quinta-feira, 23 de abril de 2009

Entrevista - Edição

A edição é um dos momentos mais importantes pois é aqui que se extrai os melhores dados de uma entrevista. O título deve exprimir o "espírito da entrevista." Uma boa entrevista sempre terá um ou mais " olhos"( boa frase dita pelo entrevistado que merece destaque além do título).

Ao fim de cada entrevista, é importante estabelecer com o entrevistado uma brecha para possíveis futuras solicitações. Por isso, troquem endereço, telefone e e-mail. No mais, basta um olhar mais atento para esculpir uma excelente entrevista.

Quer bons exemplos de entrevistas?
Os arquivos da Veja, em especial das edições antigas, são uma ótima fonte de pesquisa jornalística.
Acesse o Acervo Digital da Veja, clique em "entrevista", do lado esquerdo, e divirta-se procurando boas entrevistas. Algumas recomendações: entrevista com Nelson Rodrigues (1969); Walter Lippmann (1969); Gilberto Freyre (1970); Jorge Luis Borges (1970); João Gilberto (1971); Ariano Suassuna; Di Cavalcanti (1970); além de muitos outros.

Realizando a entrevista (parte 3)

. A atenção deve estar totalmente voltada ao entrevistado – celulares tocando e falta de atenção naquilo que o entrevistado diz causam uma péssima impressão.

. Mantenha o controle emocional durante a entrevista – evite ficar inquieto e controle seus tiques e gestos. É importante estar focado na entrevista, somente.

. Tente obter a confiança do entrevistado antes de entrar nos assuntos mais delicados – é interessante se “preparar o terreno” antes de se perguntar coisas mais bombásticas. Se você começar a entrevista com esse tipo de pergunta, o entrevistado só irá se intimidar, e você não conseguirá a informação que deseja.

Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo do CQC, onde o repórter inexperiente entrevista Gretchen:


Explicação: Nesse vídeo, podemos perceber que o repórter já começa errando: seu celular toca no meio da entrevista. É evidente que a entrevistada se incomoda com tal fato, e recomenda que ele desligue o aparelho. Também, percebemos que ele toca num assunto delicado da vida de Gretchen logo no começo de suas perguntas, e não consegue retirar nenhuma informação dela sobre isso.


. Se o entrevistado se recusar a responder uma questão, temos obrigação de voltar a ela. O que não podemos é esquecer que há um limite nesse jogo e que não devemos quebrá-lo.

. Não mostre muito entusiasmo ao ouvir uma “resposta-bomba” – o entrevistado pode reparar que te forneceu uma informação “quente” e importante e pedir que você não a publique.

. Pergunte por último se existe alguma coisa que o entrevistado deseja acrescentar – é importante que, na entrevista, ambos entrevistador e entrevistado fiquem satisfeitos. Portanto, se o entrevistador desejar declarar algo que você não indagou, permita. Pode vir a ser bastante interessante para o seu texto.


Vídeo final – Marcelo Camelo é entrevistado no Ceará Music Festival:



Explicação: Nesse vídeo, dá pra brincar de “Jogo dos sete erros”. Vamos?

1. A repórter erra o nome do entrevistado e o chama de Marcelo Campelo;

2. A repórter entra num grau de intimidade muito grande com o entrevistado;

3. A repórter não pesquisa direito, e erra informações sobre o novo cd de Los Hermanos;

4. A repórter não pesquisa direito [2] e confunde as composições de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante;

5. A repórter faz perguntas frouxas, sem objetividade ao entrevistado, e acaba por receber respostas vagas;

6. O repórter não pesquisa corretamente e repete perguntas “manjadas” em entrevistas a essa banda;

7. O repórter foge do tema central da entrevista;

Realizando a entrevista (parte 2)

. Observe as maneiras e tiques do entrevistado – uma entrevista não é constituída somente por aquilo que se grava ou que se anota, mas também por aquilo que se observa. A partir desse exercício de observação dos trejeitos e posturas do entrevistado, se pode criar um perfil daquela pessoa, que pode vir a ajudar o público a conhecê-la mais no momento da leitura do texto.

. Não confie em sua memória. Prefira utilizar o gravador – é importante ter algum apoio para se registrar a entrevista. É bom até levar, além do gravador, papel e caneta, para evitar que dados sejam perdidos.

. Se o entrevistado pedir para desligar o gravador em algum momento, atenda seu pedido.

Obs.: Informação “off the record” – a tradução literal dessa expressão seria “fora do gravador”. Em tal situação, o entrevistado te fornece uma informação para ser publicada, com a condição que você não divulgue que foi ele que te disse tal coisa.


. Tenha cuidado para a entrevista não se tornar um diálogo intenso ou um monólogo.

. Procure administrar o tempo.

. Se o entrevistado divagar e fugir do assunto, recoloque-o no roteiro previsto.

Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo do CQC, onde o repórter inexperiente entrevista Datena:


Explicação: No vídeo, pode-se perceber que o repórter não sabe conduzir a conversação e deixa o entrevistado solto para tratar de vários assuntos partindo de uma pergunta não muito objetiva. Também, podemos perceber que Datena olha o relógio algumas vezes, como se para chamar a atenção do repórter ao fato de que só tem pouco tempo para a entrevista. Como o entrevistador não presta a devida atenção nesta atitude de Datena, não consegue concluir seus questionamentos.


. Não dê sua opinião, a menos que ela seja solicitada – ocorrendo tal solicitação, opine com modéstia e humildade.

. Faça perguntas no mesmo nível de quem responde – é diferente entrevistar um menino de rua e um professor da UFBA. A linguagem deve se adequar à situação.

. Esgote cada área do assunto antes de passar para outra.

Realizando a entrevista (parte 1)

. Prefira entrevistas feitas pessoalmente – estas são sempre melhores que entrevistas feitas por telefone ou via internet. A conversa flui de uma maneira mais natural.

. Seja pontual.

. Pergunte antes se pode gravar ou fotografar – certas pessoas se sentem incomodadas com tais ações do repórter, então é sempre bom perguntar antes a fim de evitar futuras situações desagradáveis.

. Dê informações a seu respeito e se lembre de explicar o que é a entrevista e onde ela será veiculada – no caso da Lupa, antes de realizarmos a entrevista é sempre bom mostrarmos ao entrevistado um exemplar da publicação e explicarmos as propostas da revista. É essencial que ele saiba onde as suas declarações serão publicadas.


. Mostre-se amável e educado, com naturalidade e sem afetações.

. Não se prenda às perguntas preparadas – é evidente que é essencial se preparar um roteiro com as perguntas que servirão de base para a sua entrevista, mas fazer outros questionamentos relacionados às respostas do entrevistado também é importante. Não se pode prever todo o curso de uma conversação num roteiro prévio.

. Lembre-se que uma das atribuições do repórter é conduzir a conversação.

Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo de Marília Gabriela entrevistando Wagner Moura:





Explicação: É importante reparar como Marília Gabriela consegue conduzir a conversação, deixando o entrevistado à vontade, mas também sem grandes intimidades. Também, percebe-se que ela não se restringe ao roteiro prévio e “improvisa”, fazendo perguntas ligadas às respostas de Wagner Moura.


. Se possível, pergunte ao entrevistado como ele gostaria de ser tratado – por via das dúvidas é melhor se questionar ao entrevistado se ele deseja ser chamado de senhor(a) ou você.

. Procure ser objetivo nas perguntas – quando as perguntas são frouxas, sem objetividade, geralmente as respostas são vagas.

. Seja sempre profissional com o entrevistado. Não entre em intimidades.


Para exemplificar tais dicas, sugerimos o vídeo do CQC, onde o repórter inexperiente entrevista Marcia Goldshimidt:





Explicação do vídeo: Nesse vídeo, pode-se perceber o excesso de intimidade com a entrevistada por parte do repórter. Ele, inclusive, utiliza expressões como “enxuta” e “bastante em forma”, que constrangem a entrevistada. Somado a isso, percebe-se o incômodo de Marcia Goldshimidt ao ser chamada de “senhora”, além da grande quantidade de perguntas “frouxas”, sem objetividade, que o entrevistador faz.

