiu naturalmente. Nunca flui naturalmente. É a coisa mais difícil de acontecer é isso. Então, tanto a forma, quanto a emoção tem de estarem juntas. Porque a arte em última análise é forma... arte é forma. Forma e conteúdo são uma coisa só. Então, ela é forma. Se a forma não for a forma da arte, não presta. As pessoas ficam discutindo: “porque o conteúdo é muito bom. É mais ou menos, mas o conteúdo é muito bom “. Olha, se é mais ou menos, não presta, por melhor que seja o conteúdo. Como dizia Carlos Drummond de Andrade: “De boas intenções não nascem necessariamente bons versos”. Não existe essa diferença.



PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES .O senhor concordaria com o poeta Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) que “pensar é não compreender” e que o poeta "não deve ter filosofia, mas sim possuir sentidos". Seria a racionalidade excessiva uma das causas de isolamento e da solidão do homem contemporâneo?

É. Na verdade, o homem sempre foi solitário. A solidão não foi inventada pelo mundo contemporâneo. Se você pegar os autores mais antigos, você vai vir eles falando de solidão. A solidão é um dado da existência humana. Nós somos solitários. Somos um animal solitário, principalmente porque nós somos perplexos, ou seja, nós não sabemos o que é a vida. Não sabemos se tem um sentido. Nós não sabemos de onde viemos, nem para onde nós vamos. A única coisa que a gente tem certeza é de que um dia a gente vai morrer. E como a gente morre de medo de morrer, então a gente fica inventando as religiões, os paraísos depois da morte e coisas desse tipo. Agora, veja você, tem um poema de Fernando Pessoa, já que você falou nele, tem um verso que eu acho que é importantíssimo: “O que em mim sente está pensando”. Não há sentimento sem pensamento. Essas coisas estão juntas em todos nós. Você não pode deslocar... você não pode ser um homem cem por cento frio. Não pode. Você não pode tirar o emocional e jogar fora. Você não pode ser cem por cento emocional. Você não pode, porque você tem um lado de raciocínio. Isso está aí. Então, o homem é esse amálgama. Se ele é esse amálgama, o que ele produz é resultado desse amálgama. E a arte é isso, quer dizer, é tudo isso, essa mistura. Se você quiser racionalizar demais, você mata a arte. Mas se ela é apenas emoção, se não existe um artesanato, se não existe o conhecimento técnico, se não existe essa ajuda, também ela não vai dar certo. Ela vai ser apenas um grito de angústia, um ataque de choro, uma risada solta no espaço, mas não será arte, porque a arte é composta por isso que nós somos. E nós somos... nós não somos nem totalmente bons, nem totalmente maus. Nós não somos nem totalmente racionais, nem totalmente emocionais. Somos uma mistura disso.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor se considera um modernista na contemporaneidade?

Não, porque como dizia Mário de Andrade, o modernismo acabou nos anos vinte. Quando Oswaldo publica o manifesto antropófago do qual muitos professores gostam muito e eu acho que não significa nada, Mario dizia: “mas pô, não é mais hora de manifesto. O modernismo já acabou, isso foi em mil novecentos e vinte e oito. O modernismo já acabou. Só se grita alerta uma vez. Não se fica o tempo todo gritando alerta, que é besteira". Então, o que eu dizia, agora é hora de fazer a obra, de impor a obra. Eu não sou modernista, porque não existe o modernismo. Já existiu. Eu sou um herdeiro disso. Não só do modernismo. Eu sou um herdeiro de tudo aquilo que li, que estudei da nossa herança ocidental, da literatura e da poesia em particular.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.O senhor já ganhou diversão prêmios pela qualidade de sua obra poética. O senhor se considera um poeta consagrado?

Claro que eu sou hoje muito mais conhecido do que era antes. Isso é fatal. Mas essa coisa de consagração, eu acho que não existe. Se alguém se acha consagrado, está mais para o equívoco do que para qualquer outra coisa. Porque o artista é aquele que jamais está satisfeito. Se ele ficar satisfeito, ele morre. Se ele achar que ele cristalizou a obra, então ele não vai mais a diante. Mário de Andrade dizia que o auge... se alguém chega ao auge, não é o início da decadência. O auge já é a decadência. Porque se você chega ao auge, você não pode subir mais, você só pode descer. Para qualquer lado que você caminha você desce. Então, é um perigo isso, de você chegar ao auge. Se você chega, está na hora de “pendurar as chuteiras”... dizer: “ bom, eu já dei o que tinha que dá”. Então, o meu sentimento em relação à arte, é exatamente que, quando eu escrevo alguma coisa e publico, para mim, aquilo já cumpriu o seu papel, já foi para o mundo. Enquanto os outros estão pensando que estou curtindo aquilo, eu já estou ocupado com outras coisas. Aquilo já foi, já não me pertence mais, já está nas mãos dos leitores, já está circulando por aí, não é mais meu. Meu é aquilo que espero que ainda venha, né. Então, quando vier, isso aí, é o mesmo processo. Então, essas coisas de consagrado é uma besteira. Eu agradeço muito, sou muito feliz porque sou bem publicado, ganhei vários prêmios, tenho leitores, bons leitores. Mas não me considero realizado de jeito nenhum.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.Atualmente o senhor atua como professor de literatura brasileira do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. O senhor acha possível formar escritores nas Academias Universitárias?

Bom, vocês devem saber que durante vinte anos ensinei jornalismo. Fui professor da Faculdade de Comunicação (UFBa) durante vinte anos. Ensinei jornalismo. Depois eu me transferi para cá. Uma coisa é certa, arte não se ensina. Não existe ensino de arte. É impossível ensinar arte. O que a gente pode ensinar é teoria de arte, história da arte, técnicas artísticas, numa escola, por exemplo, de Belas Artes, você não transforma ninguém em pintor, nem em escultor.Você ensina a ele técnicas. Ele na verdade vai ser professor e vai ser crítico, aí sim, vai ser um estudioso. Agora se ele for artista, por ter nascido artista e está na escola, ele vai aprender aqueles ensinamentos e vai aplicar na sua arte. Mas ele terá que ter nascido artista. Então, em uma escola como essa, não existe a pretensão de ensinar literatura, a não ser que seja alguém muito ingênuo, porque literatura não se ensina, você ensina essas coisas em torno dela. Você comenta, você procura despertar um senso crítico, aí é o lado intelectual. Mas ensinar alguém a fazer literatura, como querem ensinar, por exemplo, na PUC carioca - pelo menos que eu saiba, já tem uma formatura de escritor. Agora, se ele vai ser escritor ou não é outro problema. Eu acho isso um absurdo. Eu acho que não é um diploma para fazer ninguém escritor. Então, não há como ensinar arte, há como ensinar técnicas de arte. Então formação de críticos, sim, formação de professores, sim, formação de ensaístas, sim, formação de escritores, não.

PAULO PEREIRA E RÔMULO GONÇALVES.Bom, finalizamos. O senhor gostaria de acrescentar ou dizer mais alguma coisa? Algo que não foi perguntado?

