sábado, 16 de abril de 2011

RESUMO: Os métodos de apuração (cap 3 do livro A apuração da noticia: métodos de investigação)

Neste capítulo Luiz Costa irá tratar dos métodos de investigação na imprensa. No inicio do capitulo ele usa o exemplo do que aconteceu na época do atentado de 11 de setembro para demonstrar os equívocos que podem ocorrer quando não se faz uma apuração de dados como se deve.

Luiz afirma que o ato de “noticiar é selecionar fatos e organizar em sentido”, pois não é possível numa reportagem expor a realidade pronta e acabada. Nesse sentido o maior desafio d repórter é “encontrar evidencias soterradas em camadas de versões, procurar certezas num jogo de incertezas”. Segundo Luiz, “o que distinguira o jornalista serão os passos que der para atingir o ‘disponível’ que chamamos de real, seus critérios para não se deixar levar por falhas de percepção, pela rotina produtiva, pelo engano das fontes”. O autor afirma que não cabe ao jornalista transferir dúvidas ao público, por isso, ele deve verificar as diferentes versões de fato publicando apenas aquela que se provar por meio de evidencias, somente será mantida a apuração que tiver respaldo.

O repórter precisa ter um compromisso em expor o que Costa chama de visão plural do fenômeno investigado, que é a conjugação do nível de incerteza, fragilidade dos dados, e da necessidade de solidez do fato, expô-lo da maneira mais consistente possível. No entanto, a própria natureza da atividade jornalística (redações enxutas, profissionais sobrecarregados, prazos curtos de fechamento) contribui para que o processo de construção da notícia seja impreciso. Para dar conta de fazer cumprir suas tarefas de forma precisa e consistente, driblando as armadilhas encontradas na internet e nos releases, os jornalistas precisam estabelecer um planejamento de investigação, que se manifestará na sequência de procedimentos de apuração das informações de uma reportagem. Luiz afirma que esses procedimentos serão executados em três momentos: no planejamento da apuração, na revisão do material apurado e na revisão das informações editadas.

Luiz serve-se do esquema de investigação jornalística elaborado por Daniel Samper e descreve no capítulo as fases de: elaboração da pauta, pré-produção e produção, ficando a cargo do capítulo 4 de seu livro descrever a etapa final, a pós-produção.

No estagio de elaboração da pauta o jornalista faz a sondagem inicial que é uma apuração preliminar, através da qual ele terá uma base de informação que direcionará sua investigação e estabelecerá a viabilidade de sua pauta, a partir desse momento ele passa para a confecção da pauta, que o autor faz questão de diferenciar de tema (este é mais amplo). Para formulação da pauta o jornalista pode fazer um plano de ação no qual ele definirá as informações obtidas, as que precisa obter e lista de fontes onde poderá consegui-las. Na pré-produção será feita a analise das fontes, usando da idealização de Nelson Traquina a esse respeito, Luiz diz que as fontes serão escolhidas levando em conta três fatores: a hierarquia da autoridade, a produtividade (qualidade e quantidade de informações que ela pode dar) e sua credibilidade. As fontes poderão ser abordadas levando em conta ordem de importância ou a ordem de critica. Na ordem de importância sairá das fontes menos importantes para as mais importantes, pela ordem de critica será abordado primeiro as fontes desfavoráveis e depois as favoráveis. Durante a produção o repórter tem a chance de detectar erros de avaliação de sua pauta e o implicado na noticia tem sua chance de defesa. O repórter não pode contentar-se com apenas um aspecto da história, ele precisa validar as informações com pelo menos duas outras fontes e só poderá publicar sua matéria quando tiver informações abundantes e precisas, mesmo que pra isso tenha q voltar a contatar as fontes.

Depois de escrita matéria ela será revisada pelo editor que precisa verificar uma lista de checagem dada por Costa, onde está presentes o respaldo das informações fornecidas, se a matéria é justa com todos os envolvidos e se falta algo. Para a etapa de fechamento, Luiz Costa traz as considerações feitas por Kovach e Rosenstiel que traz a técnica de verificação chamada de “edição cética”, onde o editor age de forma como se desconfiasse de tudo o que está escrito, ela é feito com o rigor de um interrogatório. Estão incluídos nesse método questões como: “Por que deveria o leitor acreditar nisso” e “Como sabemos disso”.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Resumo do livro de Luiz Costa Pereira Junior, A apuração da notícia (Métodos de investigação na imprensa) capítulos 3 e 4.

O autor começa fazendo uma análise de posturas adotadas pelos principais jornais impressos do país no episódio de 11 de setembro de2001. O autor situa o volume de fatos imprecisos e não confirmados, de especulação e boatos, difundidos mesmo por fontes confiáveis que marcaram aquela que foi a maior mobilização de diários em torno de um mesmo fato. Redações inteiras montaram mutirão de editorias para a cobertura do caso. Os jornais ficaram reféns das agencias de notícias internacionais e da televisão, que transmitiu em cadeia mundial.

Outro ponto destacado foi a insuficiência da mediação das agencias de noticias e das fontes secundarias. Partindo do exemplo de 11 de setembro o autor faz um ressalva, que o desafio do repórter no (cenário complexo, desordenada torrente de acontecimentos contemporâneos), é encontrar evidências em camadas de versões, procurar certezas em situações de incertezas. Uma disciplina de verificação é colocada pelo autor como forma de o jornalista não se deixar levar pelas falhas de percepção, pela rotina produtiva, pelo engano das fontes.

O autor também reforça que o trabalho de apuração não termina quando se ouve o outro lado em questão. Não quando se equilibra o entre o pró e o contra, os ângulos da notícia, com risco de cair no ceticismo circular e é isso que o jornalista deve evitar. Citando no texto Ricardo Noblat fala que não cabe ao jornalista transferir dúvidas ao publico ele tem que apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência seja descartada e reste só um relato confiável.

A visão plural dos incidentes noticiáveis abordada pelo autor como conjugação de dois fatores que não podem ser ignorados como: o nível de incerteza, e a necessidade de solidez. Diante desses aspectos o autor sinaliza que a postura do jornalista só poderá ser a de quem busca uma única e exclusiva “verdade” e ressalva com o “espirito aberto” para não cegar diante de evidência contraria ou ignorar a pluralidade de versões possíveis.

A apuração jornalística em quadro proposto por Daniel Samper, mostrado no texto esquematiza a investigação jornalística em três fases que servem de parâmetro para a condução do trabalho. Passos: elaboração da pauta; pré- produção e produção. Para a elaboração da pauta é necessário uma sondagem inicial, uma base de informação para sustentar uma investigação, como saber a credibilidade das fontes que nos lançam a pista inicial. Após a sondagem inicial o plano de ação com o qual se obterá mais informações, com dados como: relação das informações que já tivemos; relação das informações que nos faltam; lista de fontes (onde localizar as informações que nos faltam, quais as fontes mais importantes consistentes). O plano de ação ajuda a organizar o que a reportagem quer mostrar. O plano de ação também orienta para que o repórter não confunda pauta com tema.

A pré- produção passa pela análise estratégica das fontes, com critérios para avaliar as fontes (hierarquia da autoridade; produtividade; credibilidade). A produção inclui o contato com as fontes, checagem da informação. Por fim a revisão que passa pelo editor que pode adotar uma edição cética na análise do texto checando todas as informações.

CAPUTO, Stela Guedes, Sobre entrevistas: Teoria, prática e experiências- Petrópolis RJ: Vozes, 2006.Cap. 2 Pág.59-68

A autora traz 15 dicas de como proceder com uma entrevista, coisas que não devem ser esquecidas. Primeiramente perguntar se pode gravar/fotografar. Explicar o que é a entrevista e para onde é. Respeitar o pedido do entrevistado, caso este queira dizer algo em off, desliga-se o gravador. Efetuar uma pesquisa antes sobre o entrevistado, não ser arrogante(achar que sabe tudo sobre qualquer coisa) ou negligente(não ler, perder ou esquecer-se de ler) as informações recebidas do editor.

Fazer um roteiro, com perguntas que jugue importantes, não o seguindo a risca, deixando espaço para as novas perguntas na hora da entrevista é outro ponto importante que deve ser seguido pelo repórter. Verificar sempre se o gravador está funcionando corretamente, se estar realmente gravando, para que não se perca os dados coletados. Tratar o entrevistado respeitosamente sempre como senhor/senhora, mudando de tratamento somente quando autorizado dessa forma o entrevistado saberá que o repórter o respeita e não quer intimidade.