Preparando a entrevista

Para que consiga obter êxito em sua entrevista, o jornalista precisa seguir algumas dicas:

• Obter o máximo de informações a respeito do entrevistado e do assunto a ser focalizado;
• Solicitar dos chefes ou redatores especializados algumas sugestões sobre as perguntas, porém é necessário que isto não impeça o repórter de formular novas perguntas no decorrer da entrevista;
• Inteirar-se do pensamento do jornal sobre o assunto da entrevista;

Uma das primeiras tarefas do jornalista é obter a confiança do entrevistado. E sempre que chegar diante dele, estar certo de quem se trata, o que faz e o que representa no cenário local, nacional ou mesmo internacional.
Da conversa inicial depende o êxito da missão do repórter. Não entrar, portanto, de imediato no assunto, mas falar do ambiente e de assuntos banais.
É imprescindível que o entrevistador realize uma profunda pesquisa acerca da vida da pessoa que será entrevistada e até mesmo pesquisar outras entrevistas concedidas por ela anteriormente. Isso evita que as mesmas perguntas sejam repetidas e acabe por prejudicar sua matéria.


Vídeos :

Ana Maria :



O vídeo mostra um total despreparo da repórter. É visível que ela está presa a um roteiro que lhe foi entregue por alguém. Serve para demonstra que o jornalista deve ficar atento ao status, interesses, realizações concretas e êxitos (ou não) que obteve em sua carreira. Acredito que com essas informações e falando um inglês mais correto esta repórter se sairia bem melhor

Amarante:



Bem, esse vídeo parece mais uma comédia do que uma entrevista. Acredito que esse repórter nunca viu um manual de entrevistas. Não fez uma pesquisa prévia sobre o artista e muito menos se preocupou em procurar outras entrevistas que por acaso o Amarante tenha concedido. E, como o próprio entrevistado diz, este é um grande exemplo de jornalismo preguiçoso que só se preocupa em criar e divulgar polemica.

Mônica Velloso:



Este vídeo serve para exemplificar a importância e o cuidado que o repórter deve ter ao conduzir uma entrevista. Por mais que esteja ávido por declarações bombásticas, é necessário que se tenha uma compreensão de que certos assuntos podem ser delicados para o seu entrevistado e que ele com certeza não vai facilitar o seu trabalho.
Mas vale lembrar que as coisas mais cruéis e indiscretas podem ser indagadas se o jornalista tiver o cuidado de ir conduzindo com habilidade. E isso o Roberto Cabrini não conseguiu em sua entrevista com a também jornalista Monica Velloso.

Entrevistas e entrevistas

O “entrevistar”, apesar de ter uma raiz comum (pergunta-se e responde), pode acontecer de diferentes maneiras. Por isso há tipos de entrevistas, os quais podem variar tanto de acordo com os entrevistados quanto a depender do/dos entrevistador(es).

A entrevista poderá ser individual seja por parte do entrevistado ou do entrevistador, ou seja, único repórter/único entrevistado, assim ela também se caracterizará como exclusiva.

Se muitos são os entrevistados temos uma entrevista em grupo; se muitos são os entrevistadores temos uma entrevista coletiva ou conferência de imprensa. Há o caso especial onde comparece número excessivo de jornalistas para uma mesma entrevista, tem-se um pool. Nestes casos “nomeia-se” uma amostragem desses jornalistas que iram de fato realizar a entrevistas e depois as informações são repassadas aos demais.

Qualquer que seja a entrevista, DESCONFIE SEMPRE!! Seu entrevistado não está livre da má memória e nem você está imune de ser usado como pedestal para a exibição de algum sutil aproveitador. São entrevistas e entrevistas...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fontes e fontes

Complementando o seminário

Na apresentação do seminário sobre fontes jornalísticas, citamos dois casos de grande repercussão nacional, o da Escola Base e da Isabella Nardoni, como exemplos para os textos trabalhados em sala de aula, A reportagem de Nilson Laje e Teoria do jornalismo de Felipe Pena. Já que a ênfase na disciplina Comunicação Jornalística é o jornalismo em revista. Escolhemos as reportagens da Veja e Isto É porque foram as revistas de grande circulação, na época, a cobrir o caso da Escola Base, e que daria para fazer um gancho com o caso mais recente, o da menina Isabella. Percebemos, então, em ambos os casos a importância das fontes na construção das notícias, inclusive no cometimento de equívocos.
Em março de 1994, mães acusaram donos e funcionários da Escola de Educação Infantil Base de abusos sexuais contra seus filhos, baseadas na versão deles. Elas procuram a imprensa e denunciaram o suposto crime. O fato teve destaque em jornais, telejornais e revistas. No caso das revistas Veja e Isto É, as informações contidas nas reportagens estavam baseadas nas fontes primárias, as mães das crianças, e na fonte oficial, a instituição policial. Meses depois o caso foi arquivado por falta de provas materiais. A Veja e Isto É foram condenadas pela justiça, em primeira instância, a pagar indenização aos envolvidos, sendo que a decisão ainda cabe recurso.
Também em março, só que no de 2008, uma menina de 5 anos de idade morreu depois de ter sido jogada da janela de um prédio em São Paulo. O pai e a madrasta foram acusados pela polícia como os autores do crime. Esse caso comoveu o país de norte e sul. Muitos disseram que o esse caso seria uma nova Escola Base, devido ao linchamento precipitado feito ao casal e do espetáculo por parte da imprensa. Porém, desta vez, os meios de comunicação foram mais comedidos e a polícia indiciou os acusados no final do inquérito. Nas matérias da Veja e Isto É, a fonte oficial foi a polícia, pois trata-se de um assassinato, e as fontes secundárias baseadas nas investigações policiais foram o porteiro e os vizinhos.
Além desses casos, três artigos que não foram trabalhados em sala de aula complementam a apresentação: Ciberespaço como fonte jornalística de Elias Machado, Ética da Imprensa e o sigilo da fonte de Flávio Farah e O direito de sigilo da fonte de Renato Delmanto. Eles seguem em links, junto com as matérias escaneadas, na íntegra.


http://www.eca.usp.br/alaic/material%20congresso%202002/congBolivia2002/trabalhos%20completos%20Bolivia%202002/GT%20%203%20%20eduardo%20meditsch/elias%20machado%20gon%C3%A7alves.doc

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7337

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=439JDB001






segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um perfil de alguém com nome e sobrenome

Certa feita, Iuri Rubim me pediu um relato sobre a terceira edição do Colóquio de Literatura Popular.

De posse das regras (quantidade de paginas, linhas por parágrafo, etc) requeridas pelo Blog Das Ruas, hospedado em Terra Magazine, mandamos ver.

Dentre as atividades do Colóquio focalizamos o repente na Feira. Iuri editou o texto e o publicou com o título: “
Violeiros disputam espaço em feira com CDs piratas”.

Lá no meio daquele texto surgiu uma motivação pra Rubim. Ele decidiu escrever um perfil sobre o nome e o sobrenome de um violeiro: “Bráulio Pinto”.

A alcunha do rapaz torna-se um fato pitoresco. Afinal, muitos são os brasileiros que adoram fazer piadinhas de duplo sentido com tudo. Ainda mais nesse caso, que poderíamos classificar como um duplo sentido duplo.

Só para lembrar. Na nossa cultura tupiniquim, costuma-se desde criança chamar o pênis de “pinto”. E, o nome “Bráulio” foi publicisado como batismo de falo, quando o Ministério da Saúde (governo FHC se não me engano) lançou uma campanha pelo uso de preservativo.

Naquele vídeo publicitário, o personagem conversava com o seu órgão genital, chamando-o de “Bráulio”.

Além de fazer um mine-perfil de Bráulio Pinto, Iuri ainda abordou algumas manifestações da cultura popular.

O texto serve como exemplo de que para se fazer um perfil pode-se inspirar em diversos motivos. Uma celebridade, um palhaço, um objeto, um monumento, ou até, um “Bráulio Pinto”.

Leiam texto:

Bráulio Pinto usa nome para subir na profissão”.