Não.acho que as perguntas foram muito boas e dentro daquilo que o autor pode responder, porque o autor não pode responder muita coisa não, só pode responder aquilo que ele compreende. O processo de criação, por exemplo, é uma coisa muito complexa, muito obscura, do qual a gente só desconfia de algumas coisas. A gente não tem certeza do que escreve. E depois, muitas vezes, a gente estranha o que escreveu como se fosse outra pessoa que estivesse escrito. E na verdade foi outra pessoa, porque foi uma pessoa que naquele momento escreveu, que já não é mais. O artista não pode produzir uma obra e depois, como ele tem conhecimento, produzir outra e mais outra e mais outras. Não pode. Ele produz quando isso acontece. Então, muitos vezes as pessoas fazem perguntas que não se pode responder... uma pergunta por exemplo: “o que você quis dizer com o poema tal?”. Não tenho a menor idéia do que eu quis dizer. Eu posso até responder, mas estou respondendo falsamente, porque na verdade, eu não tenho certeza. Aí, eu pergunto, “e você, o que acha?”. Porque eu não posso fechar, também, uma interpretação minha, que é depois... eu estou interpretando o que fiz... e quem disse que estou certo na minha interpretação? Posso não estar certo. Então, essas coisas são bastante obscuras. Porque literatura é arte, não é linguagem referencial, é uma linguagem metafórica, é uma linguagem simbólica. O objetivo da literatura não é falar a inteligência das pessoas, é mexer com os sentimentos delas, é despertar outro tipo de conhecimento que é o emocional. É interessante o seguinte: nós somos educados e as pessoas sempre valorizam a inteligência: "Fulano é muito inteligente", "você tem que ser inteligente", "você tem que ser lúcido", "você tem que ter juízo", "você tem que ser lógico"... Nós somos seres emocionais principalmente. A gente não é educado emocionalmente. Por isso a gente se perde tantas vezes, por falta de educação emocional. Quer dizer, o sujeito é inteligente, mas como um sujeito tão inteligente como fulano de tal foi fazer uma besteira daquela? Ele não tem maturidade emocional. Ele tem maturidade intelectual, mas não tem emocional. Então, acho que a literatura e as artes de um modo geral, ajudam muito nisso, porque através delas que você cresce emocionalmente, você se enriquece emocionalmente. Quando você olha um quadro de Van Gogh, por exemplo, qual é o raciocínio que você faz sobre o quadro de Van Gogh? Você não tem que fazer um raciocínio. Você sente o impacto da pintura, você sente aquela coisa, você não sabe explicar aquilo. Mas aquilo lhe enriqueceu de alguma forma. Você está diferente depois de ter visto aquilo. Você não sabe se alguém perguntar, por quê?Não sei, mas eu me sinto outra pessoa, me sinto mais rico, me sinto impactado por aquela coisa. Porque é o contato emocional. O que é o território principal das artes modernas.

A (Im)possiblidade da Comunicação?

Em homenagem ao antigo caderno2 do jornal A TARDE, que se "pós-modernizou", para se "contemporanizar" com seus novos e atuais leitores multimidiáticos e high-techs...


Casa Vazia


Poema algum, nunca mais
será um acontecimento:
escreveremos cada vez mais
para um mundo cada vez menos

Para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
Alberto de Cunha Mello.


Nascido em 1942 em Jaboatão dos Guararapes, interior do Pernambuco, Alberto de Cunha Mello era sociológo e jornalista.Atuou no Jornal do Commercio de Pernambuco, no Jornal da Tarde de São Paulo, na revista Pasárgada e na revista Continente Multicultural, dentre outras, além de ter atuado no Fundação Joaquim Nabuco como sociológo.Sua produção bibliográfica consta de 12 livros ao todo.Em 2002, foi pubicado seu último livro "Meditação sob os lajedos".

Apresentação de Pauta, captação e apuração

Querid@s, segue o power point da apresentação sobre pauta em 26/08.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A título de descontração

Hoje eu me perdi pela Internet e, para minha surpresa, acabei encontrando algo interessante. Trata-se do blog de uma jornalista ("com diploma!", como ela faz questão de destacar em seu twitter) e ilustradora que produz quadrinhos satirizando a nossa profissão. Em suas tirinhas, ela tenta abranger - e relacionar - o dia-a-dia das principais atividades desempenhadas por um jornalista (editor, fotógrafo, assessor, âncora de jornal televisivo, ...) e, é claro, a rotina dos estudantes de Jornalismo. O blog tem tirinhas bastante divertidas - com bastante piadas internas -, mas peca num aspecto fundamental: o about, tanto do blog quanto do twitter, não informa de quem é a autoria das tirinhas.