Durante o diálogo o jornalista deve prestar atenção no que o entrevistado diz, manter com o mesmo uma conversa autêntica, ouvindo-o. O jornalista não deve disputar com o entrevistado, não deve aparecer mais que este. Deve efetuar perguntas que mostre quem é o entrevistado para o publico, mesmo que o jornalista já o conheça e saiba as respostas. Quanto ao uso de fontes, no decorrer da entrevista ao citar uma pergunta já conhecida, do entrevistado ou outra pessoa, é necessário deixar claro as referências e fontes citadas. O jornalista deve reconhecer o limite, não ser inconveniente, ou mal-educado, se o entrevistado se recusa a responder a alguma pergunta, volta-se ao ponto em outro momento da conversa, sempre educadamente, insiste-se, com transparência.

O uso de bloco de nota sé recomendado, assim como o gravador, para que se possa reconstituir o mais fiel das informações. Não inventar personagens, para tanto o jornalista deve fazer anotações claras, num bloco de notas com folhas fixas, para não perder as informações para não criar personagens e divulgar informações erradas.

Como sinaliza a autora para se construir entrevistas é necessário ter paixão, amar conversar com o outro, ouvir o outro. É preciso amar a pesquisa, amar conhecer gente nova, amar um bom papo. A boa entrevista acontece a três: entrevistador, entrevistado e leitor. Ela acontece quando entrevistador e entrevistado se olham nos olhos e abrem junto um espaço de confiança, num mundo de tantas desconfianças. Um espaço de diálogo. O resultado disso é a construção de um texto que é não é feito só pelo jornalista, é feito de perguntas e respostas, é feito também pelo entrevistado e é feito também pelo leitor.

Quando todas as perguntas do repórter já foram respondidas o jornalista deve perguntar se o entrevistado tem algo mais a falar/acrescentar é o entrevistado que decide quando a entrevista acaba. Chegado o momento da escrita o jornalista tem que se deixar envolver, encontrar e reencontrar o fio que orienta a escrita. Escolher os temas e editar é o passo seguinte. Sendo o tempo curto, dar-se preferência pelas perguntas mais importantes, que devem ser organizadas em eixos por blocos de temas. Elege-se o titulo e olhos do texto, sendo o que o titulo pode ser uma citação retirada do texto, identificada com aspas, o mesmo ocorre com o olho. Ultimo passo, revisar e publicar, mas se houver qualquer duvida em relação ao que o entrevistado disse alguma palavra não entendida o procedimento é ligar para o mesmo e esclarecer a dúvida. Dúvida esclarecida, pode publicar a entrevista.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Resumo: A apuração da notícia. Métodos de investigação na imprensa, Luiz Costa Pereira Junior. Petrópolis RJ : Vozes, 2006. Pág. 67-91.

Neste capítulo o autor, Luiz Costa Pereira Junior trata dos métodos de apuração da notícia. Usando o atentado terrorista de 11 de Setembro 2001, em torno do qual ocorreu um fértil volume de fatos imprecisos e não confirmados de especulação e boatos, espalhado mesmo por fontes confiáveis, marcou aquela que foi a maior mobilização já feita em torno de um mesmo fato. E para ilustrar essa situação o autor usa o exemplo dos jornais impressos brasileiros, que divulgaram informações equivocadas do número de mortos, assentando a insuficiência da mediação das agências e das fontes secundárias.


No jornalismo, construir sentido é reduzir incertezas. Cabe ao jornalista sedimentar uma realidade sólida para o público, sem enganá-lo com a falsa promessa de uma realidade ‘’real’’, pronta, acabada. Além de testar cada contradição entre fontes, até que a incongruência das versões seja descartada e reste somente uma versão em que se possa confiar.


A apuração de informações, a investigação, é a espinha dorsal do trabalho jornalístico. O produto do trabalho é sempre uma combinatória, o ato de apurar e escrever na impressa envolve tanto a retórica quanto a ética e a técnica.


O planejamento pode facilitar a apuração jornalística, o colombiano Daniel Samper nos oferece um roteiro passo-a-passo de uma apuração jornalística, que condensa uma série de reflexões difusas no mercado e nos meios universitários sobre a evolução de um trabalho de verificação de informações.


No planejamento deve-se levar em consideração a elaboração da pauta; a pré produção que é a análise estratégica das fontes levando-se em consideração a hierarquia da autoridade, produtividade e credibilidade; sequência de abordagem das fontes; a produção que é o contato com as fontes e checagem da informação. É preciso validar a informação com pelo menos duas outras fontes. Na linha de produção da notícia, o levantamento e o rigor na checagem estabelecem a qualidade da informação.


Na revisão do material apurado, diferentes círculos profissionais determinam procedimentos de material apurado, aplicável para revisão de última hora, como é o caso da lista de checagem sistematizada pela ASNE - Associação Norte-americana de Editores e Jornais traduzida pelo jornal da ANJ – Associação Nacional de Jornais.


Por último o fechamento. É feita a chamada ‘’edição cética’’- aquela feita com rigor de um interrogatório de tribunal. Segundo Sandra Rowe e Peter Bhatia, esse sistema pretende julgar detalhadamente a notícia com o objetivo de remover erros.orn


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Resumo do texto: “Os métodos de apuração” - Luiz Costa Pereira Junior

Ao tomar como exemplo o atentado aos Estados Unidos, no dia 11 de setembro, o autor Luiz Costa Pereira Junior argumenta no texto “Os métodos de apuração”, alguns motivos dos quais os jornalistas precisam ter cautela ao se retratar a notícia. Com base na cobertura de jornais de grande porte, a exemplo da Folha de São Paulo, O Globo e O Estadão de São Paulo e os dados noticiados naquele momento, o autor aponta os erros e o que não deve ser feito no jornalismo.

É preciso que o profissional da área saiba diferenciar o que são apenas rumores do que seria a notícia. Para isto, é necessário que exista uma prudência diante de julgamentos precipitados e checar as informações vindas de agências noticiosas e sites ou manter estratégicas que possam ressaltar esta ponderação. No caso do dia 11 de setembro, com poucas informações e notícias contraditórias que chegavam a todo o momento, o Jornal da Tarde tinha como critério definir as fontes confiáveis, como a CNN.

O texto “Os métodos de apuração”, demonstra que o acontecimento do dia 11 de setembro foi um grande exemplo de como há falhas no jornalismo. Mostrou o colapso da fé jornalista diante da obrigação em noticiar e a ausência de veracidade em alguns dados, a exemplo do surgimento de 10 mil mortos, quando, um ano depois, os números eram de 3.025. Era necessário buscar um sentido para o acontecimento para poder reduzir incertezas, na medida em que as peças do quebra-cabeça iriam se encaixando, por conta da averiguação minuciosa dos fatos, o entendimento para aquela catástrofe poderia ir surgindo aos poucos.

A partir de então, o texto aponta que para se fazer uma boa apuração é necessário um planejamento de investigações antes. O mecanismo de duvidar do que está diante de seus olhos é o principal princípio em se fazer jornalismo. E isto parte não apenas da edição, mas no momento em que a pauta é produzida. O autor ressalta a importância em se explorar o que existe nas mãos do jornalista, sendo as fontes, documentos ou publicações, é preciso duvidar e pesquisar, para que esta investigação tenha credibilidade e se torne, mais tarde, uma notícia.

Paula Morais

Resenha: A apuração de notícia – Luiz Costa Pereira Junior Cáp. 3.

O capítulo 3 do livro inicia-se com a análise da cobertura jornalística do ataque às torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001. Na primeira análise feita pelo autor há críticas severas às iniciativas de publicar dados imprecisos, sem checagem e de fontes inseguras. A cobertura deste acontecimento pelos jornais impressos mudou a estrutura padrão, aumentado o número de jornalistas nas redações, assim como o número de páginas impressas sobre o caso. Os critérios de checagem limitaram-se em definir fontes confiáveis e ficar atento às atualizações. O autor afirma que “o desafio do repórter é encontrar evidencias soterradas em camadas de versões, procurar certezas em situações de incertezas” o que mostra a importância dos critérios adotados pelo jornalista para conseguir chegar a um fim especifico.

Para combater a incerteza e criar textos sólidos, Pereira Junior afirma que “o levantamento de informações dependerá do compromisso do repórter com a visão plural de cada fenômeno ocorrido”. A visão plural é a conjugação do nível de certeza e a necessidade de solidez.

