domingo, 10 de abril de 2011

Notas Gerais sobre entrevistas, um resumo. (pág.59 à 68)

Em oito páginas, Stella Caputo se propõe (e o faz com êxito) a enumerar quinze coisas que não podemos esquecer quando entrevistamos. O texto é leve e seguimentado em trechos com acontecimentos específicos, que são explicados e exemplificados.

Nota-se que uma das grandes preocupações da autora é a defesa da ética no lidar com a fala de pessoas. E sabe-se que as falam podem ser manipuladas, premeditadas, mal interpretadas e até inventadas pelo entrevistador. Por isso, é preciso elaborar com cuidado as perguntas e fazê-las, já que é comum ver jornalistas, já na redação, constatarem que se esqueceram de perguntar isso ou aquilo e simplesmente inventarem falas e até pessoas para salvarem sua pauta.

Práticas como essas, colocam à prova a credibilidade do jornalista, esse capital simbólico tão importante na relação entrevistado-entrevistador-leitor. Numa entrevista não existe só o repórter perguntando e uma pessoa respondendo. O leitor também está ali, presente na voz do jornalista, que deve reconhecer esse duplo papel. Cabe ao ele se esforçar para elaborar perguntas que seriam feitas pelos seus leitores se estivessem no seu lugar de entrevistador.

Essas perguntas devem ser feitas de modo que o jornalista não tente parecer mais inteligente ou até mesmo detentor das ideias do próprio entrevistado. É importante deixar claro as referências e fontes usadas na entrevista, que ajudarão o leitor na busca posterior de mais informações sobre o assunto.

O mesmo cuidado deve ser dispensado na coleta dos relatos. Não é recomendado confiar na memória e não anotar as declarações. O uso do papel e caneta para matérias diárias é admitido, mas é com o gravador que a entrevista vai poder ser ouvida por mais vezes e as palavras serão fieis ao que foi dito. Coletadas as declarações, o jornalista decide se transcreve tudo para o papel e só depois edita ou se já edita diretamente ao escrever. Editar pode ser um processo doloroso já que ao escolhermos um determinado trecho, estamos excluindo outro, numa prática que a autora chama de “arte de cortar bem”, mas é necessário.

Por fim, Stella explica princípios mais simples como a escolha do título, que ela geralmente faz usando uma boa frase dita pelo entrevistado que sintetize o espírito da entevista e o ‘olho’, frase importante que vai ser destacada numa parte da página.

Das quinze normas enumeradas, a mais importante talvez seja o amor que deve cercar o ofício de entrevistar. É preciso amar conversas, pesquisas e principalmente, amar ouvir o outro. Amando essas três práticas, se construirão boas entrevistas.

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