Irei tentar descobrir essa informação via twitter e atualizo essa nota mais tarde.

O link para o blog: Quadrinhos Gonzo

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bem-vindos a bordo, tripulação!

Futuros jornalistas do meu Brasil varonil, se vocês estão lendo isso agora é porque estão a bordo da Lupa. Em caso de despressurização do convés, sacos de vômito cairão sobre seus colos. Queremos lembrar que os assentos são flutuantes. Enfim, queiram escrever alguma coisa que preste doravante, não deixem o nível deste blog depender de mim.

Beijos,

C.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fisiculturismo é mesmo um esporte?


Aí galera,

Acessando o link abaixo vocês podem conhecer a opinião de um médico desportista (e praticante de musculação a 54 anos) a respeito da prática do fisiculturismo. Ele afirma que o fisicuturismo não deve ser considerado como esporte e que os fisiculturistas não podem ser chamados de atletas. Vejam na íntegra:

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um Passo Para a Vigorexia...



Frequentadores de academia usam suplemento sem controle

Estudo da Universidade Federal de São Paulo revela uso indiscriminado das substâncias que, em doses erradas, provocam danos à saúde

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que 62% dos freqüentadores de academias na capital paulista entre 15 e 25 anos consomem algum tipo de suplemento alimentar - substâncias desenvolvidas e indicadas para atletas que precisam repor nutrientes gastos em treinamentos intensos, como proteína, aminoácido e gel de carboidrato. Mais de 80% deles compram e ingerem os produtos sem recomendação médica ou nutricional.
Os dados, obtidos com base em entrevistas com 201 jovens de redes de academias de São Paulo, mostram erros e exageros de todos os tipos no consumo dessas substâncias, que provocam danos à saúde se ingeridas sem necessidade, em doses erradas e por um prazo muito longo.
Os diversos tipos de suplemento existentes no mercado, parte deles nacional, muitos importados e outros sem registro, são indicados para atletas profissionais que têm uma rotina de sete a nove horas de treino diário. No caso deles, que chegam a gastar mais de 5 mil calorias de uma só vez, a reposição por meio de suplementos auxilia a manter o desempenho no esporte de maneira equilibrada. É o caso de maratonistas, nadadores e corredores.

Fernando Fischer / Fonte: Agência Estado

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Entrevista - Edição

A edição é um dos momentos mais importantes pois é aqui que se extrai os melhores dados de uma entrevista. O título deve exprimir o "espírito da entrevista." Uma boa entrevista sempre terá um ou mais " olhos"( boa frase dita pelo entrevistado que merece destaque além do título).

Ao fim de cada entrevista, é importante estabelecer com o entrevistado uma brecha para possíveis futuras solicitações. Por isso, troquem endereço, telefone e e-mail. No mais, basta um olhar mais atento para esculpir uma excelente entrevista.

Quer bons exemplos de entrevistas?
Os arquivos da Veja, em especial das edições antigas, são uma ótima fonte de pesquisa jornalística.
Acesse o Acervo Digital da Veja, clique em "entrevista", do lado esquerdo, e divirta-se procurando boas entrevistas. Algumas recomendações: entrevista com Nelson Rodrigues (1969); Walter Lippmann (1969); Gilberto Freyre (1970); Jorge Luis Borges (1970); João Gilberto (1971); Ariano Suassuna; Di Cavalcanti (1970); além de muitos outros.

Realizando a entrevista (parte 3)

. A atenção deve estar totalmente voltada ao entrevistado – celulares tocando e falta de atenção naquilo que o entrevistado diz causam uma péssima impressão.

. Mantenha o controle emocional durante a entrevista – evite ficar inquieto e controle seus tiques e gestos. É importante estar focado na entrevista, somente.

. Tente obter a confiança do entrevistado antes de entrar nos assuntos mais delicados – é interessante se “preparar o terreno” antes de se perguntar coisas mais bombásticas. Se você começar a entrevista com esse tipo de pergunta, o entrevistado só irá se intimidar, e você não conseguirá a informação que deseja.

Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo do CQC, onde o repórter inexperiente entrevista Gretchen:


Explicação: Nesse vídeo, podemos perceber que o repórter já começa errando: seu celular toca no meio da entrevista. É evidente que a entrevistada se incomoda com tal fato, e recomenda que ele desligue o aparelho. Também, percebemos que ele toca num assunto delicado da vida de Gretchen logo no começo de suas perguntas, e não consegue retirar nenhuma informação dela sobre isso.


. Se o entrevistado se recusar a responder uma questão, temos obrigação de voltar a ela. O que não podemos é esquecer que há um limite nesse jogo e que não devemos quebrá-lo.

. Não mostre muito entusiasmo ao ouvir uma “resposta-bomba” – o entrevistado pode reparar que te forneceu uma informação “quente” e importante e pedir que você não a publique.

. Pergunte por último se existe alguma coisa que o entrevistado deseja acrescentar – é importante que, na entrevista, ambos entrevistador e entrevistado fiquem satisfeitos. Portanto, se o entrevistador desejar declarar algo que você não indagou, permita. Pode vir a ser bastante interessante para o seu texto.


Vídeo final – Marcelo Camelo é entrevistado no Ceará Music Festival:



Explicação: Nesse vídeo, dá pra brincar de “Jogo dos sete erros”. Vamos?

1. A repórter erra o nome do entrevistado e o chama de Marcelo Campelo;

2. A repórter entra num grau de intimidade muito grande com o entrevistado;

3. A repórter não pesquisa direito, e erra informações sobre o novo cd de Los Hermanos;

4. A repórter não pesquisa direito [2] e confunde as composições de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante;

5. A repórter faz perguntas frouxas, sem objetividade ao entrevistado, e acaba por receber respostas vagas;

6. O repórter não pesquisa corretamente e repete perguntas “manjadas” em entrevistas a essa banda;

7. O repórter foge do tema central da entrevista;

Realizando a entrevista (parte 2)

. Observe as maneiras e tiques do entrevistado – uma entrevista não é constituída somente por aquilo que se grava ou que se anota, mas também por aquilo que se observa. A partir desse exercício de observação dos trejeitos e posturas do entrevistado, se pode criar um perfil daquela pessoa, que pode vir a ajudar o público a conhecê-la mais no momento da leitura do texto.

. Não confie em sua memória. Prefira utilizar o gravador – é importante ter algum apoio para se registrar a entrevista. É bom até levar, além do gravador, papel e caneta, para evitar que dados sejam perdidos.

. Se o entrevistado pedir para desligar o gravador em algum momento, atenda seu pedido.

Obs.: Informação “off the record” – a tradução literal dessa expressão seria “fora do gravador”. Em tal situação, o entrevistado te fornece uma informação para ser publicada, com a condição que você não divulgue que foi ele que te disse tal coisa.


. Tenha cuidado para a entrevista não se tornar um diálogo intenso ou um monólogo.

. Procure administrar o tempo.

. Se o entrevistado divagar e fugir do assunto, recoloque-o no roteiro previsto.

Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo do CQC, onde o repórter inexperiente entrevista Datena:


Explicação: No vídeo, pode-se perceber que o repórter não sabe conduzir a conversação e deixa o entrevistado solto para tratar de vários assuntos partindo de uma pergunta não muito objetiva. Também, podemos perceber que Datena olha o relógio algumas vezes, como se para chamar a atenção do repórter ao fato de que só tem pouco tempo para a entrevista. Como o entrevistador não presta a devida atenção nesta atitude de Datena, não consegue concluir seus questionamentos.


. Não dê sua opinião, a menos que ela seja solicitada – ocorrendo tal solicitação, opine com modéstia e humildade.

. Faça perguntas no mesmo nível de quem responde – é diferente entrevistar um menino de rua e um professor da UFBA. A linguagem deve se adequar à situação.

. Esgote cada área do assunto antes de passar para outra.