Segundo Bill Kovach e Tom Rosenstiel no livro “Os elementos do jornalismo” dizem acerca da apuração que “os métodos são em geral informais e localizados, nem sempre generalizáveis” mas que temos que utilizar da retórica, ética e técnica.

Para a qualidade da matéria é necessário também, o planejamento de investigações através da disciplina com seqüência de procedimentos, do planejamento da apuração, na revisão, do material apurado e na revisão das informações editadas.

Através da divisão da pauta em três momentos de: pré-produção, produção e pós-produção, o autor elabora uma serie de passos a serem seguidos com inúmeras perguntas a serem checadas antes, durante e após a elaboração da pauta.

O plano de ação relaciona informações, fontes, e locais de pesquisa dos dados que estão faltando com a viabilidade e tema da pauta.

Um breve resumo do plano de ação pode ser entendido como a organização na escolha das fontes por hierarquia, produtividade e credibilidade, na criticidade e importância de cada uma, juntamente com a checagem de informação, revisão, lista de checagem de perguntas e edição cética.

Thais Motta

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. (Cap. 3 – p67-91)


Neste capítulo o autor trata sobre métodos de apuração da notícia. Inicia-se o capítulo narrando sobre os diferentes dados divulgados por diversos veículos de imprensa brasileira sobre o atentado de 11 de setembro de 2001 aos EUA. Ao destacar este fato o Pereira Júnior tem a intenção de demonstrar como pode ser falha a cobertura de qualquer fato caso não seja feita a apuração devida, levando em consideração os principais agravantes como a velocidade da divulgação das notícias, estimativas sensacionalistas e confiança demasiada em diversas fontes.

A apuração é a redução das incertezas, “não cabe ao jornalista transferir dúvidas ao público. Ele tem de apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência d versões seja descartada, e reste só um relato em que se possa confiar”, afirma Ricardo Noblat em A arte de fazer um jornalismo diário, citado pelo autor.

Confrontar informações, até que elas cheguem a um denominador comum, esse é o difícil de se fazer durante uma apuração. Talvez o que mais dificulte o processo de investigação são os recursos que na maioria das vezes é escasso ao jornalista no momento da entrevista, por esse motivo o treinamento de um saber empírico impera nessas situações. A rotina de apuração dos fatos acabou por estabelecer um processo de edição que tem por objetivo verificar, ou seja, reduzir as incertezas próprias do jornalismo. Esse processo compreende o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.

O autor cria um modelo para ilustrar um planejamento de uma investigação jornalística, que se for incorporada ao ato diário do jornalista demandará menos tempo do mesmo para a apuração concreta. Este modelo se subdivide em: Elaboração da pauta( pista inicial + sondagem inicial+ preparação da pauta), Pré-produção (analise de fontes + seqüência de abordagens), produção (confrontação de informações + checagem), pós produção ( redação + produção visual da reportagem +reserva de documentação).

O momento de fechar a matéria não é tão simples quanto parece, o editor precisa testar a apuração da sua equipe, dessa forma, precisa fazer uma avaliação e edição céticas de todo o material apurado. Esse processo tem por objetivo avaliar todas as linhas, declarações e afirmações contidas na matéria, a fim de remover todo e qualquer erro presente na matéria final, é uma avaliação precisa dos fatos.

PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. P.67-91.

 Em seu texto, o autor ressalta a importância da apuração no jornalismo e todo o percurso cheio de obstáculos que a envolvem. Como exemplo, cita o contexto do 11 de setembro, em que as informações que chegavam às redações vinham em tamanha quantidade e eram tão imprecisas que, diante da necessidade de publicar, muitas chegarão às páginas e logo cedo já haviam sido desmentidas.
 No processo, há de se tomar cuidado para não serem publicadas duas fontes que se contradizem, sem que haja um relato no qual se possa confiar. Não é papel do jornalista levar dúvidas ao público, mas respostas. Nesse sentido, deve-se ter em mente o que o autor chama de visão plural dos acontecimentos, em eu são levados em conta dois fatores: o nível de incerteza das informações obtidas e a necessidade de solidez para que se publique.
 O profissional deve buscar uma verdade, tendo em mente que esta é composta por uma pluralidade de fatos. Para tal, é preciso ouvir várias fontes, mas não se pode deixar-se levar e acreditar em tudo o que falam. Elas podem mentir ou, ainda que não tenham essa intenção, declarar algo em que de fato acreditam, enquanto na verdade estão sendo enganadas.
 Para uma boa apuração, é preciso ter disciplina. O primeiro passo é planejá-la, a começar da elaboração da pauta. Essa se compõe da análise da relação das informações já obtidas e as por obter, além das fontes (quais as mais importantes e como encontrá-las). Depois, entra a etapa da pré-produção. Essa inclui uma avaliação estratégica das fontes, observando o cargo que ocupam e sua autoridade, a credibilidade e a produtividade (quantidade e qualidade de informação a ser dada). É necessário observar a ordem das entrevistas, uma vez que seja evitado chegar à fonte mais importante com lacunas a respeito dos dados que se quer obter. Para tal, o autor cita duas possibilidades: começar por ordem (crescente) de importância ou por ordem de crítica (primeiro fontes técnicas ou neutras, em seguida as favoráveis e, por último, as desfavoráveis ao acontecimento). O terceiro passo é a produção, que envolve checagem da informação, validar cada uma com pelo menos duas fontes. Por último, deve-se revisar o material apurado, papel do editor.

Por Flávia Faria

Resumo dos capítulo 3 do livro "A apuração da notícia - métodos de investigação na imprensa" de Luiz Costa Pereira Junior

O capítulo 3 do livro A apuração da notícia trata dos métodos de apuração da notícia. O capítulo é iniciado com relatos acerca da cobertura jornalística dos atentados dos 11 de setembro de 2001. O propósito é ilustrar a insuficiência de apuração e falta de precisão das pesquisas e dados no caso, que se tratou da maior mobilização já feita pelos diários num instante em torno de um mesmo fato.

Segundo o autor, construir sentido é reduzir incertezas no jornalismo, ou seja, noticiar é selecionar fatos para organizar um sentido. A função do jornalista é sedimentar uma realidade sólida para o público. O exemplo dos atentados de 11 de setembro deixa claro que a busca pela verdade dos fatos é, na realidade, a busca pela legitimação de um sentido. O grande desafio é encontrar evidências soterradas em camadas de versões, sendo o jornalista um processador das camadas verificáveis da realidade.

Partindo do princípio que a notícia é construída no cuidado com a verificação, o rigor na apuração deve partir da premissa de que cada afirmação, cada linha, só deve ser mantida depois de respaldada. O repórter, de acordo com Pereira Jr, tem um compromisso com a visão plural de cada fenômeno ocorrido. A conduta do jornalista só poderá ser a de quem busca uma única e exclusiva “verdade”, entretanto ele ressalta que o profissional deve possuir espírito aberto para não cegar diante da evidência contrária ou ignorar a pluralidade de versões possíveis.

A espinha dorsal do trabalho jornalístico é a investigação e apuração de informações, o que faz um relato impresso ser jornalismo, não literatura. Contudo, o processo é impreciso, pois envolve a retórica, a ética e a técnica, fazendo com que o produto do trabalho jornalístico seja sempre uma combinatória desses fatores.

O planejamento pode facilitar a apuração jornalística. O colombiano Daniel Samper apresentou uma série de etapas para a investigação, servindo no texto de Pereira como um roteiro para a apuração, complementado com contribuições de outros autores. A primeira fase do planejamento da apuração trata-se da elaboração da pauta em que é feita a sondagem inicial e a apuração preliminar. A segunda fase é a pré-produção, quando são analisadas as fontes e é dada a sequência de abordagem. A produção propriamente dita acontece na terceira fase, tendo como principal característica a confrontação de informações e a checagem.

Na hora do fechamento, a chamada “edição cética” é um dos sistemas familiares à imprensa americana para um editor testar a apuração de sua equipe. Feita com rigor de um interrogatório de tribunal, esse sistema prescreve julgar a matéria linha por linha, declaração por declaração, editando as afirmações e os fatos para que não ocorram erros inconscientes.


Por Thuanne Silva

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa”. P. 67-91

No capítulo 3 do livro “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa” o autor Luiz Costa faz uma abordagem sobre a necessidade de apuração das notícias antes da veiculação e sobre os métodos que fazem parte dessa apuração. O capítulo começa citando o ataque terrorista acontecido em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A dimensão do acontecimento juntamente com a necessidade urgente de transmitir o que estava acontecendo para o resto do mundo gerou uma instabilidade nas redações, a velocidade com que as informações chegavam, a imprecisão dos fatos e a necessidade de divulgação imediata favoreceram os erros na divulgação dos fatos, além da pressa e da confiança em determinadas fontes consideradas confiáveis. Desse modo, o autor começa a falar sobre a construção do sentido de uma notícia. É impossível contar a realidade de forma integral, ou seja, o sentido da realidade é construído a partir da seleção de fatos e essa seleção é feita a partir do jogo de versões seguido da apuração desses fatos.

O papel do jornalista é traduzido como aquele que busca “uma única e exclusiva verdade”, ou seja, a apuração, a redução das incertezas e a busca por informações sólidas constituem os principais pontos da construção dessa “Verdade”. O que distingue a literatura do jornalismo é justamente a apuração de informações, a investigação dos fatos. Porém, o espaço entre o acontecimento de um fato e sua publicação gera algumas divergências quanto aos critérios de checagem de informação. De acordo com o autor, apesar das convenções sobre a determinação dos fatos, faz-se necessário um sistema que vise testar a confiabilidade da interpretação jornalística, mas considera ainda que por conta da própria natureza da atividade jornalística o processo de apuração se torna impreciso. “O produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória”, acrescenta.

O processo de investigação demanda uma série de recursos que nem sempre estão disponíveis para os jornalistas, dessa forma, a apuração acaba por se constituir como um saber empírico e não sistemático. A rotina de apuração dos fatos acabou por estabelecer um processo de edição que tem por objetivo verificar, ou seja, reduzir as incertezas próprias do jornalismo. Esse processo compreende o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.

Ao planejar a apuração das notícias, deve-se levar em conta uma série de etapas para a investigação. A elaboração da pauta é o primeiro passo para apurar. Segundo Pereira, deve haver uma sondagem inicial, que cria uma base de informações que sustentam a investigação. Além da elaboração da pauta faz-se necessária a formulação de um plano de ação que ajuda a organizar o que, de fato, a reportagem quer dizer. A pré-produção da matéria é outro ponto chave na apuração. Antes de a matéria ser produzida, as fontes que serão utilizadas devem ser organizadas de maneira estratégica. Essa organização abrange a hierarquia da autoridade, a produtividade e a credibilidade das fontes. Além desses fatores, as fontes devem ser abordadas também de maneira estratégica, de acordo com sua importância e considerando a ordem crítica, de acordo com o assunto.

A produção da matéria vai desde o contato com as fontes até a checagem de todas as informações, ou seja, é o momento propício para o repórter detectar e corrigir possíveis erros na pauta, abrir espaço para novas informações e validar todas as informações com pelo menos duas outras fontes.

O processo de revisão do material apurado é, portanto a última oportunidade de correção da matéria. Para checar essas informações de forma prática, a Associação Norte-americana de Editores e Jornais (ASNE) sistematizou uma lista de checagem que foi traduzida pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ). A criação dessa lista de checagem permite ao editor ter maior controle sobre o material apurado pelo repórter.

O momento de fechar a matéria não é tão simples quanto parece, o editor precisa testar a apuração da sua equipe, dessa forma, precisa fazer uma avaliação e edição céticas de todo o material apurado. Esse processo tem por objetivo avaliar todas as linhas, declarações e afirmações contidas na matéria, a fim de remover todo e qualquer erro presente na matéria final, é uma avaliação precisa dos fatos.

PEREIRA JÚNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícias: métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. Capítulos 3 e 4.
O autor Luis Costa Pereira Júnior compara as informações publicadas por jornais no dia posterior ao atentado das torres gêmeas em 11 de setembro de 2001, episódio que causou furor em todas as redações. Enquanto o Agora São Paulo estampa a capa com o número de mortos avaliado no início (10 mil), o Jornal do Brasil usa a fala do presidente Bush para determinar o número de vítimas (“milhares”). Somente um ano depois que foi consolidado o numero verdadeiro (3.025). Àquela época, muitas informações imprecisas foram passadas, inclusive por fontes confiáveis. Como não era possível dar a notícia em primeira mão, os jornais ficaram reféns das agências internacionais. Nessa situação, os rumores tomaram consistência de fatos. Editores de veículos brasileiros coordenavam a cobertura de um fato que nem a imprensa americana tinha domínio. Cada jornal criou estratégias para nortear a cobertura. O Estadão publicou, por exemplos, dados de cinco agências e seis jornais internacionais diferentes. Já a Folha de São Paulo evitou usar agências e utilizou as fontes mais exclusivas que tinha, mesmo que não houvesse pessoal suficiente no local do fato. Pereira entende que três motivos podem ter feito o Agora publicar as 10 mil mortes: a pressa, a confiança em agências e a propensão a apreciar tudo que causa espanto. As informações entre os veículos variaram por conta do procedimento, da forma como se comparou as informações de agências noticiosas e o modo como se calculou a solidez das fontes.
Para construir um sentido em jornalismo, é preciso reduzir as incertezas. Porém, o jornalista deve passar ao público uma versão inacabada dos fatos, com brecha para interpretações. O trabalho é dizer como aconteceu, mas o público que irá criar o próprio sentido da realidade. A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento das informações. É um jogo de versões e construção de realidades: o trabalho não termina ouvindo “o outro lado”. É preciso impedir publicação de versões que se anulam.
Pereira cita Ricardo Noblat, no livro A Arte de fazer um jornal diário, “não cabe ao jornalista transferir dúvidas para o público. Ele tem que apurar cada contradição entre as fontes, até que só haja só um dado em que confiar. O rigor deve partir da proposição de que cada linha só deve ser mantida se respaldada.
O autor diz que é preciso conjugar dois fatores para uma boa apuração: a incerteza e a solidez. Mesmo que busque unidade na “verdade” tem que estar aberto para não ignorar as versões possíveis. Pereira enuncia que a apuração é que distingue o jornalismo de literatura. Bill Kovach e Tom Rosenstiel, em Os elementos do jornalismo, observaram a falta de consenso entre profissionais do meio sobre os métodos de investigação. O autor considera que no jornalismo a aplicação de procedimentos rígidos não determina a confiabilidade do processo. A natureza da atividade faz com seja uma combinação da retórica, da ética e da técnica.
De forma geral, haveria três fatores que poderiam testar a apuração: o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas. O planejamento apresentado pelo colombiano Daniel Semper, em 1991, em nome do Centro Técnico da Sociedade Interamericana de Imprensa une uma série de reflexões difusas no mercado sobre a evolução de uma investigação. Semper enumera quatro fases: a elaboração da pauta, a pré-produção, a produção e a pós-produção. Nesses setores do processo, estariam presentes a apuração preliminar, a utilização de critérios para avaliar as fontes e sua ordem de investigação, além do contato com os envolvidos. Para revisar o material apurado, há uma lista de checagem sistematizada pela Associação Norte-Americana dos Editores de Jornal com perguntas como a “Chequei ao menos duas vezes todos os nomes, títulos mencionados e informações citadas na matérias”, sobre a exatidão das informações e “A matéria é justa? Todos os indivíduos foram identificados, contatados e tiveram oportunidade de falar?”, sobre a importância da pluradidade na apuração.

PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. P.67-91.

A apuração jornalística sobre o atentado de 11 de setembro é o objeto de análise e ponto de partida de Pereira Junior no terceiro capítulo do livro. O autor chama atenção para a quantidade de rumores e boatos espalhados sobre o acontecimento que teve, segundo ele, a maior mobilização das redações em torno de um mesmo fato em um mesmo momento.

- Versões em jogo
Na sequência, o autor parte da premissa “noticiar é selecionar fatos para organizar um sentido” para descrever o jornalista como um verificador da realidade, ou seja, dos fatos, sejam eles acessíveis ou inacessíveis, como foi o caso do 11 de setembro, quando as redações ficaram à mercê das agências e das fontes secundárias. Dessa forma, o que diferencia o jornalista é o levantamento de informações e, principalmente, a verificação delas, sendo insuficiente apenas “ouvir o outro lado”. Citando Ricardo Noblat, Pereira Junior ressalta que o jornalista deve apurar as contradições até sobrar um relato, a “unidade” que se pode confirmar, muitas vezes até pela sobreposição de relatos.

- Incertezas e solidez
O jornalista, para o autor, deve buscar uma única e exclusiva “verdade”, mas sem perder o compromisso com a “visão plural”, ou seja, sem ignorar as diferentes versões de um mesmo fato, e a humildade de enxergar passível de erros essa “construção de sentido”. Essa “visão plural” e “humildade” flexibilizam, no entanto, a funcionalidade do método de investigação, já que não são qualidades inerentes a qualquer jornalista. A partir dessa análise, Pereira Junior reitera a importância da honestidade na apuração e do rigor e desconfiança na verificação.

- Método fugidio
“A apuração é a espinha dorsal do trabalho jornalístico”, escreve o autor que, em seguida, trata da falta de consenso entre os jornalistas quanto aos critérios de checagem de informação e como é difícil realizá-los corretamente em meio à agitada rotina jornalística.

- Planejamento de investigações
Em um contexto repleto de dificuldades, como a diminuição das redações e a longa carga horária, de acesso fácil a dados através da internet e de assessorias de imprensa que enviam matérias quase prontas às redações, a investigação jornalística depende como nunca da confiança na triangulação de fontes e no encadeamento do fato numa rede coerente de eventos. Pereira Junior coloca ainda que, apesar das tentativas de sistematizar o ato de apurar, em função dessas dificuldades, ele continua sendo um saber aprendido de maneira empírica e, não, um saber universalizado.

- Uma questão de disciplina
O autor tenta esquematizar uma interseção entre os métodos de investigação através de três momentos-chave: o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.
1. Ao planejar a apuração
Pereira Junior se baseia no quadro realizado por Daniel Samper para abordar esse primeiro momento da apuração dividido por este em quatro fases: a elaboração da pauta, a pré-produção, a produção e a pós-produção
A elaboração da pauta, momento em que se deve fazer uma sondagem inicial checando se a pauta é viável e se ela se justifica, e um plano de ação com as relações das informações obtidas e que faltam, além da elaboração de uma lista de fontes. Nesse trecho do texto, o Pereira Junior define “pauta”, “ângulo”, “tema” e “ponto de vista”, sendo o primeiro referente ao rumo do trabalho, o segundo ao recorte da realidade. Já “tema” é algo mais amplo que inclui a pauta e “ponto de vista” é a interpretação que se faz do fato.
Para abordar a apuração na pré-produção, o autor cita Nelson Traquina e a sua avaliação dos critérios usados por jornalistas para classificar as fontes e a confiabilidade das suas informações. Estes critérios são: a hierarquia da autoridade, a quantidade e qualidade das informações oferecidas e a credibilidade da fonte. Pereira Junior lembra ainda da importância da sequência de abordagem das fontes analisada por Jacques Mouriquand. O jornalista deve abordar primeiro os “informadores”, ou seja, as fontes de menor importância, depois os contatos de média importância e, por fim, as fontes de real importância. Dessa forma evita-se que não se saiba o que perguntar às mais importantes.
A produção deve ser marcada pela contínua apuração de novas informações, já que a cada nova informação há mais para se investigar, e pela checagem constante das informações.
2. Ao revisar o material apurado
Com a matéria já pronta o próprio jornalista e também o editor devem checar novamente todas as informações com base em uma check-list, modelo que possui inúmeras variações, como a de Bill Kovach e Tom Rosenstiel.
3. Na hora do fechamento
Há métodos diversos de verificação na edição, como a considerada o ápice do ceticismo elaborada por David Protess.

Resumo dos capítulos 3 e 4 do livro “A apuração da notícia (Métodos de investigação na imprensa)” de Luiz Costa Pereira Júnior.

O passo inicial para construção de uma matéria está na apuração da noticia. Em meio aos rumores e dados desordenados é dificil saber quais são as fontes confiáveis até o fechamento da edição. Além da preocupação com números e estatísticas, os jornalistas ainda devem se aprofundar no lado humano, nas histórias dos personagens, principalmente em situações de catástrofes, à exemplo do atentado terrorista ao EUA, no dia 11 de setembro de 2001.
Para Luiz Costa, o jornalista não é capaz de definir a realidade por inteiro. O seu dever é selecionar os fatos relevantes e servir como testemunha daquilo que o leitor não tem acesso. “Procurar certezas em situações de incerteza”, pondera. O trabalho do jornalista não termina com o confronto de versões, ainda há o processo de apuração da contradição entre as fontes, até que a diversidade entre elas seja eliminada e haja uma unidade dos fatos.
Isso é possível pela conjugação do nível de incerteza e do nível de solidez quanto ao destinatário, mas nem sempre a apuração das informações repercute num processo confiável, seja por fontes enganosas ou pela falta de tempo do profissional para uma análise profunda dos dados.
Para o autor o processo de apuração das informações de uma notícia depende de um planejamento prévio e organização da edição. Ele se baseia numa cadeia produtiva, apresentada em 1991 pelo colombiano Daniel Samper em nome do Centro Técnico da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), onde resume a evolução do trabalho de investigação jornalistica.
A fase 1 é a de elaboração da pauta, uma apuração preliminar que envolve a exploração das fontes criando uma base de dados para sustentar a investigação. A pauta não se trata do tema em si, e sim do rumo que os repórteres seguirão, onde há relação de informações obtidas, ausentes e a lista de fontes.
Em seguida, na fase 2 vem a pré-produção, que se inicia com a avaliação das fontes pela hierarquia de autoridade, quantidade, qualidade das informações dadas e credibilidade. A abordagem das fontes se dá pela ordem de importância, primeiro as secundárias que podem dar informações úteis em confronto com a principal; e pela ordem de crítica, partindo das desfavoráveis e equilibrando a entrevista com uma atitude positiva a respeito do fato investigado.
A checagem faz parte da fase de produção, é o momento de crítica e avaliação das informações obtidas. Se a informação for precisa, mas insuficiente é preciso apurar melhor os dados; se for imprecisa, mas com grande volume uma nova checagem é suficiente. O caso mais dificil é o de pouca informação e ainda por cima imprecisa, em que a matéria tem de ser refeita.
Com o fechamento da matéria, vem a parte do check list do editor, em que preza por critérios como a escolha do título, consistência do lead, precisão das citações, conferindo cada linha da matéria com o objetivo de remover erros e imprecisões numa chamada “edição cética”, feita com o rigor de um interrogatório de tribunal.


Por Gabriela Cirqueira 

PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2006. P.67-91.

Este resumo trata do livro “A apuração da notícia: Métodos de investigação na imprensa”, de Luiz Costa Pereira Junior. O assunto discutido é retirado mais precisamente dos capítulos 3 e 4. O autor inicia citando o ocorrido em 11 de Setembro, nos EUA, enfatizando a maneira como os veículos de comunicação lidaram com o grande fluxo de informações desordenadas e como os rumores facilmente se tornaram fatos na tentativa de manter o público sempre informado.

Pereira Jr segue afirmando que a notícia é construída através da verificação, sobre o alicerce da procura de informações e que o ato de noticiar é selecionar fatos para organizar um sentindo e reduzir incertezas. Um dos desafios do repórter é procurar certezas em situações incertas. Ainda cita Ricardo Noblat, em A arte de fazer um jornal diário quando ele afirma que o jornalista dever apurar cada contradição entre as fontes disponíveis até que estas sejam descartadas e reste apenas um relato confiável.

O autor define que a conduta do jornalista deve ser baseada na busca incessante pela verdade, mas sem deixar de considerar evidências contrárias ou a pluralidade das versões possíveis. O que se faz necessário diante dessa conduta é a honestidade na apuração, o rigor na verificação, a desconfiança diante de toda fonte de informação.

O próximo ponto discutido é a inexistência de um método geral de verificação e comprovação da veracidade das informações recebidas, citando Bill Kovach e Tom Rosenstiel em Os elementos do jornalismo, quando afirmam a falta de consenso profissional quanto a critérios de checagem de informações. Isso é confirmado até mesmo pelo próprio cotidiano dos jornalistas, alimentado por realidades nem sempre verificáveis, constatações duvidosas, fatos sem testemunho etc. Por todas as dificuldades encontradas na sua realização, como a falta de tempo, o número reduzidos de funcionários em uma redação para apuração de um grande número de informações, o acesso fácil a dados sem investigações etc, é compreensível que o ato de investigar seja um saber acumulado empiricamente.

Pereira Junior afirma também que a apuração de informações implica uma determinada sequência de procedimentos. O passo importante é o planejamento da apuração que é demonstrado utilizando um resumo feito por Daniel Samper, em 1991, que inclui a Elaboração de Pauta (pista inicial + sondagem inicial + preparação da pauta), Pré-produção (análise das fontes + sequência de abordagem), Produção (confrontação de informações + Checagem) e Pós-produção.

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. Rio de Janeiro: Vozes, 2006. P.67-91.

