terça-feira, 12 de abril de 2011

PEREIRA Junior, Luiz Costa. A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2006. P.67-91.

A cobertura de determinados jornais brasileiros ao ataque terrorista no World Trade Center, em 11 de setembro de 2001 serviu de laboratório para o jornalista Luiz Costa Pereira, autor do livro A apuração da notícia : métodos de investigação na imprensa, numa análise sobre apuração dos fatos.

O jornal Agora São Paulo estampou que 10 mil pessoas morreram no acontecido, a Folha, O Globo e Estadão noticiaram 6 mil vítimas, sendo que o número exato foi divulgado um anos depois: 3.025. Com tais exemplos, o ensaísta introdução o terceiro capítulo do livro, que mostra ao leitor os métodos utilizados para um jornalista não cometer erros no desenrolar de sua pauta. Depois da introdução, ele expõe declarações dos editores dos jornais citados, onde eles relatam como as notícias daquele fato que parou o mundo, eram conseguidas. Diz que as citações “circulam rumores” ou “tudo indica” eram encontradas constantemente nas reportagens daquele dia.

Fala sobre o papel do jornalista de organizar e escolher o que será noticiado. “A realidade não pode ser contada aos outro por inteiro, noticiar é selecionar fatos e organizar sentidos” (p.70). Enfatiza que o desafio do repórter é encontrar evidências soterradas nas camadas de versões, procurar certezas em situações de incerteza.O jornalista é remetido ao papel de processador de camadas, de investigador de outras versões, pois ele é a testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso. “A notícia é construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações” (p.71).

Sobre o rigor da apuração é dito que deve ser feita a partir de uma premissa muito simples: cada afirmação, só deve ser mantida depois de respaldada. Afirma que a conduta de um jornalista deve ser de quem busca uma única e exclusiva “verdade” e que não se deve acreditar piamente na boa-fé das fontes, pois podem mentir de propósito ou por acreditarem que estão dizendo a “verdade”.

A apuração é tida pelo autor como a espinha dorsal do trabalho jornalístico e que o ato de apurar envolve tanto a retórica quanto a ética e a técnica, pois o produto do trabalho é sempre uma combinatória.

Diz que investigar é caro, demanda tempo e esforço. Os jornalistas são tidos como vítimas dos manuais de jornalismo, cuja ênfase recai da pedagogia do estilo, não da apuração. Sofrem as tentações da internet, com o acesso fácil a dados sem que se faça investigação, e das assessorias de imprensa, que mastigam informação para Redações despovoadas e sobrecarregadas.

Disponibiliza três momentos para que se possa testar a disciplina de verificação adotada numa reportagem: 1. Planejamento de apuração, 2. Revisão do material apurado, 3. Na revisão das informações editadas.

O livro mostra uma esquematização em quatro fases, etapas que o jornalista deve seguir para uma boa linha de apuração. Esse quadro foi apresentado pelo colombiano Daniel Samper, em 1991. FASE 1 – Elaboração da Pauta; FASE 2 – Pré-Produção; FASE 3 – PRODUÇÃO e FASE 4 – Pós-produção.

ELABORAÇÃO DA PAUTA: A sondagem inicial: Segundo o autor é a apuração preliminar, a exploração das fontes, documentos e publicações, numa pesquisa prévia à formulação da pauta. A pauta propriamente dita: Pauta não é tema, é aquilo que será levado ao público sem que ninguém tenha pensado em fazê-lo ou percebido. Após a sondagem inicial, um bom apoio para a formulação da pauta é o plano de ação com o qual se espera obter informações e ajudar organizar o que a reportagem quer mostrar.

PRÉ-PRODUÇÃO: Análise estratégica das fontes: Segundo Traquina, os jornalista usam alguns critérios para avaliar as fontes: 1. Hierarquia da autoridade – dificilmente gerará desconfiança a informação dada por alguém de prestigio ou de alta posição social. 2. Produtividade – Fontes institucionais geralmente fornecem materiais muitas vezes suficientes para uma notícia, poupando tempo e esforço. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar. 3. Credibilidade - Fontes devem ser confiáveis que a informação fornecida por elas exige o mínimo possível de controle. Por fim fazer uma análise por ordem de importância e crítica do que foi recolhido como material.

PRODUÇÃO: Checagem da Informação: O jornalista não pode concentrar-se com apenas um (ou poucos) dos diversos aspectos possíveis da história. É preciso validar a informação com pleno menos duas outras fontes. O repórter não pode bancar uma afirmação sem confirmá-la. A pressa não é desculpa de má apuração.

Segundo o autor: “Uma reportagem pode nos contar muito sobre o trabalho que foi fazê-la. Assim que escrita, um editor pode fazer um tira-teima das informações apuradas e checar a validade do que é notícia” (p.88). Por fim, exibe uma lista de checagem com questionamentos que analisam o conteúdo do material feito. Exemplo: As informações do lide estão suficientemente respaldadas? As informações de pesquisa estão completas?

Nenhum comentário: