sábado, 16 de abril de 2011
RESUMO: Os métodos de apuração (cap 3 do livro A apuração da noticia: métodos de investigação)
Luiz afirma que o ato de “noticiar é selecionar fatos e organizar em sentido”, pois não é possível numa reportagem expor a realidade pronta e acabada. Nesse sentido o maior desafio d repórter é “encontrar evidencias soterradas em camadas de versões, procurar certezas num jogo de incertezas”. Segundo Luiz, “o que distinguira o jornalista serão os passos que der para atingir o ‘disponível’ que chamamos de real, seus critérios para não se deixar levar por falhas de percepção, pela rotina produtiva, pelo engano das fontes”. O autor afirma que não cabe ao jornalista transferir dúvidas ao público, por isso, ele deve verificar as diferentes versões de fato publicando apenas aquela que se provar por meio de evidencias, somente será mantida a apuração que tiver respaldo.
O repórter precisa ter um compromisso em expor o que Costa chama de visão plural do fenômeno investigado, que é a conjugação do nível de incerteza, fragilidade dos dados, e da necessidade de solidez do fato, expô-lo da maneira mais consistente possível. No entanto, a própria natureza da atividade jornalística (redações enxutas, profissionais sobrecarregados, prazos curtos de fechamento) contribui para que o processo de construção da notícia seja impreciso. Para dar conta de fazer cumprir suas tarefas de forma precisa e consistente, driblando as armadilhas encontradas na internet e nos releases, os jornalistas precisam estabelecer um planejamento de investigação, que se manifestará na sequência de procedimentos de apuração das informações de uma reportagem. Luiz afirma que esses procedimentos serão executados em três momentos: no planejamento da apuração, na revisão do material apurado e na revisão das informações editadas.
Luiz serve-se do esquema de investigação jornalística elaborado por Daniel Samper e descreve no capítulo as fases de: elaboração da pauta, pré-produção e produção, ficando a cargo do capítulo 4 de seu livro descrever a etapa final, a pós-produção.
No estagio de elaboração da pauta o jornalista faz a sondagem inicial que é uma apuração preliminar, através da qual ele terá uma base de informação que direcionará sua investigação e estabelecerá a viabilidade de sua pauta, a partir desse momento ele passa para a confecção da pauta, que o autor faz questão de diferenciar de tema (este é mais amplo). Para formulação da pauta o jornalista pode fazer um plano de ação no qual ele definirá as informações obtidas, as que precisa obter e lista de fontes onde poderá consegui-las. Na pré-produção será feita a analise das fontes, usando da idealização de Nelson Traquina a esse respeito, Luiz diz que as fontes serão escolhidas levando em conta três fatores: a hierarquia da autoridade, a produtividade (qualidade e quantidade de informações que ela pode dar) e sua credibilidade. As fontes poderão ser abordadas levando em conta ordem de importância ou a ordem de critica. Na ordem de importância sairá das fontes menos importantes para as mais importantes, pela ordem de critica será abordado primeiro as fontes desfavoráveis e depois as favoráveis. Durante a produção o repórter tem a chance de detectar erros de avaliação de sua pauta e o implicado na noticia tem sua chance de defesa. O repórter não pode contentar-se com apenas um aspecto da história, ele precisa validar as informações com pelo menos duas outras fontes e só poderá publicar sua matéria quando tiver informações abundantes e precisas, mesmo que pra isso tenha q voltar a contatar as fontes.
Depois de escrita matéria ela será revisada pelo editor que precisa verificar uma lista de checagem dada por Costa, onde está presentes o respaldo das informações fornecidas, se a matéria é justa com todos os envolvidos e se falta algo. Para a etapa de fechamento, Luiz Costa traz as considerações feitas por Kovach e Rosenstiel que traz a técnica de verificação chamada de “edição cética”, onde o editor age de forma como se desconfiasse de tudo o que está escrito, ela é feito com o rigor de um interrogatório. Estão incluídos nesse método questões como: “Por que deveria o leitor acreditar nisso” e “Como sabemos disso”.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
CAPUTO, Stela Guedes, Sobre entrevistas: Teoria, prática e experiências- Petrópolis RJ: Vozes, 2006.Cap. 2 Pág.59-68
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Resumo: A apuração da notícia. Métodos de investigação na imprensa, Luiz Costa Pereira Junior. Petrópolis RJ : Vozes, 2006. Pág. 67-91.
Neste capítulo o autor, Luiz Costa Pereira Junior trata dos métodos de apuração da notícia. Usando o atentado terrorista de 11 de Setembro 2001, em torno do qual ocorreu um fértil volume de fatos imprecisos e não confirmados de especulação e boatos, espalhado mesmo por fontes confiáveis, marcou aquela que foi a maior mobilização já feita em torno de um mesmo fato. E para ilustrar essa situação o autor usa o exemplo dos jornais impressos brasileiros, que divulgaram informações equivocadas do número de mortos, assentando a insuficiência da mediação das agências e das fontes secundárias.
No jornalismo, construir sentido é reduzir incertezas. Cabe ao jornalista sedimentar uma realidade sólida para o público, sem enganá-lo com a falsa promessa de uma realidade ‘’real’’, pronta, acabada. Além de testar cada contradição entre fontes, até que a incongruência das versões seja descartada e reste somente uma versão em que se possa confiar.
A apuração de informações, a investigação, é a espinha dorsal do trabalho jornalístico. O produto do trabalho é sempre uma combinatória, o ato de apurar e escrever na impressa envolve tanto a retórica quanto a ética e a técnica.
O planejamento pode facilitar a apuração jornalística, o colombiano Daniel Samper nos oferece um roteiro passo-a-passo de uma apuração jornalística, que condensa uma série de reflexões difusas no mercado e nos meios universitários sobre a evolução de um trabalho de verificação de informações.
No planejamento deve-se levar em consideração a elaboração da pauta; a pré produção que é a análise estratégica das fontes levando-se em consideração a hierarquia da autoridade, produtividade e credibilidade; sequência de abordagem das fontes; a produção que é o contato com as fontes e checagem da informação. É preciso validar a informação com pelo menos duas outras fontes. Na linha de produção da notícia, o levantamento e o rigor na checagem estabelecem a qualidade da informação.
Na revisão do material apurado, diferentes círculos profissionais determinam procedimentos de material apurado, aplicável para revisão de última hora, como é o caso da lista de checagem sistematizada pela ASNE - Associação Norte-americana de Editores e Jornais traduzida pelo jornal da ANJ – Associação Nacional de Jornais.
Por último o fechamento. É feita a chamada ‘’edição cética’’- aquela feita com rigor de um interrogatório de tribunal. Segundo Sandra Rowe e Peter Bhatia, esse sistema pretende julgar detalhadamente a notícia com o objetivo de remover erros.orn
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Resumo do texto: “Os métodos de apuração” - Luiz Costa Pereira Junior
É preciso que o profissional da área saiba diferenciar o que são apenas rumores do que seria a notícia. Para isto, é necessário que exista uma prudência diante de julgamentos precipitados e checar as informações vindas de agências noticiosas e sites ou manter estratégicas que possam ressaltar esta ponderação. No caso do dia 11 de setembro, com poucas informações e notícias contraditórias que chegavam a todo o momento, o Jornal da Tarde tinha como critério definir as fontes confiáveis, como a CNN.
O texto “Os métodos de apuração”, demonstra que o acontecimento do dia 11 de setembro foi um grande exemplo de como há falhas no jornalismo. Mostrou o colapso da fé jornalista diante da obrigação em noticiar e a ausência de veracidade em alguns dados, a exemplo do surgimento de 10 mil mortos, quando, um ano depois, os números eram de 3.025. Era necessário buscar um sentido para o acontecimento para poder reduzir incertezas, na medida em que as peças do quebra-cabeça iriam se encaixando, por conta da averiguação minuciosa dos fatos, o entendimento para aquela catástrofe poderia ir surgindo aos poucos.
A partir de então, o texto aponta que para se fazer uma boa apuração é necessário um planejamento de investigações antes. O mecanismo de duvidar do que está diante de seus olhos é o principal princípio em se fazer jornalismo. E isto parte não apenas da edição, mas no momento em que a pauta é produzida. O autor ressalta a importância em se explorar o que existe nas mãos do jornalista, sendo as fontes, documentos ou publicações, é preciso duvidar e pesquisar, para que esta investigação tenha credibilidade e se torne, mais tarde, uma notícia.
Paula Morais
Resenha: A apuração de notícia – Luiz Costa Pereira Junior Cáp. 3.
O capítulo 3 do livro inicia-se com a análise da cobertura jornalística do ataque às torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001. Na primeira análise feita pelo autor há críticas severas às iniciativas de publicar dados imprecisos, sem checagem e de fontes inseguras. A cobertura deste acontecimento pelos jornais impressos mudou a estrutura padrão, aumentado o número de jornalistas nas redações, assim como o número de páginas impressas sobre o caso. Os critérios de checagem limitaram-se em definir fontes confiáveis e ficar atento às atualizações. O autor afirma que “o desafio do repórter é encontrar evidencias soterradas em camadas de versões, procurar certezas em situações de incertezas” o que mostra a importância dos critérios adotados pelo jornalista para conseguir chegar a um fim especifico.
Para combater a incerteza e criar textos sólidos, Pereira Junior afirma que “o levantamento de informações dependerá do compromisso do repórter com a visão plural de cada fenômeno ocorrido”. A visão plural é a conjugação do nível de certeza e a necessidade de solidez.
Segundo Bill Kovach e Tom Rosenstiel no livro “Os elementos do jornalismo” dizem acerca da apuração que “os métodos são em geral informais e localizados, nem sempre generalizáveis” mas que temos que utilizar da retórica, ética e técnica.
Para a qualidade da matéria é necessário também, o planejamento de investigações através da disciplina com seqüência de procedimentos, do planejamento da apuração, na revisão, do material apurado e na revisão das informações editadas.
Através da divisão da pauta em três momentos de: pré-produção, produção e pós-produção, o autor elabora uma serie de passos a serem seguidos com inúmeras perguntas a serem checadas antes, durante e após a elaboração da pauta.
O plano de ação relaciona informações, fontes, e locais de pesquisa dos dados que estão faltando com a viabilidade e tema da pauta.
Um breve resumo do plano de ação pode ser entendido como a organização na escolha das fontes por hierarquia, produtividade e credibilidade, na criticidade e importância de cada uma, juntamente com a checagem de informação, revisão, lista de checagem de perguntas e edição cética.
Thais Motta
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. (Cap. 3 – p67-91)
Neste capítulo o autor trata sobre métodos de apuração da notícia. Inicia-se o capítulo narrando sobre os diferentes dados divulgados por diversos veículos de imprensa brasileira sobre o atentado de 11 de setembro de 2001 aos EUA. Ao destacar este fato o Pereira Júnior tem a intenção de demonstrar como pode ser falha a cobertura de qualquer fato caso não seja feita a apuração devida, levando em consideração os principais agravantes como a velocidade da divulgação das notícias, estimativas sensacionalistas e confiança demasiada em diversas fontes.
A apuração é a redução das incertezas, “não cabe ao jornalista transferir dúvidas ao público. Ele tem de apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência d versões seja descartada, e reste só um relato em que se possa confiar”, afirma Ricardo Noblat em A arte de fazer um jornalismo diário, citado pelo autor.
Confrontar informações, até que elas cheguem a um denominador comum, esse é o difícil de se fazer durante uma apuração. Talvez o que mais dificulte o processo de investigação são os recursos que na maioria das vezes é escasso ao jornalista no momento da entrevista, por esse motivo o treinamento de um saber empírico impera nessas situações. A rotina de apuração dos fatos acabou por estabelecer um processo de edição que tem por objetivo verificar, ou seja, reduzir as incertezas próprias do jornalismo. Esse processo compreende o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.
O autor cria um modelo para ilustrar um planejamento de uma investigação jornalística, que se for incorporada ao ato diário do jornalista demandará menos tempo do mesmo para a apuração concreta. Este modelo se subdivide em: Elaboração da pauta( pista inicial + sondagem inicial+ preparação da pauta), Pré-produção (analise de fontes + seqüência de abordagens), produção (confrontação de informações + checagem), pós produção ( redação + produção visual da reportagem +reserva de documentação).
