quarta-feira, 13 de abril de 2011

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa”. P. 67-91

No capítulo 3 do livro “A apuração da notícia- Métodos de investigação na imprensa” o autor Luiz Costa faz uma abordagem sobre a necessidade de apuração das notícias antes da veiculação e sobre os métodos que fazem parte dessa apuração. O capítulo começa citando o ataque terrorista acontecido em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A dimensão do acontecimento juntamente com a necessidade urgente de transmitir o que estava acontecendo para o resto do mundo gerou uma instabilidade nas redações, a velocidade com que as informações chegavam, a imprecisão dos fatos e a necessidade de divulgação imediata favoreceram os erros na divulgação dos fatos, além da pressa e da confiança em determinadas fontes consideradas confiáveis. Desse modo, o autor começa a falar sobre a construção do sentido de uma notícia. É impossível contar a realidade de forma integral, ou seja, o sentido da realidade é construído a partir da seleção de fatos e essa seleção é feita a partir do jogo de versões seguido da apuração desses fatos.

O papel do jornalista é traduzido como aquele que busca “uma única e exclusiva verdade”, ou seja, a apuração, a redução das incertezas e a busca por informações sólidas constituem os principais pontos da construção dessa “Verdade”. O que distingue a literatura do jornalismo é justamente a apuração de informações, a investigação dos fatos. Porém, o espaço entre o acontecimento de um fato e sua publicação gera algumas divergências quanto aos critérios de checagem de informação. De acordo com o autor, apesar das convenções sobre a determinação dos fatos, faz-se necessário um sistema que vise testar a confiabilidade da interpretação jornalística, mas considera ainda que por conta da própria natureza da atividade jornalística o processo de apuração se torna impreciso. “O produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória”, acrescenta.

O processo de investigação demanda uma série de recursos que nem sempre estão disponíveis para os jornalistas, dessa forma, a apuração acaba por se constituir como um saber empírico e não sistemático. A rotina de apuração dos fatos acabou por estabelecer um processo de edição que tem por objetivo verificar, ou seja, reduzir as incertezas próprias do jornalismo. Esse processo compreende o planejamento da apuração, a revisão do material apurado e a revisão das informações editadas.

Ao planejar a apuração das notícias, deve-se levar em conta uma série de etapas para a investigação. A elaboração da pauta é o primeiro passo para apurar. Segundo Pereira, deve haver uma sondagem inicial, que cria uma base de informações que sustentam a investigação. Além da elaboração da pauta faz-se necessária a formulação de um plano de ação que ajuda a organizar o que, de fato, a reportagem quer dizer. A pré-produção da matéria é outro ponto chave na apuração. Antes de a matéria ser produzida, as fontes que serão utilizadas devem ser organizadas de maneira estratégica. Essa organização abrange a hierarquia da autoridade, a produtividade e a credibilidade das fontes. Além desses fatores, as fontes devem ser abordadas também de maneira estratégica, de acordo com sua importância e considerando a ordem crítica, de acordo com o assunto.

A produção da matéria vai desde o contato com as fontes até a checagem de todas as informações, ou seja, é o momento propício para o repórter detectar e corrigir possíveis erros na pauta, abrir espaço para novas informações e validar todas as informações com pelo menos duas outras fontes.

O processo de revisão do material apurado é, portanto a última oportunidade de correção da matéria. Para checar essas informações de forma prática, a Associação Norte-americana de Editores e Jornais (ASNE) sistematizou uma lista de checagem que foi traduzida pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ). A criação dessa lista de checagem permite ao editor ter maior controle sobre o material apurado pelo repórter.

O momento de fechar a matéria não é tão simples quanto parece, o editor precisa testar a apuração da sua equipe, dessa forma, precisa fazer uma avaliação e edição céticas de todo o material apurado. Esse processo tem por objetivo avaliar todas as linhas, declarações e afirmações contidas na matéria, a fim de remover todo e qualquer erro presente na matéria final, é uma avaliação precisa dos fatos.

Nenhum comentário: