quarta-feira, 13 de abril de 2011

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “Os métodos de apuração”. In: A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, Ed. Vozes, 2006, p. 67-91.

Neste capítulo de A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa, Luis Costa Pereira Junior inicia com uma retrospectiva acerca das posturas tomadas por alguns jornais paulistas em 11 de setembro de 2001. Visto que os atentados nos Estados Unidos causaram impacto em todo o mundo e não havia informações concretas, mesmo de fontes seguras, Pereira Junior afirma que “naquele 11 de setembro, rumores tomariam consistência de fatos” (p. 68). Foi uma ocasião na qual o jornalismo impresso brasileiro ficou restrito quase que totalmente a informações oriundas da televisão ou de agências internacionais de notícia.

É por meio desse exemplo que o autor introduz seu argumento de que noticiar é selecionar fatos para legitimar um sentido. “A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações” (p.71), de modo que o jornalista não deve transferir dúvidas a seu público. Pereira Júnior afirma que o jornalista precisa apurar cada contradição entre as fontes, até que só exista um relato em que se possa confiar (p.72). Cada afirmação presente nas matérias deve estar, portanto, devidamente verificada e respaldada.

Num tópico intitulado “Incerteza e solidez”, o autor aponta que o levantamento de informações dependerá do compromisso do jornalista com a visão plural de cada acontecimento. A chamada visão plural seria a conjugação do nível de incerteza (a consciência de como os resultados são frágeis) e a necessidade de solidez das informações. O autor diz ainda que dessa forma, a conduta do jornalista só poderá ser a de quem busca uma única e exclusiva “verdade”.

Pereira Junior defende que os métodos de apuração nas redações não são universais ou padrões. “Os métodos são em geral informais e localizados, nem sempre generalizáveis e aprendidos por osmose, na base da tentativa e do erro, raramente transmitidos por editores ou faculdades” (p. 74), assinala. O autor ressalta que é necessário, ainda, que exista uma disciplina na verificação dos fatos, para minimizar os efeitos das incertezas jornalísticas. Para isso, deve ser feito um planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.

Para o autor, o planejamento, que vai desde a elaboração da pauta até a pós-produção com a redação e produção visual da reportagem, facilitaria a apuração jornalística. E é neste tópico que se insere a análise estratégica das fontes, que busca abordá-las por vários critérios – a exemplo da ordem de importância e de crítica. Como exemplos de métodos da revisão do material apurado e das informações editadas (já no fechamento), Luís Costa Pereira Junior cita uma “lista de checagem”, que pode ser usada por alguns editores, e um sistema americano chamado de “edição ética”.

Por Thais Borges 

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