O momento de fechar a matéria não é tão simples quanto parece, o editor precisa testar a apuração da sua equipe, dessa forma, precisa fazer uma avaliação e edição céticas de todo o material apurado. Esse processo tem por objetivo avaliar todas as linhas, declarações e afirmações contidas na matéria, a fim de remover todo e qualquer erro presente na matéria final, é uma avaliação precisa dos fatos.
PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. P.67-91.
Resumo dos capítulo 3 do livro "A apuração da notícia - métodos de investigação na imprensa" de Luiz Costa Pereira Junior
Segundo o autor, construir sentido é reduzir incertezas no jornalismo, ou seja, noticiar é selecionar fatos para organizar um sentido. A função do jornalista é sedimentar uma realidade sólida para o público. O exemplo dos atentados de 11 de setembro deixa claro que a busca pela verdade dos fatos é, na realidade, a busca pela legitimação de um sentido. O grande desafio é encontrar evidências soterradas em camadas de versões, sendo o jornalista um processador das camadas verificáveis da realidade.
Partindo do princípio que a notícia é construída no cuidado com a verificação, o rigor na apuração deve partir da premissa de que cada afirmação, cada linha, só deve ser mantida depois de respaldada. O repórter, de acordo com Pereira Jr, tem um compromisso com a visão plural de cada fenômeno ocorrido. A conduta do jornalista só poderá ser a de quem busca uma única e exclusiva “verdade”, entretanto ele ressalta que o profissional deve possuir espírito aberto para não cegar diante da evidência contrária ou ignorar a pluralidade de versões possíveis.
A espinha dorsal do trabalho jornalístico é a investigação e apuração de informações, o que faz um relato impresso ser jornalismo, não literatura. Contudo, o processo é impreciso, pois envolve a retórica, a ética e a técnica, fazendo com que o produto do trabalho jornalístico seja sempre uma combinatória desses fatores.
O planejamento pode facilitar a apuração jornalística. O colombiano Daniel Samper apresentou uma série de etapas para a investigação, servindo no texto de Pereira como um roteiro para a apuração, complementado com contribuições de outros autores. A primeira fase do planejamento da apuração trata-se da elaboração da pauta em que é feita a sondagem inicial e a apuração preliminar. A segunda fase é a pré-produção, quando são analisadas as fontes e é dada a sequência de abordagem. A produção propriamente dita acontece na terceira fase, tendo como principal característica a confrontação de informações e a checagem.
Na hora do fechamento, a chamada “edição cética” é um dos sistemas familiares à imprensa americana para um editor testar a apuração de sua equipe. Feita com rigor de um interrogatório de tribunal, esse sistema prescreve julgar a matéria linha por linha, declaração por declaração, editando as afirmações e os fatos para que não ocorram erros inconscientes.
Por Thuanne Silva
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa”. P. 67-91
No capítulo 3 do livro “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa” o autor Luiz Costa faz uma abordagem sobre a necessidade de apuração das notícias antes da veiculação e sobre os métodos que fazem parte dessa apuração. O capítulo começa citando o ataque terrorista acontecido em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A dimensão do acontecimento juntamente com a necessidade urgente de transmitir o que estava acontecendo para o resto do mundo gerou uma instabilidade nas redações, a velocidade com que as informações chegavam, a imprecisão dos fatos e a necessidade de divulgação imediata favoreceram os erros na divulgação dos fatos, além da pressa e da confiança em determinadas fontes consideradas confiáveis. Desse modo, o autor começa a falar sobre a construção do sentido de uma notícia. É impossível contar a realidade de forma integral, ou seja, o sentido da realidade é construído a partir da seleção de fatos e essa seleção é feita a partir do jogo de versões seguido da apuração desses fatos.
O papel do jornalista é traduzido como aquele que busca “uma única e exclusiva verdade”, ou seja, a apuração, a redução das incertezas e a busca por informações sólidas constituem os principais pontos da construção dessa “Verdade”. O que distingue a literatura do jornalismo é justamente a apuração de informações, a investigação dos fatos. Porém, o espaço entre o acontecimento de um fato e sua publicação gera algumas divergências quanto aos critérios de checagem de informação. De acordo com o autor, apesar das convenções sobre a determinação dos fatos, faz-se necessário um sistema que vise testar a confiabilidade da interpretação jornalística, mas considera ainda que por conta da própria natureza da atividade jornalística o processo de apuração se torna impreciso. “O produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória”, acrescenta.
O processo de investigação demanda uma série de recursos que nem sempre estão disponíveis para os jornalistas, dessa forma, a apuração acaba por se constituir como um saber empírico e não sistemático. A rotina de apuração dos fatos acabou por estabelecer um processo de edição que tem por objetivo verificar, ou seja, reduzir as incertezas próprias do jornalismo. Esse processo compreende o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.
Ao planejar a apuração das notícias, deve-se levar em conta uma série de etapas para a investigação. A elaboração da pauta é o primeiro passo para apurar. Segundo Pereira, deve haver uma sondagem inicial, que cria uma base de informações que sustentam a investigação. Além da elaboração da pauta faz-se necessária a formulação de um plano de ação que ajuda a organizar o que, de fato, a reportagem quer dizer. A pré-produção da matéria é outro ponto chave na apuração. Antes de a matéria ser produzida, as fontes que serão utilizadas devem ser organizadas de maneira estratégica. Essa organização abrange a hierarquia da autoridade, a produtividade e a credibilidade das fontes. Além desses fatores, as fontes devem ser abordadas também de maneira estratégica, de acordo com sua importância e considerando a ordem crítica, de acordo com o assunto.
A produção da matéria vai desde o contato com as fontes até a checagem de todas as informações, ou seja, é o momento propício para o repórter detectar e corrigir possíveis erros na pauta, abrir espaço para novas informações e validar todas as informações com pelo menos duas outras fontes.
O processo de revisão do material apurado é, portanto a última oportunidade de correção da matéria. Para checar essas informações de forma prática, a Associação Norte-americana de Editores e Jornais (ASNE) sistematizou uma lista de checagem que foi traduzida pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ). A criação dessa lista de checagem permite ao editor ter maior controle sobre o material apurado pelo repórter.
O momento de fechar a matéria não é tão simples quanto parece, o editor precisa testar a apuração da sua equipe, dessa forma, precisa fazer uma avaliação e edição céticas de todo o material apurado. Esse processo tem por objetivo avaliar todas as linhas, declarações e afirmações contidas na matéria, a fim de remover todo e qualquer erro presente na matéria final, é uma avaliação precisa dos fatos.
