terça-feira, 12 de abril de 2011

Resumo - Luiz Costa Pereira Júnior

RESUMO

Livro: “A apuração da notícia – Métodos de investigação na imprensa”
Autora: Luiz Costa Pereira Junior
Parte do livro: Os métodos de apuração – Capítulo 3
Aluna: Nathália M. C. Mattos

O capítulo 3 do livro “A apuração da notícia” trata dos métodos utilizados para apurar a realidade que será noticiada. Para isso, apresenta teorias de autores que exemplificam como apurar a realidade, para que as notícias sejam confiáveis e os jornalistas consigam exercer os desafios da profissão.

O primeiro exemplo utilizado é o atentado ao World Trade Center, com a queda de um avião em Pittsburgh, na Pensilvânia, que desestabilizou o planeta. O exemplo vem ao caso, pois, o número de vítimas somente foi anunciado corretamente um ano depois do ocorrido. A Imprensa americana não conseguia ter esse domínio e para amenizar a imprecisão dos dados, algumas fórmulas eram utilizadas pelos jornalistas: “circulam rumores”, “tudo indica”.

Dessa maneira, cada veículo criou suas estratégias para relatar os fatos em meio a quantidade enorme de informação desordenada. Em alguns casos, como esse dos E.U.A, mesmo sem ter os dados mais precisos, a exatidão se torna menos importante do que a necessidade de relatar o que está acontecendo em alguma parte do mundo.

Um desastre, como o do World Trade Center, provou aos jornalistas que um relato humano e próximo pode ser mais importante do que a exatidão de dados numéricos. Os dados divulgados não eram reais ou falsos, eram os disponíveis naquele momento.

O autor afirma que no jornalismo construir sentido é reduzir incertezas. Na opinião dele o atentado de 11 de setembro deixou mais do que evidente que a busca pela “verdade dos fatos” é no fundo pela legitimação de um sentido.

Ele define o desafio do repórter como: o de encontrar evidências soterradas em camadas de versões, de procurar certezas, pois, segundo ele, o jornalista não é só testemunha daquilo que o leitor não pode ter acesso, ele é um processador das camadas verificáveis da realidade.

O que distinguirá os jornalistas são os critérios que não os deixarão serem levados por falhas de percepção, pela rotina produtiva e pelo engano das fontes.

Jean Baudrillard afirma que “na medida em que não é desmentida, uma notícia circula como provável”. Por isso, o cuidado deve ser redobrado nessa profissão de relatar fatos para a sociedade.

O jornalista tem a função de apurar cada contradição entre as fontes, até que a incongruência de versões seja descartada e reste só um relato em que se possa confiar. Deve ser feito um check list das informações, eliminando o que não for confirmado por mais de duas fontes, segundo a tradição de Washington Post.

O repórter deve ter compromisso com a visão plural que se conjuga de dois fatores: o nível de incerteza (a consciência da fragilidade dos resultados) e a necessidade de solidez (saber o quanto o destinatário deseja determinada informação para posicionar-se).

Alguns aspectos são destacados no capítulo como necessários durante a apuração: a honestidade, o rigor na verificação, a desconfiança diante de toda fonte de informação com que nos deparamos.

Para Pereira, a espinha dorsal do trabalho jornalístico é a apuração de informações e a investigação.

Já para os autores Bill Kovach e Tom Rosentiel, embora a profissão tenha desenvolvido várias técnicas e convenções para determinar os fatos, pouco tem feito para desenvolver um sistema para testar a confiabilidade da interpretação jornalística.

Alguns aspectos negativos do cotidiano do jornalista são enumerados: realidades nem sempre verificáveis, por constatações duvidosas, fatos sem testemunho direto, press releases farsantes, histórias plantadas, títulos criados antes da matéria existir, horários de fechamento curtos, Redações enxutas, profissionais sobrecarregados.

Dessa maneira, o autor afirma que o produto do trabalho jornalístico é sempre uma combinatória.

Investigar é caro, demanda tempo e esforço e a lógica dos investimentos é geralmente voltada para a modernização tecnológica e a infraestrutura, menosprezando muitas vezes a produção do conteúdo qualificado. Existem as tentações da era da internet que proporciona facilidade na obtenção de dados, sem que se faça a investigação, além das assessorias de imprensa que mastigam informações.

A apuração de informações implica em uma determinada seqüência de procedimentos, coincidentes em autores e jornalistas distintos. Existem três momentos em que se pode testar a disciplina de verificação adotada em uma reportagem: planejamento da apuração, revisão do material publicado e na revisão das informações editadas.

Resumo - Daniel Samper (1991) serve como uma espécie de roteiro:


Os passos da investigação jornalística

Fase 1: Elaboração de pauta
Pista inicial + Sondagem inicial + Preparação de pauta
Fase 2: Pré – Produção
Análise das Fontes + Seqüência da abordagem
Fase 3: Produção
Confrontação de informações + Checagem
Fase 4: Pós Produção
Redação + Produção visual da reportagem + Reserva de documentação




A elaboração da pauta é definida como a exploração das fontes, documentos e publicações. É obter uma base de informações, saber a credibilidade das fontes e estabelecer a viabilidade da pauta.

Sobre a ideia de pauta, afirma-se que toda reportagem tenta dar resposta a uma curiosidade ou lançar uma hipótese sobre a realidade. Pauta não é tema, não busca confirmar o que já se sabe. Pauta que é pauta define o rumo do trabalho, o ângulo, a escolha de uma ou várias nuances do que será apurado, o recorte da realidade, sob modo novo que será abordado a questão.

Já a pré-produção é apresentada como todo o processo de avaliação das fontes, a obviedade nem sempre óbvia de que os fornecedores de informação são pessoas e instituições que defendem seus interesses acima de tudo.

O capítulo traz também definições da hierarquia de autoridade, produtividade e credibilidade, como veremos a seguir.

Hierarquia de autoridade – fontes oficiais ocupam posições institucionais de autoridade que segundo Traquina, são ouvidas “mais pelo que se é do que pelo que se sabe’.

Produtividade – fontes institucionais fornecem material muitas vezes suficiente para uma notícia. A produtividade é a quantidade e a qualidade de informação que uma fonte pode dar.

Credibilidade – entrevistados que em outras ocasiões forneceram fatos confiáveis, tem maior chance de continuarem a ser acessadas pelo jornalista, até virarem fontes regulares.

O risco de privilegiar fontes por tais critérios é o da dependência dos canais de rotina. É preciso muito cuidado para não cair no círculo vicioso da hierarquia rígida entre as fontes de informação. Para evitar o ‘jornalismo declaratório’ que se satisfaz com depoimentos de celebridades, políticos e empresários.

Não há sistema de abordagem de fonte que seja infalível.

Para Pepe Rodríguez alguns tipos de abordagem podem auxiliar o jornalista:

• Abordagem por ordem de importância: repórter deve documentar-se ao máximo, abordar as fontes de menor para a de maior importância informativa, pois isso amplia o conhecimento que se tem do fato e permite que se chegue melhor preparado para as outras entrevistas.

• Por ordem de crítica: iniciar pelas fontes desfavoráveis, depois as neutras e por último as favoráveis, dará parâmetros mais equilibrados para a entrevista com as fontes favoráveis.

Já a Produção pode ser denominada como a validação das informações através de no mínimo duas fontes, pois, cada apuração abre novos vazios de informação a serem preenchidos por mais investigação.

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