quarta-feira, 20 de abril de 2011

Resumo: SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. São Paulo: ed. Contexto, 2003.

Jornalismo de Revista, da jornalista Marília Scalzo, discorre sobre essa vertente do ramo jornalístico que, segundo a autora, “tem foco no leitor – conhece seu rosto, fala com ele diretamente. Trata-o por 'você'” (p. 15). As revistas, contrapondo-se aos jornais, não têm origens partidárias, mas são provenientes do entretenimento – e hoje apresentam, sob uma ótica generalizada, uma mescla entre informação e entretenimento. Scalzo afirma que o jornalismo de revista bem-sucedido é marcado pela segmentação, que proporciona ainda mais proximidade com o leitor, podendo responder, mais facilmente, seus questionamentos e anseios. Para tanto, a autora ainda traz uma breve história da evolução das revistas do Brasil.
Scalzo defende que as revistas se comunicam diretamente com o leitor, conhecem bem o seu público e as suas preferências, de modo a adquirir uma crescente intimidade. “Enquanto o jornal ocupa o espaço público, do cidadão, e o jornalista que escreve em jornal fala sempre com uma platéia heterogênea, muitas vezes sem rosto, a revista entra no espaço privado, na intimidade, na casa dos leitores.” (p. 14).
Ao longo da obra, a autora aponta que nem sempre o sucesso de vendas é suficiente para que uma revista permaneça sendo publicada, a exemplo da revista Realidade, que é o seu ponto de partida para o estudo, e da americana Life. Ao designar todo um capítulo para discorrer sobre o mercado de revistas, Scalzo ainda defende que as revistas não devem depender somente de receita publicitária, já que os modelos mais focados na circulação (seja com assinantes, seja com a venda em bancas) têm os resultados mais satisfatórios na Europa, ao passo que o modelo estadunidense, seguido no Brasil e fomentado pelos ganhos em publicidade, tem se mostrado insuficiente frente à crise que as revistas têm sofrido nos últimos anos.
O surgimento de novos meios e tecnologias, segundo autora, “provocará transformações nos [meios] que já existem, mas o certo é que eles conviverão entre si, cada um descobrindo o seu devido lugar junto ao público.” (p. 50). Scalzo afirma, então, que os meios de comunicação, inclusive as revistas, têm de descobrir seus caminhos e seus novos espaços neste novo contexto. As revistas não devem tentar copiar modelos de outros meios e oferecer inovações que são direcionadas para outras vertentes. A autora sentencia: “Na concorrência difusa entre os meios, o segredo é ser o que se realmente é. No caso, o segredo é ser ‘revista’.” (p. 52).
Para ser uma boa revista, seria necessário um plano editorial e uma missão definida – assim o foco no leitor (apontado como o principal no jornalismo de revista) será mantido. Scalzo aponta tópicos importantes para a construção de uma boa revista, sendo estes: a capa, que precisa ser o resumo da edição, e mostrar-se atrativa; a escolha acertada da pauta, que deve ser diversificada e equilibrada, já que a pauta é uma das responsáveis por expressar a “voz” própria da revista; o design da revista, que vem precedido do axioma “design de revista não é arte”, mas informação e artifício para tornar a revista mais fácil de ser lida; as fotografias, que seriam as principais portas de entrada dos textos para os leitores, numa página; a infografia; e, por fim, um texto que supra as necessidades do leitor de informação, cultura e entretenimento – sendo, principalmente, prazeroso e inovador.


Por Thais Borges 

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