O autor Luis Costa Pereira Júnior compara as informações publicadas por jornais no dia posterior ao atentado das torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, episódio que causou furor em todas as redações. Enquanto o Agora São Paulo estampa a capa com o número de mortos avaliado no início (10 mil), o Jornal do Brasil usa a fala do presidente Bush para determinar o número de vítimas (“milhares”). Somente um ano depois que foi consolidado o numero verdadeiro (3.025). Àquela época, muitas informações imprecisas foram passadas, inclusive por fontes confiáveis. Como não era possível dar a notícia em primeira mão, os jornais ficaram reféns das agências internacionais. Nessa situação, os rumores tomaram consistência de fatos. Editores de veículos brasileiros coordenavam a cobertura de um fato que nem a imprensa americana tinha domínio. Cada jornal criou estratégias para nortear a cobertura. O Estadão publicou, por exemplos, dados de cinco agências e seis jornais internacionais diferentes. Já a Folha de São Paulo evitou usar agências e utilizou as fontes mais exclusivas que tinha, mesmo que não houvesse pessoal suficiente no local do fato. Pereira entende que três motivos podem ter feito o Agora publicar as 10 mil mortes: a pressa, a confiança em agências e a propensão a apreciar tudo que causa espanto. As informações entre os veículos variaram por conta do procedimento, da forma como se comparou as informações de agências noticiosas e o modo como se calculou a solidez das fontes.
Para construir um sentido em jornalismo, é preciso reduzir as incertezas. Porém, o jornalista deve passar ao público uma versão inacabada dos fatos, com brecha para interpretações. O trabalho é dizer como aconteceu, mas o público que irá criar o próprio sentido da realidade. A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento das informações. É um jogo de versões e construção de realidades: o trabalho não termina ouvindo “o outro lado”. É preciso impedir publicação de versões que se anulam.
Pereira cita Ricardo Noblat, no livro A Arte de fazer um jornal diário, “não cabe ao jornalista transferir dúvidas para o público. Ele tem que apurar cada contradição entre as fontes, até que só haja só um dado em que confiar. O rigor deve partir da proposição de que cada linha só deve ser mantida se respaldada.
O autor diz que é preciso conjugar dois fatores para uma boa apuração: a incerteza e a solidez. Mesmo que busque unidade na “verdade” tem que estar aberto para não ignorar as versões possíveis. Pereira enuncia que a apuração é que distingue o jornalismo de literatura. Bill Kovach e Tom Rosenstiel, em Os elementos do jornalismo, observaram a falta de consenso entre profissionais do meio sobre os métodos de investigação. O autor considera que no jornalismo a aplicação de procedimentos rígidos não determina a confiabilidade do processo. A natureza da atividade faz com seja uma combinação da retórica, da ética e da técnica.
De forma geral, haveria três fatores que poderiam testar a apuração: o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas. O planejamento apresentado pelo colombiano Daniel Semper, em 1991, em nome do Centro Técnico da Sociedade Interamericana de Imprensa une uma série de reflexões difusas no mercado sobre a evolução de uma investigação. Semper enumera quatro fases: a elaboração da pauta, a pré-produção, a produção e a pós-produção. Nesses setores do processo, estariam presentes a apuração preliminar, a utilização de critérios para avaliar as fontes e sua ordem de investigação, além do contato com os envolvidos. Para revisar o material apurado, há uma lista de checagem sistematizada pela Associação Norte-Americana dos Editores de Jornal com perguntas como a “Chequei ao menos duas vezes todos os nomes, títulos mencionados e informações citadas na matérias”, sobre a exatidão das informações e “A matéria é justa? Todos os indivíduos foram identificados, contatados e tiveram oportunidade de falar?”, sobre a importância da pluradidade na apuração.
PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. P.67-91.
- Versões em jogo
Na sequência, o autor parte da premissa “noticiar é selecionar fatos para organizar um sentido” para descrever o jornalista como um verificador da realidade, ou seja, dos fatos, sejam eles acessíveis ou inacessíveis, como foi o caso do 11 de setembro, quando as redações ficaram à mercê das agências e das fontes secundárias. Dessa forma, o que diferencia o jornalista é o levantamento de informações e, principalmente, a verificação delas, sendo insuficiente apenas “ouvir o outro lado”. Citando Ricardo Noblat, Pereira Junior ressalta que o jornalista deve apurar as contradições até sobrar um relato, a “unidade” que se pode confirmar, muitas vezes até pela sobreposição de relatos.
- Incertezas e solidez
O jornalista, para o autor, deve buscar uma única e exclusiva “verdade”, mas sem perder o compromisso com a “visão plural”, ou seja, sem ignorar as diferentes versões de um mesmo fato, e a humildade de enxergar passível de erros essa “construção de sentido”. Essa “visão plural” e “humildade” flexibilizam, no entanto, a funcionalidade do método de investigação, já que não são qualidades inerentes a qualquer jornalista. A partir dessa análise, Pereira Junior reitera a importância da honestidade na apuração e do rigor e desconfiança na verificação.
- Método fugidio
“A apuração é a espinha dorsal do trabalho jornalístico”, escreve o autor que, em seguida, trata da falta de consenso entre os jornalistas quanto aos critérios de checagem de informação e como é difícil realizá-los corretamente em meio à agitada rotina jornalística.
- Planejamento de investigações
Em um contexto repleto de dificuldades, como a diminuição das redações e a longa carga horária, de acesso fácil a dados através da internet e de assessorias de imprensa que enviam matérias quase prontas às redações, a investigação jornalística depende como nunca da confiança na triangulação de fontes e no encadeamento do fato numa rede coerente de eventos. Pereira Junior coloca ainda que, apesar das tentativas de sistematizar o ato de apurar, em função dessas dificuldades, ele continua sendo um saber aprendido de maneira empírica e, não, um saber universalizado.
- Uma questão de disciplina
O autor tenta esquematizar uma interseção entre os métodos de investigação através de três momentos-chave: o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.
1. Ao planejar a apuração
Pereira Junior se baseia no quadro realizado por Daniel Samper para abordar esse primeiro momento da apuração dividido por este em quatro fases: a elaboração da pauta, a pré-produção, a produção e a pós-produção
A elaboração da pauta, momento em que se deve fazer uma sondagem inicial checando se a pauta é viável e se ela se justifica, e um plano de ação com as relações das informações obtidas e que faltam, além da elaboração de uma lista de fontes. Nesse trecho do texto, o Pereira Junior define “pauta”, “ângulo”, “tema” e “ponto de vista”, sendo o primeiro referente ao rumo do trabalho, o segundo ao recorte da realidade. Já “tema” é algo mais amplo que inclui a pauta e “ponto de vista” é a interpretação que se faz do fato.
Para abordar a apuração na pré-produção, o autor cita Nelson Traquina e a sua avaliação dos critérios usados por jornalistas para classificar as fontes e a confiabilidade das suas informações. Estes critérios são: a hierarquia da autoridade, a quantidade e qualidade das informações oferecidas e a credibilidade da fonte. Pereira Junior lembra ainda da importância da sequência de abordagem das fontes analisada por Jacques Mouriquand. O jornalista deve abordar primeiro os “informadores”, ou seja, as fontes de menor importância, depois os contatos de média importância e, por fim, as fontes de real importância. Dessa forma evita-se que não se saiba o que perguntar às mais importantes.
A produção deve ser marcada pela contínua apuração de novas informações, já que a cada nova informação há mais para se investigar, e pela checagem constante das informações.
2. Ao revisar o material apurado
Com a matéria já pronta o próprio jornalista e também o editor devem checar novamente todas as informações com base em uma check-list, modelo que possui inúmeras variações, como a de Bill Kovach e Tom Rosenstiel.
3. Na hora do fechamento
Há métodos diversos de verificação na edição, como a considerada o ápice do ceticismo elaborada por David Protess.
Resumo dos capítulos 3 e 4 do livro “A apuração da notícia (Métodos de investigação na imprensa)” de Luiz Costa Pereira Júnior.
PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2006. P.67-91.
Este resumo trata do livro “A apuração da notícia: Métodos de investigação na imprensa”, de Luiz Costa Pereira Junior. O assunto discutido é retirado mais precisamente dos capítulos 3 e 4. O autor inicia citando o ocorrido em 11 de Setembro, nos EUA, enfatizando a maneira como os veículos de comunicação lidaram com o grande fluxo de informações desordenadas e como os rumores facilmente se tornaram fatos na tentativa de manter o público sempre informado.
Pereira Jr segue afirmando que a notícia é construída através da verificação, sobre o alicerce da procura de informações e que o ato de noticiar é selecionar fatos para organizar um sentindo e reduzir incertezas. Um dos desafios do repórter é procurar certezas em situações incertas. Ainda cita Ricardo Noblat, em A arte de fazer um jornal diário quando ele afirma que o jornalista dever apurar cada contradição entre as fontes disponíveis até que estas sejam descartadas e reste apenas um relato confiável.
O autor define que a conduta do jornalista deve ser baseada na busca incessante pela verdade, mas sem deixar de considerar evidências contrárias ou a pluralidade das versões possíveis. O que se faz necessário diante dessa conduta é a honestidade na apuração, o rigor na verificação, a desconfiança diante de toda fonte de informação.
O próximo ponto discutido é a inexistência de um método geral de verificação e comprovação da veracidade das informações recebidas, citando Bill Kovach e Tom Rosenstiel em Os elementos do jornalismo, quando afirmam a falta de consenso profissional quanto a critérios de checagem de informações. Isso é confirmado até mesmo pelo próprio cotidiano dos jornalistas, alimentado por realidades nem sempre verificáveis, constatações duvidosas, fatos sem testemunho etc. Por todas as dificuldades encontradas na sua realização, como a falta de tempo, o número reduzidos de funcionários em uma redação para apuração de um grande número de informações, o acesso fácil a dados sem investigações etc, é compreensível que o ato de investigar seja um saber acumulado empiricamente.
Pereira Junior afirma também que a apuração de informações implica uma determinada sequência de procedimentos. O passo importante é o planejamento da apuração que é demonstrado utilizando um resumo feito por Daniel Samper, em 1991, que inclui a Elaboração de Pauta (pista inicial + sondagem inicial + preparação da pauta), Pré-produção (análise das fontes + sequência de abordagem), Produção (confrontação de informações + Checagem) e Pós-produção.
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. Rio de Janeiro: Vozes, 2006. P.67-91.
A partir do exemplo das coberturas jornalísticas do ‘11 de setembro’, Pereira Junior mostra erros cometidos devido à pressa de se publicar algo que fornecesse sentido para aquele atentado. Para o autor, a realidade não pode ser contada por inteiro, daí a necessidade de selecionar fatos para se organizar um sentido.
Em meio a tantas versões e dados duvidosos, o desafio do jornalista é encontrar evidências e certezas. Dar sentido aos fatos é apurar cada contradição de versões até eliminar as incoerências. O levantamento de informações dependerá do compromisso do repórter com a visão plural dos fatos, o que significa para Pereira Junior ter consciência de como é relativo o que se apurou e entender a necessidade de solidez que o destinatário tem.
Nunca se fizeram tão necessários o rigor na verificação, a honestidade na apuração, e a desconfiança diante de toda fonte, uma vez que falta consenso profissional quanto a critérios de checagem de informações. Em Os elementos do jornalismo, Bill Kovach e Tom Rosenstiel avaliam que pouco tem feito para desenvolver um sistema para testar a confiabilidade da interpretação jornalística.
Investigar requer tempo e esforço e se torna ainda mais difícil quando se tem uma redação enxuta e uma carga horária exaustiva. Diante destas dificuldades, é compreensível que o ato de investigar seja um saber acumulado empiricamente.
Um esquema geral apresentado por Daniel Samper, em 1991, serviu de ponto de partida para reflexão sobre o planejamento de uma apuração jornalística. Neste esquema consta uma série de etapas para investigação jornalística, cujos procedimentos foram divididos em quatro fases: elaboração da pauta; pré-produção; produção e pós-produção, sendo que a última não consta no presente capítulo.
Na fase de elaboração de pauta, se faz uma apuração preliminar, uma pesquisa prévia. Em seguida, para ajudar a organizar o que a reportagem quer demonstar, relaciona-se as informações já obtidas e as que ainda faltam. Na fase de pré-produção, as fontes são analisadas estrategicamente.
Segundo Nelson Traquina, os jornalistas usam alguns critérios para avaliar as fontes, como a hierarquia da autoridade, a quantidade e a qualidade de informação que determinada fonte pode fornecer, e a credibilidade, de modo que as informações cedidas por elas demandem o mínimo possível de controle.
Não há sistema de abordagem de fonte que seja infalível, para que pendências de informação sejam evitadas Pepe Rodríguez sugere ordens em que se deve manter contato com as fontes, são elas: ordem de importância, partindo da fonte de menor importância informativa para a maior, e ordem de crítica, onde se começa com as fontes desfavoráveis até chegar às favoráveis.
A fase de produção é o momento de o repórter detectar erros de avaliação da pauta e de checar informações, pois o levantamento e o rigor na checagem estabelecem a qualidade da informação.
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “Os métodos de apuração”. In: A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, Ed. Vozes, 2006, p. 67-91.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Resumo de "A apuração da notícia"
Resumo - Luiz Costa Pereira Júnior
Livro: “A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa”
Autora: Luiz Costa Pereira Junior
Parte do livro: Os métodos de apuração – Capítulo 3
Aluna: Nathália M. C. Mattos
O capítulo 3 do livro “A apuração da notícia” trata dos métodos utilizados para apurar a realidade que será noticiada. Para isso, apresenta teorias de autores que exemplificam como apurar a realidade, para que as notícias sejam confiáveis e os jornalistas consigam exercer os desafios da profissão.
O primeiro exemplo utilizado é o atentado ao World Trade Center, com a queda de um avião em Pittsburgh, na Pensilvânia, que desestabilizou o planeta. O exemplo vem ao caso, pois, o número de vítimas somente foi anunciado corretamente um ano depois do ocorrido. A Imprensa americana não conseguia ter esse domínio e para amenizar a imprecisão dos dados, algumas fórmulas eram utilizadas pelos jornalistas: “circulam rumores”, “tudo indica”.
Dessa maneira, cada veículo criou suas estratégias para relatar os fatos em meio a quantidade enorme de informação desordenada. Em alguns casos, como esse dos E.U.A, mesmo sem ter os dados mais precisos, a exatidão se torna menos importante do que a necessidade de relatar o que está acontecendo em alguma parte do mundo.
Um desastre, como o do World Trade Center, provou aos jornalistas que um relato humano e próximo pode ser mais importante do que a exatidão de dados numéricos. Os dados divulgados não eram reais ou falsos, eram os disponíveis naquele momento.
O autor afirma que no jornalismo construir sentido é reduzir incertezas. Na opinião dele o atentado de 11 de setembro deixou mais do que evidente que a busca pela “verdade dos fatos” é no fundo pela legitimação de um sentido.
Ele define o desafio do repórter como: o de encontrar evidências soterradas em camadas de versões, de procurar certezas, pois, segundo ele, o jornalista não é só testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso, ele é um processador das camadas verificáveis da realidade.
O que distinguirá os jornalistas são os critérios que não os deixarão serem levados por falhas de percepção, pela rotina produtiva e pelo engano das fontes.
Jean Baudrillard afirma que “na medida em que não é desmentida, uma notícia circula como provável”. Por isso, o cuidado deve ser redobrado nessa profissão de relatar fatos para a sociedade.
O jornalista tem a função de apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência de versões seja descartada e reste só um relato em que se possa confiar. Deve ser feito um check list das informações, eliminando o que não for confirmado por mais de duas fontes, segundo a tradição de Washington Post.
O repórter deve ter compromisso com a visão plural que se conjuga de dois fatores: o nível de incerteza (a consciência da fragilidade dos resultados) e a necessidade de solidez (saber o quanto o destinatário deseja determinada informação para posicionar-se).
Alguns aspectos são destacados no capítulo como necessários durante a apuração: a honestidade, o rigor na verificação, a desconfiança diante de toda fonte de informação com que nos deparamos.
Para Pereira, a espinha dorsal do trabalho jornalístico é a apuração de informações e a investigação.
Já para os autores Bill Kovach e Tom Rosentiel, embora a profissão tenha desenvolvido várias técnicas e convenções para determinar os fatos, pouco tem feito para desenvolver um sistema para testar a confiabilidade da interpretação jornalística.
Alguns aspectos negativos do cotidiano do jornalista são enumerados: realidades nem sempre verificáveis, por constatações duvidosas, fatos sem testemunho direto, press releases farsantes, histórias plantadas, títulos criados antes da matéria existir, horários de fechamento curtos, Redações enxutas, profissionais sobrecarregados.
Dessa maneira, o autor afirma que o produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória.
Investigar é caro, demanda tempo e esforço e a lógica dos investimentos é geralmente voltada para a modernização tecnológica e a infraestrutura, menosprezando muitas vezes a produção do conteúdo qualificado. Existem as tentações da era da internet que proporciona facilidade na obtenção de dados, sem que se faça a investigação, além das assessorias de imprensa que mastigam informações.
A apuração de informações implica em uma determinada seqüência de procedimentos, coincidentes em autores e jornalistas distintos. Existem três momentos em que se pode testar a disciplina de verificação adotada em uma reportagem: planejamento da apuração, revisão do material publicado e na revisão das informações editadas.
Resumo - Daniel Samper (1991) serve como uma espécie de roteiro:
Os passos da investigação jornalística
Fase 1: Elaboração de pauta
Pista inicial + Sondagem inicial + Preparação de pauta
Fase 2: Pré – Produção
Análise das Fontes + Seqüência da abordagem
Fase 3: Produção
Confrontação de informações + Checagem
Fase 4: Pós Produção
Redação + Produção visual da reportagem + Reserva de documentação
A elaboração da pauta é definida como a exploração das fontes, documentos e publicações. É obter uma base de informações, saber a credibilidade das fontes e estabelecer a viabilidade da pauta.
Sobre a ideia de pauta, afirma-se que toda reportagem tenta dar resposta a uma curiosidade ou lançar uma hipótese sobre a realidade. Pauta não é tema, não busca confirmar o que já se sabe. Pauta que é pauta define o rumo do trabalho, o ângulo, a escolha de uma ou várias nuances do que será apurado, o recorte da realidade, sob modo novo que será abordado a questão.
Já a pré-produção é apresentada como todo o processo de avaliação das fontes, a obviedade nem sempre óbvia de que os fornecedores de informação são pessoas e instituições que defendem seus interesses acima de tudo.
O capítulo traz também definições da hierarquia de autoridade, produtividade e credibilidade, como veremos a seguir.
Hierarquia de autoridade – fontes oficiais ocupam posições institucionais de autoridade que segundo Traquina, são ouvidas “mais pelo que se é do que pelo que se sabe’.
Produtividade – fontes institucionais fornecem material muitas vezes suficiente para uma notícia. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar.
Credibilidade – entrevistados que em outras ocasiões forneceram fatos confiáveis, tem maior chance de continuarem a ser acessadas pelo jornalista, até virarem fontes regulares.
O risco de privilegiar fontes por tais critérios é o da dependência dos canais de rotina. É preciso muito cuidado para não cair no círculo vicioso da hierarquia rígida entre as fontes de informação. Para evitar o ‘jornalismo declaratório’ que se satisfaz com depoimentos de celebridades, políticos e empresários.
Não há sistema de abordagem de fonte que seja infalível.
Para Pepe Rodríguez alguns tipos de abordagem podem auxiliar o jornalista:
• Abordagem por ordem de importância: repórter deve documentar-se ao máximo, abordar as fontes de menor para a de maior importância informativa, pois isso amplia o conhecimento que se tem do fato e permite que se chegue melhor preparado para as outras entrevistas.
• Por ordem de crítica: iniciar pelas fontes desfavoráveis, depois as neutras e por último as favoráveis, dará parâmetros mais equilibrados para a entrevista com as fontes favoráveis.
Já a Produção pode ser denominada como a validação das informações através de no mínimo duas fontes, pois, cada apuração abre novos vazios de informação a serem preenchidos por mais investigação.
PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2006. P.67-91.
A cobertura de determinados jornais brasileiros ao ataque terrorista no World Trade Center, em 11 de setembro de 2001 serviu de laboratório para o jornalista Luiz Costa Pereira, autor do livro A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa, numa análise sobre apuração dos fatos.
O jornal Agora São Paulo estampou que 10 mil pessoas morreram no acontecido, a Folha, O Globo e Estadão noticiaram 6 mil vítimas, sendo que o número exato foi divulgado um anos depois: 3.025. Com tais exemplos, o ensaísta introdução o terceiro capítulo do livro, que mostra ao leitor os métodos utilizados para um jornalista não cometer erros no desenrolar de sua pauta. Depois da introdução, ele expõe declarações dos editores dos jornais citados, onde eles relatam como as notícias daquele fato que parou o mundo, eram conseguidas. Diz que as citações “circulam rumores” ou “tudo indica” eram encontradas constantemente nas reportagens daquele dia.
Fala sobre o papel do jornalista de organizar e escolher o que será noticiado. “A realidade não pode ser contada aos outro por inteiro, noticiar é selecionar fatos e organizar sentidos” (p.70). Enfatiza que o desafio do repórter é encontrar evidências soterradas nas camadas de versões, procurar certezas em situações de incerteza.O jornalista é remetido ao papel de processador de camadas, de investigador de outras versões, pois ele é a testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso. “A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações” (p.71).
Sobre o rigor da apuração é dito que deve ser feita a partir de uma premissa muito simples: cada afirmação, só deve ser mantida depois de respaldada. Afirma que a conduta de um jornalista deve ser de quem busca uma única e exclusiva “verdade” e que não se deve acreditar piamente na boa-fé das fontes, pois podem mentir de propósito ou por acreditarem que estão dizendo a “verdade”.
A apuração é tida pelo autor como a espinha dorsal do trabalho jornalístico e que o ato de apurar envolve tanto a retórica quanto a ética e a técnica, pois o produto do trabalho é sempre uma combinatória.
Diz que investigar é caro, demanda tempo e esforço. Os jornalistas são tidos como vítimas dos manuais de jornalismo, cuja ênfase recai da pedagogia do estilo, não da apuração. Sofrem as tentações da internet, com o acesso fácil a dados sem que se faça investigação, e das assessorias de imprensa, que mastigam informação para Redações despovoadas e sobrecarregadas.
Disponibiliza três momentos para que se possa testar a disciplina de verificação adotada numa reportagem: 1. Planejamento de apuração, 2. Revisão do material apurado, 3. Na revisão das informações editadas.
O livro mostra uma esquematização em quatro fases, etapas que o jornalista deve seguir para uma boa linha de apuração. Esse quadro foi apresentado pelo colombiano Daniel Samper, em 1991. FASE 1 – Elaboração da Pauta; FASE 2 – Pré-Produção; FASE 3 – PRODUÇÃO e FASE 4 – Pós-produção.
ELABORAÇÃO DA PAUTA: A sondagem inicial: Segundo o autor é a apuração preliminar, a exploração das fontes, documentos e publicações, numa pesquisa prévia à formulação da pauta. A pauta propriamente dita: Pauta não é tema, é aquilo que será levado ao público sem que ninguém tenha pensado em fazê-lo ou percebido. Após a sondagem inicial, um bom apoio para a formulação da pauta é o plano de ação com o qual se espera obter informações e ajudar organizar o que a reportagem quer mostrar.
PRÉ-PRODUÇÃO: Análise estratégica das fontes: Segundo Traquina, os jornalista usam alguns critérios para avaliar as fontes: 1. Hierarquia da autoridade – dificilmente gerará desconfiança a informação dada por alguém de prestigio ou de alta posição social. 2. Produtividade – Fontes institucionais geralmente fornecem materiais muitas vezes suficientes para uma notícia, poupando tempo e esforço. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar. 3. Credibilidade - Fontes devem ser confiáveis que a informação fornecida por elas exige o mínimo possível de controle. Por fim fazer uma análise por ordem de importância e crítica do que foi recolhido como material.
PRODUÇÃO: Checagem da Informação: O jornalista não pode concentrar-se com apenas um (ou poucos) dos diversos aspectos possíveis da história. É preciso validar a informação com pleno menos duas outras fontes. O repórter não pode bancar uma afirmação sem confirmá-la. A pressa não é desculpa de má apuração.