A partir do exemplo das coberturas jornalísticas do ‘11 de setembro’, Pereira Junior mostra erros cometidos devido à pressa de se publicar algo que fornecesse sentido para aquele atentado. Para o autor, a realidade não pode ser contada por inteiro, daí a necessidade de selecionar fatos para se organizar um sentido.

Em meio a tantas versões e dados duvidosos, o desafio do jornalista é encontrar evidências e certezas. Dar sentido aos fatos é apurar cada contradição de versões até eliminar as incoerências. O levantamento de informações dependerá do compromisso do repórter com a visão plural dos fatos, o que significa para Pereira Junior ter consciência de como é relativo o que se apurou e entender a necessidade de solidez que o destinatário tem.

Nunca se fizeram tão necessários o rigor na verificação, a honestidade na apuração, e a desconfiança diante de toda fonte, uma vez que falta consenso profissional quanto a critérios de checagem de informações. Em Os elementos do jornalismo, Bill Kovach e Tom Rosenstiel avaliam que pouco tem feito para desenvolver um sistema para testar a confiabilidade da interpretação jornalística.

Investigar requer tempo e esforço e se torna ainda mais difícil quando se tem uma redação enxuta e uma carga horária exaustiva. Diante destas dificuldades, é compreensível que o ato de investigar seja um saber acumulado empiricamente.

Um esquema geral apresentado por Daniel Samper, em 1991, serviu de ponto de partida para reflexão sobre o planejamento de uma apuração jornalística. Neste esquema consta uma série de etapas para investigação jornalística, cujos procedimentos foram divididos em quatro fases: elaboração da pauta; pré-produção; produção e pós-produção, sendo que a última não consta no presente capítulo.

Na fase de elaboração de pauta, se faz uma apuração preliminar, uma pesquisa prévia. Em seguida, para ajudar a organizar o que a reportagem quer demonstar, relaciona-se as informações já obtidas e as que ainda faltam. Na fase de pré-produção, as fontes são analisadas estrategicamente.

Segundo Nelson Traquina, os jornalistas usam alguns critérios para avaliar as fontes, como a hierarquia da autoridade, a quantidade e a qualidade de informação que determinada fonte pode fornecer, e a credibilidade, de modo que as informações cedidas por elas demandem o mínimo possível de controle.

Não há sistema de abordagem de fonte que seja infalível, para que pendências de informação sejam evitadas Pepe Rodríguez sugere ordens em que se deve manter contato com as fontes, são elas: ordem de importância, partindo da fonte de menor importância informativa para a maior, e ordem de crítica, onde se começa com as fontes desfavoráveis até chegar às favoráveis.

A fase de produção é o momento de o repórter detectar erros de avaliação da pauta e de checar informações, pois o levantamento e o rigor na checagem estabelecem a qualidade da informação.

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “Os métodos de apuração”. In: A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, Ed. Vozes, 2006, p. 67-91.

Neste capítulo de A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa, Luis Costa Pereira Junior inicia com uma retrospectiva acerca das posturas tomadas por alguns jornais paulistas em 11 de setembro de 2001. Visto que os atentados nos Estados Unidos causaram impacto em todo o mundo e não havia informações concretas, mesmo de fontes seguras, Pereira Junior afirma que “naquele 11 de setembro, rumores tomariam consistência de fatos” (p. 68). Foi uma ocasião na qual o jornalismo impresso brasileiro ficou restrito quase que totalmente a informações oriundas da televisão ou de agências internacionais de notícia.

É por meio desse exemplo que o autor introduz seu argumento de que noticiar é selecionar fatos para legitimar um sentido. “A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações” (p.71), de modo que o jornalista não deve transferir dúvidas a seu público. Pereira Júnior afirma que o jornalista precisa apurar cada contradição entre as fontes, até que só exista um relato em que se possa confiar (p.72). Cada afirmação presente nas matérias deve estar, portanto, devidamente verificada e respaldada.

Num tópico intitulado “Incerteza e solidez”, o autor aponta que o levantamento de informações dependerá do compromisso do jornalista com a visão plural de cada acontecimento. A chamada visão plural seria a conjugação do nível de incerteza (a consciência de como os resultados são frágeis) e a necessidade de solidez das informações. O autor diz ainda que dessa forma, a conduta do jornalista só poderá ser a de quem busca uma única e exclusiva “verdade”.

Pereira Junior defende que os métodos de apuração nas redações não são universais ou padrões. “Os métodos são em geral informais e localizados, nem sempre generalizáveis e aprendidos por osmose, na base da tentativa e do erro, raramente transmitidos por editores ou faculdades” (p. 74), assinala. O autor ressalta que é necessário, ainda, que exista uma disciplina na verificação dos fatos, para minimizar os efeitos das incertezas jornalísticas. Para isso, deve ser feito um planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.

Para o autor, o planejamento, que vai desde a elaboração da pauta até a pós-produção com a redação e produção visual da reportagem, facilitaria a apuração jornalística. E é neste tópico que se insere a análise estratégica das fontes, que busca abordá-las por vários critérios – a exemplo da ordem de importância e de crítica. Como exemplos de métodos da revisão do material apurado e das informações editadas (já no fechamento), Luís Costa Pereira Junior cita uma “lista de checagem”, que pode ser usada por alguns editores, e um sistema americano chamado de “edição ética”.

Por Thais Borges 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Resumo de "A apuração da notícia"

Na tentativa de fornecer diretrizes para a atividade de apuração da notícia, Luiz Costa Pereira Júnior  exemplifica o caso dos atentados de 11 de setembro. Nesse episódio, os meios de comunicação brasileiros forneceram exagerados e diferentes números de vítimas, o que demonstrou uma falta de precisão no ato de verificar dados antes de noticiá-los.
Os jornalistas são  noticiadores dos fatos e por mais que a realidade não possa ser contada por inteiro, cabe a eles retratá-la da maneira mais coerente e precisa que houver. O que por vezes existe, é uma falta de rigor na apuração do que se noticia. O autor credita esse fato à ausência de mecanismos que regularizem a apuração, sem esquecer de enfatizar que fazer isso é realmente verter num caminho difícil, já que os jornalistas trabalham com realidades nem sempre verificáveis, fatos sem testemunho, histórias  plantadas e constatações duvidosas.
Na tentativa de suprir essa carência de métodos investigativos, o texto propõe um conjunto de procedimentos que começa com a formulação da pauta e se estende até o processo de edição da publicação. A elaboração da pauta se dividiria em sondagem inicial, onde as primeiras fontes e documentos seriam consultados ajudando no estabelecimento da viabilidade (ou não) da pauta. Feito isso, a pauta propriamente dita seria elaborada, baseada nas informações já obtidas e as que ainda irão se obter. A fase seguinte, chamada de pré-produção, iria demandar uma análise das fontes. Se elas tem credibilidade, um nível hierárquico considerável e se fornecem informações importantes. Nessa abordagem às fontes, deve-se obedecer uma hierarquia. Primeiro consultam-se as fontes de menor importância e mais próximas ao repórter. Depois são consultadas as fontes de média importância, que levarão aos envolvidos de fato no que está sendo investigado. Nem sempre essas pessoas querem se expor, por isso é importante chegar até elas com os relatos das fontes de menor e média importância, o que pode fazer com que esse envolvido se pronuncie ao jornalista.
Já consultadas as fontes, deve-se checar as informações obtidas, num processo em que o jornalista revisa o que foi coletado, confronta versões, ouve novamente arquivos de áudio, confere se não falta algum dado, só publicando o que foi checado.

Resumo - Luiz Costa Pereira Júnior

RESUMO

Livro: “A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa”
Autora: Luiz Costa Pereira Junior
Parte do livro: Os métodos de apuração – Capítulo 3
Aluna: Nathália M. C. Mattos

O capítulo 3 do livro “A apuração da notícia” trata dos métodos utilizados para apurar a realidade que será noticiada. Para isso, apresenta teorias de autores que exemplificam como apurar a realidade, para que as notícias sejam confiáveis e os jornalistas consigam exercer os desafios da profissão.

O primeiro exemplo utilizado é o atentado ao World Trade Center, com a queda de um avião em Pittsburgh, na Pensilvânia, que desestabilizou o planeta. O exemplo vem ao caso, pois, o número de vítimas somente foi anunciado corretamente um ano depois do ocorrido. A Imprensa americana não conseguia ter esse domínio e para amenizar a imprecisão dos dados, algumas fórmulas eram utilizadas pelos jornalistas: “circulam rumores”, “tudo indica”.

Dessa maneira, cada veículo criou suas estratégias para relatar os fatos em meio a quantidade enorme de informação desordenada. Em alguns casos, como esse dos E.U.A, mesmo sem ter os dados mais precisos, a exatidão se torna menos importante do que a necessidade de relatar o que está acontecendo em alguma parte do mundo.

Um desastre, como o do World Trade Center, provou aos jornalistas que um relato humano e próximo pode ser mais importante do que a exatidão de dados numéricos. Os dados divulgados não eram reais ou falsos, eram os disponíveis naquele momento.

O autor afirma que no jornalismo construir sentido é reduzir incertezas. Na opinião dele o atentado de 11 de setembro deixou mais do que evidente que a busca pela “verdade dos fatos” é no fundo pela legitimação de um sentido.

Ele define o desafio do repórter como: o de encontrar evidências soterradas em camadas de versões, de procurar certezas, pois, segundo ele, o jornalista não é só testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso, ele é um processador das camadas verificáveis da realidade.

O que distinguirá os jornalistas são os critérios que não os deixarão serem levados por falhas de percepção, pela rotina produtiva e pelo engano das fontes.

Jean Baudrillard afirma que “na medida em que não é desmentida, uma notícia circula como provável”. Por isso, o cuidado deve ser redobrado nessa profissão de relatar fatos para a sociedade.

O jornalista tem a função de apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência de versões seja descartada e reste só um relato em que se possa confiar. Deve ser feito um check list das informações, eliminando o que não for confirmado por mais de duas fontes, segundo a tradição de Washington Post.

O repórter deve ter compromisso com a visão plural que se conjuga de dois fatores: o nível de incerteza (a consciência da fragilidade dos resultados) e a necessidade de solidez (saber o quanto o destinatário deseja determinada informação para posicionar-se).

Alguns aspectos são destacados no capítulo como necessários durante a apuração: a honestidade, o rigor na verificação, a desconfiança diante de toda fonte de informação com que nos deparamos.

Para Pereira, a espinha dorsal do trabalho jornalístico é a apuração de informações e a investigação.

Já para os autores Bill Kovach e Tom Rosentiel, embora a profissão tenha desenvolvido várias técnicas e convenções para determinar os fatos, pouco tem feito para desenvolver um sistema para testar a confiabilidade da interpretação jornalística.

Alguns aspectos negativos do cotidiano do jornalista são enumerados: realidades nem sempre verificáveis, por constatações duvidosas, fatos sem testemunho direto, press releases farsantes, histórias plantadas, títulos criados antes da matéria existir, horários de fechamento curtos, Redações enxutas, profissionais sobrecarregados.

Dessa maneira, o autor afirma que o produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória.

Investigar é caro, demanda tempo e esforço e a lógica dos investimentos é geralmente voltada para a modernização tecnológica e a infraestrutura, menosprezando muitas vezes a produção do conteúdo qualificado. Existem as tentações da era da internet que proporciona facilidade na obtenção de dados, sem que se faça a investigação, além das assessorias de imprensa que mastigam informações.

A apuração de informações implica em uma determinada seqüência de procedimentos, coincidentes em autores e jornalistas distintos. Existem três momentos em que se pode testar a disciplina de verificação adotada em uma reportagem: planejamento da apuração, revisão do material publicado e na revisão das informações editadas.

Resumo - Daniel Samper (1991) serve como uma espécie de roteiro:


Os passos da investigação jornalística

Fase 1: Elaboração de pauta
Pista inicial + Sondagem inicial + Preparação de pauta
Fase 2: Pré – Produção
Análise das Fontes + Seqüência da abordagem
Fase 3: Produção
Confrontação de informações + Checagem
Fase 4: Pós Produção
Redação + Produção visual da reportagem + Reserva de documentação




A elaboração da pauta é definida como a exploração das fontes, documentos e publicações. É obter uma base de informações, saber a credibilidade das fontes e estabelecer a viabilidade da pauta.

Sobre a ideia de pauta, afirma-se que toda reportagem tenta dar resposta a uma curiosidade ou lançar uma hipótese sobre a realidade. Pauta não é tema, não busca confirmar o que já se sabe. Pauta que é pauta define o rumo do trabalho, o ângulo, a escolha de uma ou várias nuances do que será apurado, o recorte da realidade, sob modo novo que será abordado a questão.

Já a pré-produção é apresentada como todo o processo de avaliação das fontes, a obviedade nem sempre óbvia de que os fornecedores de informação são pessoas e instituições que defendem seus interesses acima de tudo.

O capítulo traz também definições da hierarquia de autoridade, produtividade e credibilidade, como veremos a seguir.

Hierarquia de autoridade – fontes oficiais ocupam posições institucionais de autoridade que segundo Traquina, são ouvidas “mais pelo que se é do que pelo que se sabe’.

Produtividade – fontes institucionais fornecem material muitas vezes suficiente para uma notícia. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar.

Credibilidade – entrevistados que em outras ocasiões forneceram fatos confiáveis, tem maior chance de continuarem a ser acessadas pelo jornalista, até virarem fontes regulares.

O risco de privilegiar fontes por tais critérios é o da dependência dos canais de rotina. É preciso muito cuidado para não cair no círculo vicioso da hierarquia rígida entre as fontes de informação. Para evitar o ‘jornalismo declaratório’ que se satisfaz com depoimentos de celebridades, políticos e empresários.

Não há sistema de abordagem de fonte que seja infalível.

Para Pepe Rodríguez alguns tipos de abordagem podem auxiliar o jornalista:

• Abordagem por ordem de importância: repórter deve documentar-se ao máximo, abordar as fontes de menor para a de maior importância informativa, pois isso amplia o conhecimento que se tem do fato e permite que se chegue melhor preparado para as outras entrevistas.

• Por ordem de crítica: iniciar pelas fontes desfavoráveis, depois as neutras e por último as favoráveis, dará parâmetros mais equilibrados para a entrevista com as fontes favoráveis.

Já a Produção pode ser denominada como a validação das informações através de no mínimo duas fontes, pois, cada apuração abre novos vazios de informação a serem preenchidos por mais investigação.

PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2006. P.67-91.

A cobertura de determinados jornais brasileiros ao ataque terrorista no World Trade Center, em 11 de setembro de 2001 serviu de laboratório para o jornalista Luiz Costa Pereira, autor do livro A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa, numa análise sobre apuração dos fatos.

O jornal Agora São Paulo estampou que 10 mil pessoas morreram no acontecido, a Folha, O Globo e Estadão noticiaram 6 mil vítimas, sendo que o número exato foi divulgado um anos depois: 3.025. Com tais exemplos, o ensaísta introdução o terceiro capítulo do livro, que mostra ao leitor os métodos utilizados para um jornalista não cometer erros no desenrolar de sua pauta. Depois da introdução, ele expõe declarações dos editores dos jornais citados, onde eles relatam como as notícias daquele fato que parou o mundo, eram conseguidas. Diz que as citações “circulam rumores” ou “tudo indica” eram encontradas constantemente nas reportagens daquele dia.

Fala sobre o papel do jornalista de organizar e escolher o que será noticiado. “A realidade não pode ser contada aos outro por inteiro, noticiar é selecionar fatos e organizar sentidos” (p.70). Enfatiza que o desafio do repórter é encontrar evidências soterradas nas camadas de versões, procurar certezas em situações de incerteza.O jornalista é remetido ao papel de processador de camadas, de investigador de outras versões, pois ele é a testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso. “A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações” (p.71).

Sobre o rigor da apuração é dito que deve ser feita a partir de uma premissa muito simples: cada afirmação, só deve ser mantida depois de respaldada. Afirma que a conduta de um jornalista deve ser de quem busca uma única e exclusiva “verdade” e que não se deve acreditar piamente na boa-fé das fontes, pois podem mentir de propósito ou por acreditarem que estão dizendo a “verdade”.

A apuração é tida pelo autor como a espinha dorsal do trabalho jornalístico e que o ato de apurar envolve tanto a retórica quanto a ética e a técnica, pois o produto do trabalho é sempre uma combinatória.

Diz que investigar é caro, demanda tempo e esforço. Os jornalistas são tidos como vítimas dos manuais de jornalismo, cuja ênfase recai da pedagogia do estilo, não da apuração. Sofrem as tentações da internet, com o acesso fácil a dados sem que se faça investigação, e das assessorias de imprensa, que mastigam informação para Redações despovoadas e sobrecarregadas.

