quinta-feira, 21 de abril de 2011

SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. São Paulo: Contexto, 2004. (Coleção Comunicação)

O livro Jornalismo de Revista de Marília Scalzo faz trata sobre a história, a evolução e as características do jornalismo em revistas. Além disso, discute sobre a técnica e a ética jornalística nas revistas.

Scalzo defende a fusão de “entretenimento, educação serviço e interpretação dos acontecimentos” (p. 14) nas revisas. Contudo, mais importante do que essa união, as revistas precisam conhecer precisamente seu público, caso contrário vive pouco. Outra preocupação, segundo a autora, deve ser especificar o seu público, pois “quando atigem públicos enormes e difíceis de distinguir, as revistas começam a correr perigo” (p. 16).

O histórico das revistas é abordado no segundo capítulo. A primeira publicação que considera-se uma revista surgiu em 1663 na Alemanha e era sobre Teologia, mas ainda tinha um formato de livro e não usava essa denominação. O nome revista aparece em 1704 na Inglaterra, já o formato vem um pouco mais tarde em 1731 também na Inglaterra. O negocio das revistas surgem com o avança técnico da Indústria Gráfica. A primeira revista semanal de notícias só surge em 1923.

No Brasil, a primeira revista aparece em 1812 em Salvador. Em 1822 a revista “Anais Fluminenses de Ciência, Arte e Literatura” mostra uma nova preocupação da elite brasileira que, recém independente, precisava de engenheiros, médicos e outros profissionais liberais. Essa mudança leva ao surgimento 1ª revista especializada do país em 1827. No início do século XX há o lançamento de vários títulos que tratavam, na sua maioria, de variedades ou cultura. A partir da década de 1920, surgem revistas que obtêm grande sucesso editorial tais como “O Cruzeiro” (1928), “Gibi” (revista em quadrinhos de 1939 que tornou-se metonímia para o género), “Manchete” (1952), “Visão” (1952), “Realidade” (1966), Veja (1968).

Para Scalzo, o que diferencia as revistas dos outros meios é o contato com o leitor, escutá-lo periodicamente, observar o que ele lê e o que ele passa em cada edição. O tamanho também é um aliado, a revista pode ser transportada facilmente para qualquer lugar; a periodicidade que permite um texto mais profundo, crítico e analítico.

A autora coloca que o mercado de revista tem sofrido com a crise assim como todos os outros meios. A disputa por anunciantes tem abalado o modelo comercial tradicional, em que muito da receita da publicação vem dos anúncios. Investir nas classes C e D, que entraram no mercado consumidor com o Plano Real, tem sido uma estratégia usada por algumas editoras. Outras preferem dar um foco preciso às publicações, que ao falarem com públicos mais específicos tiveram êxito. Com a popularização da internet, pensou-se que ela poderia extinguir todos os outros. Isso se mostrou incorreto, hoje o que se acredita é que todos os veículos devem circular no seu suporte original e está na internet. Já em relação ao debate entre jornalismo e entretenimento nas revsitas, Scalzo é categórica: “recorrendo-se à história, o que se percebe é que o entretenimento (além da educação e do serviço) é uma das vocações mais evidentes do veículo revista, a partir de sua própria origem”.

Para a autora, um bom jornalista de revista é aquele que, em primeiro lugar, não escreve para si, pensa no que é relevante e importante para o leitor. Ela também defende que a especialização pode ser um problema, pois assim o jornalista pode deixar perder a noção de qual o nível de conhecimento do leitor sobre o assunto abordado. Já em relação à revista, como um todo, Scalzo afirma ser necessário seu projeto gráfico e editorial evoluam junto com o leitor; que a capa “precisa ser o resumo irresistível de cada edição”, pois é ela que vende a revista; as pautas precisam ser pensadas de acordo com a periodicidade, não adianta edições mensais apenas noticiar elas precisam analisar, o como de lead clássico é o que ser mais aprofundado; o design, as fotos e os infográficos são tão importantes quanto o texto, chamam o leitor para dentro a matéria; o texto sempre deve ter o tom certo para o leitor, isso depende do foco da revista.

Sobre a isenção e objetividade jornalística, a autora Admite que nenhum jornalista conseguirá ser totalmente objetivo nem isento devido a sua formação cultural, política, moral. Já com sobre a credibilidade do veículo e a sua relação com os anunciantes, o que envolve a redação e o setor comercial, Scalzo afirma que é papel desde último está em contato com a redação para saber das pautas da próxima edição e buscar anunciantes interessados. Qualquer ação mais invasiva do que essa, torna a relação complicada e conflituosa.

Para concluir o livro, a autora usa o exemplo da “Caprinho” para explicar, nas prática, as ideias apresentas no livro. Ela explana de forma geral as diversas mudanças que essa publicação passou até a década de 1990 e narra com detalhes com foi a sua experiência no processo de reposicionamento editorial da revista de 1990 a 1992.

Por Marcelo Argôlo

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