Segundo o autor: “Uma reportagem pode nos contar muito sobre o trabalho que foi fazê-la. Assim que escrita, um editor pode fazer um tira-teima das informações apuradas e checar a validade do que é notícia” (p.88). Por fim, exibe uma lista de checagem com questionamentos que analisam o conteúdo do material feito. Exemplo: As informações do lide estão suficientemente respaldadas? As informações de pesquisa estão completas?
segunda-feira, 11 de abril de 2011
CAPUTO, Stela Guedes. “Sobre entrevistas: teoria, prática e experiências”. Petrópolis – RJ : Vozes, 2006. P. 59-68
Em determinado capítulo no livro mencionado no título, a autora faz uma breve lista descrevendo práticas importantes que um estudante de jornalismo ou um recém formado na área precisa saber para executar boas entrevistas. Tais técnicas, como ela mesma diz, são gerais, básicas, que se forem esquecidas podem causar grandes transtornos.
Segue abaixo um resumo das “Notas sobre entrevistas (ou 15 coisas que não podemos esquecer quando entrevistamos)” seguindo a divisão por tópicos do livro.
1. Pergunte primeiro se pode...
Gravar ou fotografar o entrevistado. Primeiro deve-se explicar o que é a entrevista e para onde é, depois tem que perguntar se pode fazer gravação, pois ele pode querer dar informações com sigilo, e devemos respeitar se ele não quiser ser identificado ou fotografado, perguntando logo depois o motivo da recusa.
2. Esteja informado sobre o entrevistado
É imprescindível que o jornalista esteja bem informado acerca do entrevistado, e não se devem desprezar nunca as informações do editor sobre o assunto. Assim, o ideal é ler os dados que o lhe foram passados e buscar mais outras, a internet facilita muito.
3. Faça um roteiro
O ideal é que antes das entrevistas o jornalista prepare um roteiro com algumas perguntas que julgue fundamentais, mas que não se prenda unicamente a elas, que deixe espaço para criar novas questões no decorrer da conversa.
4. 1, 2, 3 testando...
Jamais confie plenamente na tecnologia e SEMPRE verifique seu material antes da entrevista. Veja se têm pilha e fita no gravador, se as pilhas não estão gastas, se o aparelho está funcionando, se ele está gravando mesmo, se ele não parou de funcionar no meio da conversa, etc.
5. Na dúvida, senhor ou senhora
O caminho mais acautelado para evitar gafes é perguntar antes como o entrevistado ou entrevistada prefere ser tratado. Se a dúvida persistir, e o jornalista se sentir envergonhado de perguntar, melhor que use senhor ou senhora, pois passa a idéia de respeito e de pouca intimidade.
6. Ouça de verdade
Para uma boa entrevista é preciso que ocorra uma fidedigna conversa, um diálogo autêntico. Muitos jornalistas se atêm às perguntas que aprontaram e não prestam atenção à resposta do entrevistado porque estão ansiosos para fazer a outra pergunta.
7. Não dispute com o entrevistado
O jornalista deve pensar como o leitor e fazer as perguntas como se fossem eles, mesmo que já saiba as respostas. Assim como o entrevistador não deve aparecer mais do que o entrevistado. O fato é que pode ser apresentada uma questão a ele (o entrevistado) desde que não seja uma tese inteira, podendo expor o seu pensamento, mas lembrando sempre que não está entrevistando a si mesmo.
8. Não roube a idéia de ninguém
Não se deve fazer uma pergunta como se todo o conteúdo dela não tivesse referências além do seu conhecimento, ou seja, é necessário deixar claro as alusões e fontes com as quais construiu a entrevista.
9. Reconheça o limite
O jornalista deve buscar conseguir informações relevantes para a entrevista para que esta não fique sem sentido. No entanto, se o entrevistado se recusar a responder a uma determinada questão temos obrigação de voltar a ela, não esquecendo que não demos ser inconvenientes e mal-educados, nem usar de subterfúgios e truques para conseguir a informação. A transparência sempre é o melhor caminho para o diálogo.
10. Desconfie da memória
É melhor usar sempre um gravador, ele ajuda a ouvir o mais fielmente possível o que o entrevistado disse e evita transtornos. Além disso, em caso de entrevistados polêmicos o pequeno aparelho ajuda a provar que as informações publicadas são verdadeiras. O importante é anotar e não ter receio de perguntar novamente toda informação que julgar necessária.
11. Não invente ninguém
Se o jornalista perdeu suas anotações, pesquisas, gravações, etc., ele não pode inventar declarações e pessoas que não existem só para não levar bronca do editor. Portanto, deve manter a organização sempre para evitar este tipo de manobra indevida.
12. Tenha paixão
Para fazer boas entrevistas é preciso amar conversar com o outro e ouvi-lo. Amar a pesquisa, amar conhecer pessoas novas, amar um bom papo.
13. Pergunte por último...
“Tem alguma coisa que você gostaria ainda de falar?”. Essa pergunta é importante porque não é o entrevistador quem decide quando o jogo acaba, os dois devem estar de acordo, pois a entrevista precisa ser boa para ambos.
14. Escolha os temas e edite
Geralmente, quando fazemos uma escolha excluímos outra, ou várias, e o jornalista precisa tomar logo tais decisões. Apesar de ser uma tarefa difícil e dolorosa, a edição, em suas linguagens, é a arte de cortar bem o texto.
14.1 Organize os eixos
Quando há mais de um eixo na entrevista, o melhor a se fazer é separar os assuntos em blocos na hora da edição para facilitar para o leitor. E se na hora da entrevista o jornalista quiser voltar a um assunto já discutido pode usar o “voltando ao assunto...” sem problemas.
14.2 Eleja o título e olhos
Títulos são muito importantes e o jornalista deve saber fazê-lo. Uma boa idéia de título é uma boa frase dita pelo entrevistado entre aspas. Mas não é tão simples escolher a frase e nem é regra, é mais uma sugestão. Assim como o Olho, que é uma boa frase dita pelo entrevistado que queremos enfatizar além do título e pode ser mais de um.
14.3 Revise e publique
Na hora da transcrição e da edição podem aparecer inúmeros problemas, sendo muito comum o jornalista ter dúvida a respeito de uma palavra dita pelo entrevistado. Caso ocorra, deve ligar para o entrevistado e conferir. Mesmo que ele se sinta incomodado, vai gostar de saber que estão tentando ser fiel ao que disse em entrevista. Nas palavras da própria autora “A edição é o momento em que o jornalista tece, pinta, esculpe, é realmente um momento de arte. Aproveite esse momento, faça - o com prazer.”