Disponibiliza três momentos para que se possa testar a disciplina de verificação adotada numa reportagem: 1. Planejamento de apuração, 2. Revisão do material apurado, 3. Na revisão das informações editadas.

O livro mostra uma esquematização em quatro fases, etapas que o jornalista deve seguir para uma boa linha de apuração. Esse quadro foi apresentado pelo colombiano Daniel Samper, em 1991. FASE 1 – Elaboração da Pauta; FASE 2 – Pré-Produção; FASE 3 – PRODUÇÃO e FASE 4 – Pós-produção.

ELABORAÇÃO DA PAUTA: A sondagem inicial: Segundo o autor é a apuração preliminar, a exploração das fontes, documentos e publicações, numa pesquisa prévia à formulação da pauta. A pauta propriamente dita: Pauta não é tema, é aquilo que será levado ao público sem que ninguém tenha pensado em fazê-lo ou percebido. Após a sondagem inicial, um bom apoio para a formulação da pauta é o plano de ação com o qual se espera obter informações e ajudar organizar o que a reportagem quer mostrar.

PRÉ-PRODUÇÃO: Análise estratégica das fontes: Segundo Traquina, os jornalista usam alguns critérios para avaliar as fontes: 1. Hierarquia da autoridade – dificilmente gerará desconfiança a informação dada por alguém de prestigio ou de alta posição social. 2. Produtividade – Fontes institucionais geralmente fornecem materiais muitas vezes suficientes para uma notícia, poupando tempo e esforço. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar. 3. Credibilidade - Fontes devem ser confiáveis que a informação fornecida por elas exige o mínimo possível de controle. Por fim fazer uma análise por ordem de importância e crítica do que foi recolhido como material.

PRODUÇÃO: Checagem da Informação: O jornalista não pode concentrar-se com apenas um (ou poucos) dos diversos aspectos possíveis da história. É preciso validar a informação com pleno menos duas outras fontes. O repórter não pode bancar uma afirmação sem confirmá-la. A pressa não é desculpa de má apuração.

Segundo o autor: “Uma reportagem pode nos contar muito sobre o trabalho que foi fazê-la. Assim que escrita, um editor pode fazer um tira-teima das informações apuradas e checar a validade do que é notícia” (p.88). Por fim, exibe uma lista de checagem com questionamentos que analisam o conteúdo do material feito. Exemplo: As informações do lide estão suficientemente respaldadas? As informações de pesquisa estão completas?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CAPUTO, Stela Guedes. “Sobre entrevistas: teoria, prática e experiências”. Petrópolis – RJ : Vozes, 2006. P. 59-68


Em determinado capítulo no livro mencionado no título, a autora faz uma breve lista descrevendo práticas importantes que um estudante de jornalismo ou um recém formado na área precisa saber para executar boas entrevistas. Tais técnicas, como ela mesma diz, são gerais, básicas, que se forem esquecidas podem causar grandes transtornos.

Segue abaixo um resumo das “Notas sobre entrevistas (ou 15 coisas que não podemos esquecer quando entrevistamos)” seguindo a divisão por tópicos do livro.

1. Pergunte primeiro se pode...

Gravar ou fotografar o entrevistado. Primeiro deve-se explicar o que é a entrevista e para onde é, depois tem que perguntar se pode fazer gravação, pois ele pode querer dar informações com sigilo, e devemos respeitar se ele não quiser ser identificado ou fotografado, perguntando logo depois o motivo da recusa.

2. Esteja informado sobre o entrevistado

É imprescindível que o jornalista esteja bem informado acerca do entrevistado, e não se devem desprezar nunca as informações do editor sobre o assunto. Assim, o ideal é ler os dados que o lhe foram passados e buscar mais outras, a internet facilita muito.

3. Faça um roteiro

O ideal é que antes das entrevistas o jornalista prepare um roteiro com algumas perguntas que julgue fundamentais, mas que não se prenda unicamente a elas, que deixe espaço para criar novas questões no decorrer da conversa.

4. 1, 2, 3 testando...

Jamais confie plenamente na tecnologia e SEMPRE verifique seu material antes da entrevista. Veja se têm pilha e fita no gravador, se as pilhas não estão gastas, se o aparelho está funcionando, se ele está gravando mesmo, se ele não parou de funcionar no meio da conversa, etc.

5. Na dúvida, senhor ou senhora

O caminho mais acautelado para evitar gafes é perguntar antes como o entrevistado ou entrevistada prefere ser tratado. Se a dúvida persistir, e o jornalista se sentir envergonhado de perguntar, melhor que use senhor ou senhora, pois passa a idéia de respeito e de pouca intimidade.

6. Ouça de verdade

Para uma boa entrevista é preciso que ocorra uma fidedigna conversa, um diálogo autêntico. Muitos jornalistas se atêm às perguntas que aprontaram e não prestam atenção à resposta do entrevistado porque estão ansiosos para fazer a outra pergunta.


7. Não dispute com o entrevistado

O jornalista deve pensar como o leitor e fazer as perguntas como se fossem eles, mesmo que já saiba as respostas. Assim como o entrevistador não deve aparecer mais do que o entrevistado. O fato é que pode ser apresentada uma questão a ele (o entrevistado) desde que não seja uma tese inteira, podendo expor o seu pensamento, mas lembrando sempre que não está entrevistando a si mesmo.

8. Não roube a idéia de ninguém

Não se deve fazer uma pergunta como se todo o conteúdo dela não tivesse referências além do seu conhecimento, ou seja, é necessário deixar claro as alusões e fontes com as quais construiu a entrevista.

9. Reconheça o limite

O jornalista deve buscar conseguir informações relevantes para a entrevista para que esta não fique sem sentido. No entanto, se o entrevistado se recusar a responder a uma determinada questão temos obrigação de voltar a ela, não esquecendo que não demos ser inconvenientes e mal-educados, nem usar de subterfúgios e truques para conseguir a informação. A transparência sempre é o melhor caminho para o diálogo.


10. Desconfie da memória

É melhor usar sempre um gravador, ele ajuda a ouvir o mais fielmente possível o que o entrevistado disse e evita transtornos. Além disso, em caso de entrevistados polêmicos o pequeno aparelho ajuda a provar que as informações publicadas são verdadeiras. O importante é anotar e não ter receio de perguntar novamente toda informação que julgar necessária.

11. Não invente ninguém

Se o jornalista perdeu suas anotações, pesquisas, gravações, etc., ele não pode inventar declarações e pessoas que não existem só para não levar bronca do editor. Portanto, deve manter a organização sempre para evitar este tipo de manobra indevida.

12. Tenha paixão

Para fazer boas entrevistas é preciso amar conversar com o outro e ouvi-lo. Amar a pesquisa, amar conhecer pessoas novas, amar um bom papo.

13. Pergunte por último...

“Tem alguma coisa que você gostaria ainda de falar?”. Essa pergunta é importante porque não é o entrevistador quem decide quando o jogo acaba, os dois devem estar de acordo, pois a entrevista precisa ser boa para ambos.


14. Escolha os temas e edite

Geralmente, quando fazemos uma escolha excluímos outra, ou várias, e o jornalista precisa tomar logo tais decisões. Apesar de ser uma tarefa difícil e dolorosa, a edição, em suas linguagens, é a arte de cortar bem o texto.

14.1 Organize os eixos

Quando há mais de um eixo na entrevista, o melhor a se fazer é separar os assuntos em blocos na hora da edição para facilitar para o leitor. E se na hora da entrevista o jornalista quiser voltar a um assunto já discutido pode usar o “voltando ao assunto...” sem problemas.

14.2 Eleja o título e olhos

Títulos são muito importantes e o jornalista deve saber fazê-lo. Uma boa idéia de título é uma boa frase dita pelo entrevistado entre aspas. Mas não é tão simples escolher a frase e nem é regra, é mais uma sugestão. Assim como o Olho, que é uma boa frase dita pelo entrevistado que queremos enfatizar além do título e pode ser mais de um.

14.3 Revise e publique

Na hora da transcrição e da edição podem aparecer inúmeros problemas, sendo muito comum o jornalista ter dúvida a respeito de uma palavra dita pelo entrevistado. Caso ocorra, deve ligar para o entrevistado e conferir. Mesmo que ele se sinta incomodado, vai gostar de saber que estão tentando ser fiel ao que disse em entrevista. Nas palavras da própria autora “A edição é o momento em que o jornalista tece, pinta, esculpe, é realmente um momento de arte. Aproveite esse momento, faça - o com prazer.”