quarta-feira, 20 de abril de 2011

SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. São Paulo: Contexto, 2003.

Marília Scalzo começa o livro com uma pergunta: “Porque as revistas existem, abrem e fecham?”. A partir dessa pergunta retórica, ela aprofunda os conceitos de revista, quais as suas funções – em comparação com outros veículos-, exemplifica na história casos de revistas que fecharam e o motivos de isso ter acontecido.
Ao conceituar revista, a autora conclui que nenhuma definição abrange todo seu universo. Uma característica, porém, considera comum: a afinidade com o leitor. Ela cita um autor espanhol, Gabriel García Márquez, o qual enuncia que a melhor notícia não é a que se dá primeiro, mas a que se dá melhor. Essa frase caberia bem para entender as revistas como veículos que aprofundam as informações já dadas em primeira mão.
Marília também conta que as primeiras revistas a serem publicadas tinham “cara” de livro, mas já deixavam claro algumas características: destino a públicos determinados e interesse de aprofundar assuntos. No decorrer do século XIX, a revista começou a ocupar um espaço intermediário entre o jornal e o livro, por conta do específico nível de profundidade da informação.
O caso da norte-americana Life é usado para exemplificar os ciclos de vida de uma revista. Esse veículo, conta a autora, foi vítima do próprio gigantismo. O grande sucesso que alcançou fez com que o custo da impressão e os gastos postais fossem além do que a revista poderia pagar.
O Capítulo A Evolução das revistas no Brasil monta um panorama desde a primeira publicação, As variedades ou Ensaios da Literatura, em 1812, até o contexto contemporâneo. A revista Cruzeiro se revelou um fenômeno editorial na sua época, 1928, com grandes reportagens e a atenção ao fotojornalismo. Depois, no mesmo gênero, surge a Manchete, em 1952, e a Realidade, já citada, surge em 1966. A revista Veja, lançada em 1968, aos moldes da estadunidense Time, é a única semanal de informação no mundo que lidera as vendas do seu país, pois em outras nações as revistas de TV assumem esse posto.
Para ser um bom jornalista de revista seria preciso ter noção de linguagem visual. Além disso, o design da revista deve ter o fim de comunicar, não de expressar arte. Portanto, o designer também deveria pensar a revista como uma publicação específica. Assim, o trabalho em grupo entre designers e jornalistas pediria um entendimento mútuo.
A autora deixa bem claro uma função determinada deste tipo de veículo: entretenimento. Seria preciso escrever para “deixar o leitor feliz”, portanto, mesmo ao informar, a leveza do texto deve ser mantida.
Marília cita Carlos Soria, o qual enuncia que ética é igual à qualidade de informação. Essa premissa permitiria inferir que uma informação bem apurada, analisada e checada tende a ser fruto de um processo que respeitou princípios éticos. A ética, não seria, portanto, um limite e sim uma aliada da boa reportagem.

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