domingo, 1 de maio de 2011

BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê - Porto Alegre : Arquipélago Editorial, 2006. 208p.

O livro de perfis de Eliane Brum, A vida que ninguém vê, tem uma leitura fácil e direta. Com histórias das mais variadas, a autora mostra aos leitores casos de pessoas, animais, gestos ou objetos que realmente garantem uma boa leitura. Com aspectos melodramáticos, Brum tem olhos perfeccionistas de tudo que se passa ao redor do(s) protagonista(s) de seus textos.

A autora faz seu papel diante o título do livro: mosta a vida que ninguém vê, que passa despercebida na correria diária. Traz história desconhecidas e rápidas que prendem a atenção. O livro pode ser lido rapidamente na dependência da disponibilidade do leitor que mergulha, folha por folha, nos 21 perfis na publicação da Editora Arquipélago. A obra é uma coleção das crônicas que Eliane produziu para o jornal Zero Hora de Porto Alegre, em 1999 e que lhe rendeu o Prêmio Esso de Jornalismo –Regional Sul.

Alguns perfis que mais chama atenção é “O Cativeiro” (p. 52) que retrata o cotidiano de alguns animais no zoológico, focando num macaco, que ficam trancafiados sua vida inteira para serem vistos pelas pessoas que por ali passam, sem poder aproveitar a liberdade que muitos animais racionais gozam.

“Enterro de Pobre” (p.34) é um dos mais dramáticos. O homem que vê o seu anjinho (assim são chamados no interior os recém-nascidos que falecem) morrer. Narra à trajetória desse homem triste que tinha acabo de enterrar um filho sem nem mesmo o rosto conhecer. Sem falar da dificuldade de manter vivo os seus outros quatro filhos.

Já em “Sinal Fechado para Camila” (p.124) Brum narra a história de uma jovem menina que tira o dinheiro de sua sobrevivência pedindo esmolas num semáforo, uma realidade escancarada no Brasil. Umas das partes mais interessantes da crônica é o que se refere a nossa reação no sinal vermelho, esperando aparecer o de seguir. “Você rezando para que o sinal mude de cor, fique verde, não de esperança, mas verde de fuga. Sinal livre para escapar do rosto da menina grudada na janela. Sujando seu patrimônio. Obrigando-o a tomar conhecimento da miséria dela”.

O livro de Brum mostra realmente aspectos da sociedade, uma generalização de vertentes sociais que podem ser mostrada num simples desenrolar de uma narrativa. O que mais impressiona é a escrita duma leitura atrativa. Eliane Brum, hoje na Época, é uma excelente contadora de história.

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